Ed Nasque: “Tocar, compor, para mim é uma necessidade vital”

*por Raphael Vidigal Aroeira

“Há muito para dizer, mas é uma pena que não se possa mandar uma carta cheia de silêncio, que é música.” Caio Fernando Abreu

Formado em Música pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Ed Nasque, 35, vive exclusivamente do ofício desde 2017, e, “apesar dos altos e baixos”, nunca mais conseguiu trabalhar com outra coisa. “Por várias vezes, em momentos difíceis, pensei em procurar outra profissão, mas não faz mais sentido na minha vida algo que não seja a arte”, destaca ele, que, desde a infância, tinha a matéria como predileta, sendo “péssimo em exatas”. O mundo deu uma reviravolta em sua cabeça quando, aos 11 anos, a professora de português, numa feira de cultura da escola, ensaiou com a turma a canção que trazia os versos “apesar de você/ amanhã há de ser/ outro dia”. “Anos depois, iniciei os meus primeiros acordes no violão, e não parei mais”, conta Ed, que, em 2021, lançou o álbum “Interior”.

1 – O que significa ser um artista independente em BH? Como sobreviver do seu ofício sem o apoio de leis de incentivo ou patrocínios? Quais são as opções disponíveis?
Significa principalmente fazer parte do crescimento do cenário musical da minha cidade natal, que apesar de tantas dificuldades de viver da própria música, há sempre esperança de dias melhores. Ultimamente, os artistas estão tem se empenhado bastante no desenvolvimento dos seus projetos visando o apoio de leis de incentivo e patrocínio, forçando a gente a nos preparar cada dia mais, almejando viver da própria arte. E na música há muitas opções para seguir, eu particularmente, além do meu trabalho autoral, toco também em bares, eventos, e leciono aulas particulares de música.

2 – De que maneira o cenário artístico e cultural da cidade compete para dificultar ou favorecer que você sobreviva da sua arte? O que as experiências que você teve enquanto artista trouxeram de incentivo e desalentador?
Tenho percebido que os espaços da cidade não são tão democráticos quanto tentam fazer parecer. Trabalho todos os dias nos bastidores buscando oportunidades de apresentar o meu trabalho, mas pouquíssimas portas se abrem, pois normalmente elas estão abertas para artistas que fazem parte daquela “bolha”, e como não cresci num meio rodeado de artistas, tenho tido dificuldade em me apresentar com frequência, mesmo estando na minha cidade natal. Essas experiências, às vezes, são desmotivadoras , mas o mais importante é acreditar no trabalho e se aprimorar cada dia mais no nosso ofício.

3 – Por outro lado, quais as motivações para permanecer lutando por sua arte? O que te leva a não desistir e, por exemplo, procurar outra profissão como frequentemente acontece?
Tocar, compor, para mim é uma necessidade vital. Vivo exclusivamente da música desde 2017, e apesar dos seus altos e baixos, nunca mais consegui trabalhar com outra coisa. Por várias vezes em momentos difíceis pensei em procurar outra profissão, mas não faz mais sentido na minha vida algo que não seja arte.

4 – Qual a sua primeira lembrança ligada à arte e o que te levou a escolher esse caminho?
Na infância, arte era sempre minha aula preferida, e era péssimo em exatas. Mas uma memória marcante foi quando tinha 11 anos, e uma professora de português que sempre colocava no rádio música brasileira pra gente, em uma feira de cultura da escola ela ensaiou com a gente e cantamos juntos a canção “Apesar de Você” do Chico Buarque, essa lembrança é uma das mais incríveis que tenho na vida, e anos depois iniciei meus primeiros acordes no violão e não parei mais.

5 – Como estão os seus planos para 2024? Tem projetos na gaveta ou já prontos para serem lançados?
Em 2021, lancei o meu primeiro disco, e desde lá venho me apresentando em Belo Horizonte e cidades do interior de Minas, e senti que 2024 era o momento para lançar um novo trabalho. Já tenho composições prontas para fazer esse disco acontecer, e se tudo caminhar bem no segundo semestre entro em estúdio para dar início ao novo trabalho.

Foto: Flávio Tavares/O Tempo.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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