Show: Roberta Sá

Cantora apresenta repertório eclético e misturado

Segunda Pele

Elétrica, a boneca adentra a caixa recortada com papel crepôn e luzes de vaga-lumes. Se ilumina o rosto de louça, branca inocência pintada. Presente de menina larga na mão da infância as lembranças, recolhidas, caladas, catadas com pega-borboleta.

Uma música uma musa dividida divina em poses, ledos enganos brilhando as pérolas do vestido sensual. Na pele que despista a veste despe a nudez escondida (quase sempre). Pernas põem o lado de dentro de lado o fora de lodo no calo. Sobe um salto peremptório.

Assovia aos passarinhos, grilos e louva-deuses verdes vermelhos amarelos azuis na base do amplo, ampliando o mínimo movimento de quadris, rebuliço rebolado de donzela no bravio cavalo branco de crina e grinalda, véu e espinho da rosa.

Sopros da tempestade avizinham a visita inesperada. Ela vem meiga, mas plana, vem alta, mas cana, cama babados bordados anis do beijo involuntário e irreprimível só a vontade é capaz de alva esmaecer. Roberta Sá, um nome um bilhete um sibilo antigo suave. No guardador de pó, no criado-mudo, na mesa, no castelo de princesa.

Odes a Chico Buarque, frevos a Caetano Veloso, sambas a Pedro Luís e a Parede, a parede, a parede, a rede de Roque Ferreira, da Bahia ao mundo, do encontro à solidão, da despedida à encruzilhada de encontros banais, casuais, acaso e sorte na mesma medida de renda e presilha? Lula Queiroga, ab soluço. Mariana Aydar inda tonta diz sem ter feito.

Detalhes imanentes inter-cruzam a passarela, ala modelo de estandarte entre bandeiras que são dedos a tocar de leve o leve momento de o breve voar da asa da borboleta, agora boneca, na caixa, princesa, metamorfose mulher libidinosa e projétil de arma na água. A vida é enigma: descubram ou não.

Gritem sim, para que ela ouça. Gritem sim, é de louça e a tua essência é rígida, construída em oficinas cheias de pregos, madeiras, cola, cílios de mentira, verdade a vida é uma brincadeira de bonecas. Doce gosto de sonho tem a asa da borboleta: mulher sensual: armadilha bandeja.

Música Roberta Sá

Raphael Vidigal

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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