Caio Fernando Abreu: um retrato de sua vida e obra

“cheio de projetos e sonhos, molhado de amor por tudo, procurando a síntese.” Caio Fernando Abreu

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Caio Fernando Abreu costumava dizer que escrevia seus textos como lentes de aproximação, a partir de uma referência cinematográfica, um zoom que vai aos poucos revelando o que há por trás das aparências, por trás, inclusive, de todo lodo e de toda lama, já que, segundo ele mesmo, o que “há dentro de uma pessoa, está dentro de todas”. Não por acaso o escritor cuja obra se desvelou nas décadas de 1970, 1980 e 1990 é hoje uma referência do estilo, e já pode ser tratada como um clássico, tal como os ídolos Clarice Lispector, Virginia Woolf e a mentora exotérica e espiritual Hilda Hilst, entre outros. Abaixo, pequenos retratos e descrições de sua vida e obra.

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Primeiro Plano

Nascimento: Santiago do Boqueirão, RS, a 12 de setembro de 1948.
Virgem com ascendente em Libra.

Morte: Porto Alegre, RS, a 25 de fevereiro de 1996.
Vítima da AIDS, aos 47 anos.

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Influências

“Eu não sei MESMO se sou contra o individualismo. Em processo terapêutico e com uma formação literária onde as influências maiores creio que foram Lispector, Virginia Woolf, Proust, Drummond, Pessoa, por aí…”

Temas: angústia, solidão, loucura, desencontros, misticismo, amor.

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Formação

Estudou Letras e Artes Cênicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Abandona ambas. Refugia-se na “Casa do Sol” da amiga escritora Hilda Hilst.

Jornalista, dramaturgo e escritor.

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Sobrevivendo na Europa: Sonho desfeito

“A essência da filosofia hippy é a procura do amor. O assassinato jamais seria procura de amor. Acho que teríamos que ter uma nova ordem, baseada numa nova escala de valores. (…) onde o consumo não fosse a palavra-chave, entende?”

Fuga: Perseguido pelo DOPS, viaja em 1973 para Espanha, Suécia, Holanda, Inglaterra e França.

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Jornalista

Trabalha nas revistas Nova, Manchete, Veja e Pop. Colabora com os jornais Correio do Povo, Zero Hora, Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo.

Crônicas são censuradas. Participa sempre da sessão de Cultura dos cadernos.

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Literatura: criação é coisa sagrada

“Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta.”

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Obra literária

1970 – Inventário do Ir-remediável (contos)
1971 – Limite Branco (romance; 19 anos)
1975 – O Ovo Apunhalado (contos)
1977 – Pedras de Calcutá (contos)

“Poesia, simplicidade, síntese, limpeza: lindo.”

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1982 – Morangos Mofados (contos – maior êxito da carreira)
1983 – Triângulo das Águas (novela)
1988 – As Frangas (novela infanto-juvenil)
1988 – Mel e Girassóis (contos – coletânea)
1988 – Os Dragões não conhecem o Paraíso (contos)
1990 – Onde Andará Dulce Veiga? (romance)
1995 – Ovelhas Negras (sobras de contos reunidas; contém texto feito aos 14 anos)

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Teatro

Zona Contaminada: “pode ser tanto uma comédia negra, modesta, ou um espetáculo alucinado”. Através do humor ácido e contundente, pretende buscar a sensibilização do público para o futuro desastroso que o homem está construindo.

4 personagens e 1 coro, denominado ‘coro dos contaminados’ por Caio F.

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Cinema

Onde Andará Dulce Veiga?

Direção: Guilherme de Almeida Prado

Ano: 2007

Elenco: Maitê Proença, Eriberto Leão, Carolina Dieckman, Carmo Dalla Vechia, Oscar Magrini, Christiane Torloni e Júlia Lemmertz.

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Personalidade

“Sobre mim você poderia dizer, inseguro e doentio (…). Só não suporto cara machão, nem mulher fêmea demais, gente barulhenta, agitada e neurótica. Um mínimo de silêncio, um pouco de ambiguidade (ai, a formação européia…)”

“Eu sou da maneira mais caótica possível.”

Na foto: Caio Fernando Abreu e Cazuza.

Poesias e frases

Quando nada mais houver,
eu me erguerei cantando,
saudando a vida com meu corpo de cavalo
jovem.
E numa louca corrida
entregarei meu ser ao ser do
Tempo
e a minha voz à doce voz do
vento.
Despojado do que já não há
solto no vazio do que ainda
não veio,
minha boca cantará
cantos de alívio pelo que se
foi,
cantos de espera pelo que há
de vir.
(Alento)

“Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis.”

“A vida era muito dura. Não chegávamos a passar fome ou frio ou nenhuma dessas coisas. Mas era dura porque era sem cor, sem ritmo e também sem forma.”

“amor mal feito, depressa, fazer a barba e partir.”

“nesta minha vida de retinas fatigadas”

“Acho que fiz tudo do jeito melhor, meio torto, talvez, mas tenho tentado da maneira mais bonita que sei. Até uma carta, vai outro poema daquela mineira, a Adélia Prado (…). Pense nele quando tiver muitos problemas. E se poupe.”

“Não me falou em amor, essa palavra de luxo”. Adélia Prado

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Raphael Vidigal

Crédito das fotos: Arquivo / Divulgação.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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