“Mal poeta enamorado de la luna,
no tuvo más fortuna que el espanto;
y fue suficiente pues como no era un santo
sabía que la vida es riesgo o abstinencia,
que toda gran ambición es gran demencia
y que el más sordido horror tiene su encanto.” Reinaldo Arenas
Um chute na terra tremeu o mar. Do topo, perto ao céu, o coqueiro da ilha abaixou as folhas para melhor sombrear o sujeito. Este, íntimo do sol, de tez parda e olhar esverdeado, com um cigarro de palha pendendo molemente dos lábios. Esticou horizontalmente os braços, mal se cabendo em Cuba. A seguir o ricocheteio dos quadris perpetrou a impressão de que desmancharia sobre aquele lance de azuis, vermelhos e brancos.
Um senhor de chapéu de nylon, aproximando-se, perguntou: estás mambo? Como que desconfiado do percentual alcoólico ingerido em noite anterior. Desfez da atenção ao velho, e, revigorando-se por inteiro, inflamou tanto o peito a ponto de lisonjear damas de passagem com o porte atlético. Girou em torno de si, mal se recompôs e lançou novo naipe de espadas, cortando nuvens, ventos e ares.
Desta feita uma ciranda de crianças esboçou um círculo desarrumado ao redor dele. Limitando o espaço do mesmo, não foram, ainda assim, capazes de determinar o raio de ação do dançarino. Impedido de espalhar-se pelos lados, não titubeou ao escolher as alturas. Subindo por um cipó imaginário, recostado no tronco de uma caduca árvore, se deitou ao encontrar uma macia e fofa nuvem. Além do mais, doce. Estava criado o mambo.
Raphael Vidigal
2 Comentários
Gostei muito dessa “mambete” aí…
“cavaquinho nos uniu”
Mamboo… uhhhhhhh