Crítica: “Transformação” expõe o coração da mulher através do corpo

“Fascinado pelo contraste entre a porcelana, tão vívida e alerta, e o vidro, tão contemplativo e calado, ele se perguntou, pasmo e perplexo, como os dois tinham vindo a existir no mesmo mundo, para plantar-se, além do mais, no mesmo cômodo, na mesma estreita faixa de mármore. Mas a pergunta permaneceu sem resposta.” Virginia Woolf

Transformação é a segunda exposição de Raquel Albernaz

Segunda exposição de Raquel Albernáz, “Transformação” propõe início, meio e fim e, ao mesmo tempo, possui trajetória circular como os corpos das mulheres esculpidas em bronze e mármore. A primeira característica guarda-se nos textos que acompanham as obras e que, longe da tradição explicativa, trazem para o espectador justamente o complemento da poética instaurada. São frases de reflexão, existencialistas e, para além de afirmar, revogam a dúvida em favor da contemplação e da sabedoria inerente ao curso inefável da existência. Daí que as curvilíneas mulheres apontam para o movimento externo sempre calcado numa ebulição – por mais que serena – interior. Têm alma as personagens de Raquel Albernáz, que com o corpo seduzem para dentro de si.

A capacidade de Raquel em tornar vivas essas mulheres advém, provavelmente, de percepção melhor explicada por ela mesma: “atenta ao real, mas despreocupada com o realismo. Gosto de imagens leves, de viajar nas formas”. Desta abordagem podemos importar duas comparações com outras artes; em primeiro lugar o teatro dialético de Bertolt Brecht que considerava encontrar a verdade justamente na negação da tentativa de cópia, cujo resultado era preponderantemente algo caricato, ou seja, a força real do teatro reside em afirmar-se teatro, tal como nas artes plásticas, daí sua impressão, daí seu impacto. Ver uma mulher esculpida em pedra não é ver uma pedra esculpida em mulher. Em segundo lugar a questão da forma, pois ao observar as peças de Raquel Albernáz é impossível não se envolver como numa dança.

Serviço
Exposição de Raquel Albernáz – Transformação
Data: 22 de setembro a 4 de novembro de 2016.
Local: Museu Inimá de Paula (Rua da Bahia, 1201, Centro) – 2º andar.
Horários: terça, quarta, sexta e sábado das 10h às 19h.
Quinta, das 12h às 21h; Domingo das 12h às 19h. Entrada franca.

Exposição de Raquel Albernáz fica em cartaz no Museu Inimá de Paula

Raphael Vidigal

Imagens: Esculturas de Raquel Albernáz.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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