Naldo Na Veia – Amor de Chocolate

“Não adianta dar um ano novo para eles! Logo já vão quebrando!” Quino

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O mercado, frequentemente, alça e derruba teus eleitos. É preciso entender a lógica de reciclagem que impera nesse modelo. O segmento musical não foge ao controle da indústria, altamente lucrativa, do entretenimento. Ao sabor da novidade, torna-se preponderante mudar obstinadamente, elevando e pondo ao chão quaisquer tendências. Vender 25 mil cópias, levar “Disco de Ouro”, emplacar hits radiofônicos como “Exagerado”, “Chantilly”, “Na Veia”, e outros, parte deste processo.

O cantor Naldo parece e perecerá como a nova “sensação” do mercado. O adjetivo relembra nome de famoso chocolate, ao leite por fora, com recheio de morango. Tal como a comparação, o músico esbalda-se no topo das paradas, e a exemplo do citado, deverá enjoar rápido. O mercado aguenta pouco um sabor repetido. Embora haja referências, batidas, a Claudinho & Buchecha e eletrônica. O próprio Naldo aguentou e superou barra após perder o irmão, com quem fazia dupla. Há de se louvar o ato.

A fórmula do garoto é a de um funk “doce”, um hip hop de boné importado, cara de bonzinho, trejeitos enjeitados de uma “street dance” pouco agressiva, recatada, inofensiva. A malícia das letras, que extrapola a sugestão e vai “direto ao ponto”, tática recorrente na música coloquial e desprovida de sentidos oferecida a toda prova nos dias atuais, recusa igual posição no movimento dos corpos. Esses desfilam um sem número de braços musculosos, abdomens definidos, seios fartos e incrivelmente frígidos.

A apologia à juventude descontraída, exuberante, atraente é, ironicamente, concebida a partir do artefato da bebida alcoólica, pois está tácito para os providos “fãs ardorosos” que esta categoria de droga coloca-se uma carreira acima das ilícitas (ou do cigarro, combatido, ultimamente, com rigor). A ironia é que, provar-se-á, vez mais, daqui certo tempo, que a maioria dos que hoje cantam, a plenos pulmões, “Amor de Chocolate”, em sérios segundos estará rebolando a refrão diverso. E igualmente insólito.

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Raphael Vidigal

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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