Dúvida pertinente na música de Gabriel Fauré

“Balançou-se para a frente e para trás em uma gangorra de raiva e autocomiseração.” Truman Capote

Gabriel-Faure

Como recomeçar o que parou? . É uma pergunta ou resposta. ? Se toda afirmação é entroncamento algum questionário será bifurcação?! Gabriel Fauré, vos apresento, é um sujeito predicado pelas prerrogativas do salário, muito bom e ingênuo.

Sim ou não que uma condição abalize ou elimine a porventura outra. Embora tenha confessado em pergaminhos e partituras encontradas no chão da escada um subliminar caso amoroso. Fidelíssimo como um cão à sua esposa, as escapadas felinas criam novo odor à tal bigode de algodão-doce.

Mas hei de vos perdoar essa indelicadeza tão humana. Porque o dito cujo da coruja ou águia ou água ou gavião não pecadora ao cair da noite nas casernas do Taboão insipidamente acende a vela do caixão.

Não faço defesa do ato, nem julgo o herói um rato ou o crápula um carrasco, embora haverá de interceder a intersecção a meu favor da tabula da Távora redonda e quadrada do Rei Artur em nosso panteão cercado por distintos cavaleiros, todos armados, embriagados pelo vinho e pelo pão, carne e sangue de Jesus.

Rogo-me pragas pregas brigas sarnas sanhas e sardas no banho de manjericão, ervas e eras, cidreiras daninhas, na lua do ninho onde a minhoca socorre a fome da ave maior do menor mamífero e do réptil arrastando o inexistente no lombo do lombo da lontra da lomba lombeira dos curdos.

Colidem eclipse num frio método que ao penetrar o cachimbo respira cogumelo. Esquadrinhar a amálgama lasciva ante o contrito perfeito dos ares bailes desanuvia as tensões, o tendão, rebelião. Correm cavaleiros abandonando esposas, barris de álcool, prostitutas e guardiões. Estes camaleões. Esparsa tripa como pêndulo no espaço entre o dentro e o fora do armarinho.

Escandir a candura jazida esparramada pólen seca mel antiácido. Orquídeas e hibiscos, escrutínio pingente pungente impingir. Espargir o sol? Porque não porque sim rebelião. Entorno a repetir, refratar, outorgar, implorar. Peço-me que me acabe antes que eu esteja terminado, combalido, cambaleado. Pois então será tarde. Tarde sempre foi alcova para meus sonhos, encomendas, Santo Antônio.

Levita a irremissível contundência da ampulheta. Arqueja os ombros como quem cai de ombros dá de ombros bate de ombros na tua cara mal feita e bem amada pelos credores do século, sesta seresta bole. Bule de café fora de órbita. Não vês que a bandeja que carrega trazes consigo a cabeça de João, o profeta?

Puro exibicionismo, pura ironia enfadonha fronha concha. De dentro só se sai abafado, só se ouve agachado, só se é inteiro cortado. “Não jogai pérolas aos porcos.” Ofensa bíblica é divina, portanto diabólica. Planície da grama onde deitamos nossas aventuras, e jogamos para o alto, eis que levantamo-nos de mãos atadas, os punhos cerrados, pés cruzados e tudo o mais amarrotado, pisado, subtraído como conteúdo bebido em garrafas de plástico.

Soluço, e a tua ausência me dilui, tua franja me constitui, tua rebelião exposta lava-me os nervos aos tentáculos, o ácido ao antiácido o caule afunda a fé à tromba. Condescendente, morreu no trabalho. Terminada a última obra, ‘Quarteto de Cordas’, 4 varinhas mágicas, 4 anjos aleijados desceram para enfiá-lo numa trouxa branca, 4 fachos de luz. Anjos barrocos de madeira, cupins e escorpiões.

Borco em surdina suores do rosto, palpites no coração. Cambaleante veste o casaco da lápide na lapidação. Esboço prece camerística e Consolação, consoladora em aliança aos que se foram, aos que se valem, aos que se entregam cedo ou noite, irmãos. Cânone perpétuo da canção francesa, traque traço fraque risque fósforo a última condição do homem selvagem, rebelião.

Traição ao matrimônio, sem jamais ferir o estilo. Modesto. Morte de pai e mãe que lhe doeu, doeu, doou. Réquiem para um jardim, réquiem para balé, réquiem para flores, réquiem para bailarina, réquiem para caixão. Pena que um receptáculo inunda de água barata ao cansaço. Elefantes trombam nas rochas, minúsculos ajoelham-se diante oceano, universo, Terra.

Peço que este dia acabe logo. Hoje esta tristeza me pegou desprevenido. Lince lancinante no peito.

Faure

Raphael Vidigal

Compartilhe

Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn
Email

Comentários pelo Facebook

3 Comentários

  • Ei Raphael!!!
    Quanto tempo! Oba! Dessa vez vi sua mensagem aqui!
    To fora e vou ver direitinho. Obrigada!!!!!!!

    Resposta
  • “Balançou-se para a frente e para trás em uma gangorra de raiva e autocomiseração.” Truman Capote

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Recebas as notícias da Esquina Musical direto no e-mail.

Preencha seu e-mail:

Publicidade

Quem sou eu


Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

Categorias

Já Curtiu ?

Siga no Instagram

Amor de morte entre duas vidas

Publicidade

[xyz-ips snippet="facecometarios"]