Nara Leão (Cantoras brasileiras)

Cantora brasileira

A artista Nara Leão podia parecer indefesa para aqueles que escutassem sua voz, mas não percebessem a presença explícita do que cantava sua boca, seus gestos contidos e sua interpretação diminuta. Nara era imensa como um leão. Não em seu corpo, de porte médio. Não em seus cabelos, cortados ao pé do ouvido. Nem em sua voz, de fato, pequena. Mas em sua participação como artista dentro daquilo que se convencionou chamar de música popular brasileira, bossa nova, samba do morro carioca ou tropicália. Nara Leão nunca foi uma cantora convencional. Mas convenceu a todos com seu timbre lisonjeiro e desafiador. Natural de Vitória, no Espírito Santo, morreu aos 47 anos, depois de lutar por uma década contra um tumor no cérebro.

Com açúcar, com afeto (MPB, 1967) – Chico Buarque
Dos vários tipos de amor que existem, um deles é o que sufoca, machuca, maltrata. O outro é o que cuida, constrói, espera, prepara o café e o doce predileto. Em comum, o fato de serem amores e passarem por cima do sofrimento, da indiferença e da loucura para sobreviverem. Em 1967, Nara Leão cantou a resignada espera de Chico Buarque, “com açúcar, com afeto”.

Camisa amarela (samba, 1939) – Ary Barroso
“Camisa amarela”, música de Ary Barroso, mostra a vida da mulher que espera o seu amor antes, durante e depois do carnaval e se contenta com um pedaço apenas daquele imenso amor que ela tem para dar, pois sabe que jamais o terá por inteiro. Aquele pedaço que para as outras parece pequeno é o suficiente para completá-la. E ela precisa dele como o carnaval precisa de fantasias, máscaras e camisas amarelas. É a mulher que ama mais ao seu homem do que a si, e permite, deixa que ele goze de tal liberdade. No ano de 1967, Nara reviveu com graciosidade o clássico imortal de Ary Barroso.

Nara

Raphael Vidigal

Lido na Rádio Itatiaia por Acir Antão dia 23/01/2011.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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