Entrevista: Fernanda Takai

“Mas o antigo espelho, que vira e revira
nos seus longos anos de existência
coisas e rostos aos milhares;
mas o antigo espelho agora se alegrava
e exultava de haver mostrado sobre si
por um instante a beleza culminante.” Konstantinos Kaváfis

Fundamental com Andy Summers

As crônicas de Fernando Sabino a respeito de sua passagem pela Inglaterra renderam o livro “A Inglesa Deslumbrada”, onde o humor dá o tom periférico à ousadia do escritor.

Já a mais recente passagem do inglês Andy Summers pelo Brasil, astro da extinta banda The Police, resultou em parceria com a amapaense Fernanda Takai, residente em Belo Horizonte há tempo bastante para considerar-lhe mineira quem o quiser assim.

CONEXÃO
Embora os olhos orientais de Fernanda distraiam da percepção absoluta, o que se ressai é: música. E é justamente música o elo de ligação entre Fernanda, Inglaterra, Brasil, Andy Summers.

“Não vejo nenhum problema no fato da bossa nova ser a embaixatriz da música brasileira no exterior. Embora artistas como Gil, Marisa Monte e Adriana Calcanhotto venham mostrando a esse público uma mistura mais pop” afirma a entrevistada.

BOSSA NOVA
O “namorinho de portão” (diria Tom Zé) entre Fernanda e o estilo inventado por João Gilberto e consagrado por nomes como Astrud Gilberto, grande referência no canto de Takai, e Nara Leão, outra homenageada em disco por ela, começou lá atrás, diz: “Sempre fui uma compositora cool, tranquila, o (disco) “Tem Mas Acabou” já tinha bastante bossa nova”.

Em relação às parcerias que vem empreendendo ao longo da carreira, a compositora enfatiza: “Todo meu trabalho solo surpreende, parece que fica mais claro o que está ali dentro da banda, menos explícito. Quando cantei com a Gaby Amarantos disseram, ‘não tem nada a ver’. Concordo, não tem, mas não é proibido” afirma.

LIBERDADE
Hábil em transitar por absurdas orlas e oceanos, à observação desatenta, ressalta-se, Fernanda incorpora à sua atividade um elemento “Fundamental”, como intitula o disco da artista, a muito estimada, liberdade: “Gosto de dar esses pulinhos pra fora, tocar com o Erasmo Carlos um repertório de Jovem Guarda e com a Roberta Campos. Também não imponho barreiras, me coloco à disposição”, declara.

Sobre os artistas sensíveis e de ocasião, Fernanda faz questão de ressaltar a diferença: “O Roberto Menescal é uma figura muito importante, que além de ter trabalhado com Elis, Nara, foi um executivo de gravadora, ou seja, conhece os dois lados”, e desdobra ainda mais os elogios fartos: “Me sinto muito privilegiada de ser escolhida por ele, por ser a voz que o Andy Summers buscava, em conviver com a Zélia Duncan”, derrete-se.

Já no fim desta entrevista, com simpatia, resume: “Sou uma cantora de microfone, ao pé do ouvido, meu trunfo é o timbre.”

Fernanda Takai entrevista

Raphael Vidigal

Publicado no jornal “Hoje em Dia” em 19/10/2012.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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