Crítica: Silvio Biondo cria clássicos ao unir tradição e modernidade

“Jovens de rosto impassível
na ribeira se desnudam,
aprendizes de Tobias,
também Merlins de cintura,
para aborrecer o peixe
em irônica pergunta
se ele quer flores de vinho
ou saltos de meia-lua.” García Lorca

silvio-biondo

A identificação revela-se logo no primeiro momento, ou antes, no primeiro acorde. Acreditamos já conhecer aquelas músicas quando, na verdade, tratam-se de novidades criadas e apresentadas por Silvio Biondo que, ao unir a tradição à modernidade, nos apresenta estruturas que têm todos os componentes para se tornarem clássicos da canção popular brasileira, basta que a chance lhes seja dada. Músico de Santa Catarina, natural de Chapecó, mas residente em Curitiba, ele é acompanhado, neste trabalho de estreia em estúdio por Simone Mello ao violão, Marcelo Wengart na percussão e Glauco Sölter a cargo do baixo e da direção musical. Valderval de Oliveira Filho e Eron Barbosa adicionam suas percussões em algumas faixas. Todos irretocáveis.

A grande coqueluche, claro, é o bandolim de Silvio Biondo que, como audaz protagonista ciceroneado por músicos de primeira linha transita com desenvoltura e flexibilidade entre diversos ritmos da música brasileira, fundindo-os numa perspectiva que privilegia a excitação, embora atravesse a dolência e o langor com igual qualidade. Interessante notar como “Mandolino”, título do álbum que alude ao nome original do instrumento de Silvio em italiano, experimenta texturas sem sacrifício do frescor, do viço, pelo contrário, o virtuosismo dos músicos e suas eventuais considerações de ordem estética e de conteúdo estão a serviço da música, não apenas para emoldurá-la, mas, sobretudo, remeter à sua função de origem: despertar sensações. Objetivo atingido com louvor. Silvio já é um clássico. Embora nem todos o saibam.

Silvio-Biondo -Mandolino

Raphael Vidigal

Fotos: Miriane Figueira.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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