Crítica: “Amor & Sexo” é melhor quando não se leva a sério

“Amor é bossa nova/Sexo é carnaval” Arnaldo Jabor & Rita Lee

Amor-Sexo

Transmitido agora aos sábados à noite, o programa “Amor & Sexo”, comandado por Fernanda Lima na Rede Globo dá um respiro de liberdade na grade da sempre tão vigilante emissora. Longe de ser ousada, a atração atende ainda às premissas da nossa classe média, mas serve como aperitivo para dispersar nosso pedantismo anacrônico e o conservadorismo latente. Embora não chegue perto da transgressão com que programas da TV por assinatura já trataram do assunto para os padrões da nossa TV aberta é algo novo.

Fernanda Lima tem desenvoltura com o tema e, de acordo com a abordagem proposta, não incomoda ninguém, pelo contrário. Mas o melhor da festa são os comentaristas amadores, que garantem, senão rebeldia, ao menos alguma irreverência. São os casos de Xico Sá, Mariana Santos, José Loreto e Otaviano Costa, além de outros convidados que se revezam, e que não se levam absolutamente a sério, a grande consagração do programa, não sendo a única, mas certamente a mais efetiva. Nem tudo são flores nesse reino da Dinamarca.

O momento mais insosso do programa é quando toma a palavra Regina Navarro, com ares de especialista e toda a autoridade inócua de que estes se valem, pois ao apontar uma resposta sempre de pronto na ponta da sua língua exibe um inegável moralismo, do qual se acredita fugitiva por defender pautas de teor, teoricamente, liberal. É quando a Rede Globo volta às suas piores origens. “Amor & Sexo” é no final um bom divertimento, entretenimento capaz de discutir com mérito e humor, quase sempre, temas relevantes e reprimidos.

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Raphael Vidigal

Fotos: Arthur Meninea e Caiuá Franco, respectivamente.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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