Paralimpíadas do Rio 2016: 3 músicas brasileiras sobre superação

“que o meu coração esteja sempre aberto às pequenas
aves que são os segredos da vida
o que quer que cantem é melhor do que conhecer
e se os homens não as ouvem estão velhos ” e. e. cummings

Paralimpíadas do Rio de Janeiro 2016

Que o povo brasileiro supera suas dificuldades não é novidade, que ele as supera com ginga, ritmo e determinação, menos ainda. No país do samba e do futebol, música e esporte provam que podem ir além das modalidades-padrão, e, mais ainda, da maneira como as enxergamos. O melhor exemplo são as Paralimpíadas disputadas no Rio de Janeiro neste ano de 2016. Fica claro para quem assiste ou participa dos jogos de basquete em cadeira de rodas, handebol e atletismo para cegos, canoagem, salto, vôlei e tantas, mas tantas outras, que o limite existe, mas é inventado. Com Adoniran Barbosa, Raul Seixas e Gonzaguinha embalamos a superação de nossos melhores atletas.

Aguenta a mão, João (samba, 1965) – Adoniran Barbosa e Hervé Cordovil
Novamente o pano de fundo social estabelece o enredo para que Adoniran Barbosa e Hervé Cordovil componham a história de “Aguenta a mão, João”, samba de 1965. A música conta os percalços porque passa o protagonista depois de uma enchente, ao que os compositores advertem: “não reclama, pois a chuva só levou a tua cama/não reclama, guenta a mão, João/que amanhã tu levanta um barracão muito melhor”. Além do uso de gírias paulistanas, características do modo de compor de Adoniran, ao final a canção é coroada com uma das mais repetidas expressões nacionais, um dos ditados que melhor exemplifica o cotidiano da grande maioria dos brasileiros: “Com uma mão atrás e outra na frente”. Foi lançada por Adoniran e regravada, depois, com Djavan.

Tente Outra Vez (balada, 1975) – Raul Seixas, Paulo Coelho e Marcelo Motta
Raul Seixas sempre foi um artista místico, mas essa característica atingiu seu pico quando do encontro com Paulo Coelho. Foi ao lado dele e de Marcelo Motta que o “maluco beleza” compôs um dos hinos mais emblemáticos da carreira, um louvor à fé e à não desistência. “Tente Outra Vez”, balada de 1975, lançada no disco “NOVO AEON” sublinha, sobretudo, a força de continuidade inerente à vida, presente na natureza e, por conseguinte, à condição do homem. Foi com versos embebidos numa melodia de teor religioso que Raul, cuja canção é, ainda hoje, muitas vezes ligada ao universo da autoajuda, criou uma das músicas mais espirituosas de seu repertório, em todos os sentidos. “Tente Outra Vez” já diz por si só, no título, o recado da vida. Foi regravada por Sandra de Sá, Barão Vermelho, Chitãozinho & Xororó, e etc.

E vamos à luta (samba, 1980) – Gonzaguinha 
Durante a sua trajetória, Gonzaguinha conviveu com a pobreza na favela, problemas de saúde como as duas tuberculoses que teve, e a falta de liberdade imposta pela ditadura. Apesar disso, deu um jeito de driblar as armadilhas para conquistar o que achava que tinha direito. “E vamos à luta” é talvez o samba mais animado, emblemático e contagiante de sua obra. A música é um recado otimista de persistência e coragem direcionado aos brasileiros que batalham seu lugar ao sol diariamente, com espaço para uma fezinha especial na juventude. Através dos versos esfuziantes da canção, Gonzaguinha cultiva as delícias da união e do sonho. Gravada por ele em 1980, a música foi apresentada depois em duetos descontraídos com Alcione e Roberto Ribeiro.

Capital do Rio celebra as Paralimpíadas 2016

Raphael Vidigal

Fotos: Divulgação; e charge de DUM, respectivamente.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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