Entrevista: A arte plural de Delia Fischer

“parti-me para o vosso amor
que tem tantas direções
e em nenhuma se define
mas em todas se resume.” Carlos Drummond de Andrade

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“Sou uma artista multifacetada, faço direção de espetáculos musicais, sou compositora e cantora. Já trabalhei como pianista, e acompanhei vários artistas. Tudo isso me influenciou a fazer e ser o que sou hoje. Não tenho nada que não me orgulhe de ter feito, embora o que me dê maior prazer seja mesmo gravar e realizar meus projetos. Todos os acontecimentos da vida me ajudaram e me amadureceram para me tornar a artista que sou hoje!”, para não precisar de legenda é a própria Delia quem se auto-define, com direito a exclamações e vírgulas. Acrescente-se o fato de ser uma carioca da gema, natural da capital carioca, sem nenhuma vocação pra monotonia. Não é força de expressão dizer que Fischer faz quase tudo. A artista apareceu na cena no final dos anos 1980.

À época, fazia parte do “Duo Fênix”, com Claudio Dauelsberg. A dupla, formada por pianistas, executava peças instrumentais, e lançou um único disco, em 1988. Depois disso Delia nasceu e renasceu muitas vezes como cantora, compositora, instrumentista e tudo mais, e já planeja, inclusive, a volta deste antigo trabalho, agora repaginado e com novo nome: FENIXDUO. Imersa nesses tempos novos, a artista tem uma boa definição para o presente momento da cultura. “O cenário atual é pulverizado, o que permite uma infinidade de gêneros e artistas habitando a rede. Vejo isso de forma positiva”, comemora. Claro que nem tudo são flores, mas Fischer, ávida pelo impulso criativo e não seu contrário adota uma posição proativa distante do comodismo.

INDEPENDENTES
“Como falei antes, a música se ampliou. Hoje grupos e artistas são independentes na sua maioria, podem produzir e distribuir na rede seu produto sem necessitar de uma gravadora, o que nos permite ter milhares de artistas na ativa e alguns realmente originais e interessantes”, considera Delia. “O lado negativo é conseguir entrar em contato, pois sendo tantos, não existe mais o grande lançamento e o produto como no formato antigo. A divulgação é menor e funciona em pequenos nichos. Isso é apenas a ponta do iceberg, ainda veremos muita mudança nos próximos anos”, prevê. Mudança, aliás, poderia ser seu sobrenome. Delia não fica parada. Recentemente, além de participar de projeto com a cantora Ana Carolina, a percussionista Lan Lan e a violoncelista Gretel Paganini, Fischer se aventurou pelos musicais brasileiros.

É ela a responsável pelos arranjos e direção musical dos espetáculos “7 – O Musical”, “Beatles num Céu de Diamantes”, “Era no Tempo do Rei”, “Milton Nascimento – Nada Será Como Antes”, “Elis – A Musical” e “Chacrinha – O Musical”, dentre alguns outros, com os quais foi indicada e saiu vencedora do Prêmio Shell de Teatro na categoria Música. Em 2015, outro desafio, com uma das peças mais conhecidas da nossa dramaturgia, “O Beijo no Asfalto”, de Nelson Rodrigues, transformada em musical por João Fonseca. Delia não se fez de rogada, como sempre, e lá está seu nome em mais uma direção musical. Atualmente, retorna as atenções para a carreira solo de intérprete. Dessa forma, a artista já lançou três álbuns, “Antonio”, de 1999, “Presente”, em 2010, e o mais recente “Saudações Egberto”, dedicado a Gismonti, de 2011.

REI
Mas as novidades não param por aí. Agora, em 2016, após colocar uma música na rede durante o período de carnaval, intitulada “Samba mínimo”, e que pode ser encontrada no Youtube, Delia anuncia outra de suas criações. Trata-se do relançamento da canção “Olha”, gravada originalmente por Roberto Carlos em 1975, uma parceria dele com o Tremendão Erasmo Carlos. Sobre a importância do ídolo, a artista sublinha: “Roberto está na ativa há mais ou menos meio século com a mesma proposta artística. Ele nunca mudou a direção, portanto, ele fala diretamente com seu público e ainda assim consegue renovar esse público, o que posso falar mais? É o Rei, né!”, aplaude. Disponível nas plataformas digitais Spotify, Google Play, Deezer, iTunes e Amazon, a versão de Fischer para “Olha” promete ganhar clipe a ser posto na rede em breve. E como sempre, vem mais por aí. Os planos para 2016? “Gravar meu disco autoral e dirigir mais um musical”, define.

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Raphael Vidigal

Fotos: Aloizio Jordão; e Divulgação, respectivamente.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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