Alain Resnais: cinema “sem tempo”

“Não compreendera ainda até que ponto os dias podiam ser, ao mesmo tempo, curtos e longos. Longos para viver, sem dúvida, mas de tal modo distendidos que acabavam por se sobrepor uns aos outros. E nisso perdiam o nome. As palavras ontem ou amanhã eram as únicas que conservavam um sentido para mim.” Albert Camus

Alain-Resnais

O francês Alain Resnais optou por um tipo de cinema que influenciou e recebeu influência não apenas do próprio meio, mas estendeu-se à literatura, à fotografia, às artes plásticas e ao teatro. Basta ver em seus filmes como os atores e os planos se comportam. Como outro exemplo concreto o escritor gaúcho Caio Fernando Abreu, amante do cinema declarado, escreveu um conto em que usava o nome da que provavelmente seja a mais famosa e enigmática película de Resnais, “O Ano Passado em Marienbad”, de 1961.

É impossível passar por Resnais incólume, como prova o sucesso de bilheteria “Medos Privados em Lugares Públicos”, de 2006, mais de um ano em cartaz em São Paulo, e o aclamadíssimo “Hiroshima, Meu Amor”, de 1959. Seja pelo incômodo que o cineasta provoca, ou até pela beleza que emergem das cenas filmadas e das falas que entremeiam o desconexo à precisão, não à toa o homem que viveu 91 anos escreveu o nome na história do cinema mundial, com decisiva participação no movimento da Nouvelle Vague.

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A principal característica do cinema de Alain Resnais, talvez, apontada por especialistas, é a abordagem do tempo, da memória, das reminiscências, do passado. No entanto, pelo caráter moderno e cosmopolita, através do qual sempre se olha para um recorte de localidade e período, e pela livre criação e modelagem do tempo é que Resnais produziu justamente um cinema “sem tempo”, com o qual brincava e ironizava a atmosfera dos fatos. Como se o tempo fosse algo tão abstrato quanto o cinema. Não é possível tocar nos filmes. Nem no tempo. Apenas senti-los.

FILMOGRAFIA
1949 – Guernica (curta-metragem)
1953 – As Estátuas Também Morrem (curta-metragem)
1955 – Noite e Neblina (curta-metragem)
1956 – Toda a Memória do Mundo (curta-metragem)
1958 – O Canto do Estireno (curta-metragem)
1959 – Hiroshima, Meu Amor
1961 – O Ano Passado em Marienbad
1963 – Muriel
1966 – A Guerra Acabou
1967 – Longe do Vietnã
1968 – Eu Te Amo, Eu Te Amo
1974 – Stavisky ou O Império de Alexandre
1977 – Providence
1980 – Meu Tio da América
1983 – A Vida É Um Romance
1984 – Amor à Morte
1986 – Melodia Infiel
1989 – Quero ir para casa
1993 – Smoking/No Smoking
1997 – Amores Parisienses
2003 – Beijo na Boca, Não!
2006 – Medos Privados em Lugares Públicos
2008 – Ervas Daninhas
2011 – Vocês Ainda Não Viram Nada!
2013 – Amar, Beber e Cantar

Alain-Resnais-cinema

Raphael Vidigal

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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