“A educação é admirável, no entanto, é bom recordar, que nada que valha a
pena pode ser ensinado.” Oscar Wilde
Dizem no Brasil que a política rouba, a polícia tortura e o aluno mata aula. Que as leis não pegam e que o maço de cigarros mais vendido ainda é o de Gérson. Ainda assim o crime mais cometido no país é o que se comete por amor, como aconteceu comigo.
Me apaixonei pela professora, como um filme de Lolita às avessas. Ela era uma mulher de estatura mediana, cabelos sempre ao vento e aquele olhar que engana. Os óculos cor de face acentuavam suas curvas, seu enlace com o mundo lá fora.
Seu corpo Maquiavel de mulher má lembrava o romance “O Príncipe”. Seus fins justificavam o meio, em que vivia. Era um amor maravilhoso, maravilhado, perfeito, e como todo amor perfeito era Romeu e Julieta, queijo e goiabada, e era por fim Noel Rosa, profetizando o fim que Nostradamus não viu.
Era Shakespeare encarnadoem Paulo Coelho. E quando me dei conta dessa impossibilidade mais que Platônica (eu ainda não tinha idade para ler Platão, e por isso demorei a perceber) resolvi começar a ler coisas sobre aquele ser. Logo em seguida segui o conselho de Neruda, fechei os livros e fui.
Não demorei muito a concluir que só havia uma maneira deu me declarar àquela força da natureza humana, aquela beleza sem nenhuma gana. Tracei um plano para que pudéssemos nos encontrar a sós, sem nenhuma outra interferência cotidiana. Descobri seu endereço, seus horários, compromissos, mandatários, abismos e salários. Me apaixonava cada vez mais.
Chegou a data limite, eu havia alcançado o topo do meu amor por ela. Encontramo-nos frente a frente, na porta de sua casa, Lolito e sua donzela. Convidei-me a entrar, ela chegou a estranhar, vi em sua olheira nervosa que chegou a pensar em alguma estratégia para se livrar de mim.
Acabei por vencê-la e entrei pela janela. Ela já estava à espera, deitada na cama, aberta. Dei-lhe um tiro certeiro e a matei. Mas antes reservei-lhe um último momento de puro deleite e prazer, apanhei o campo de centeio e filosofei: “Todo homem mata aquilo que ama”.
Oscar Wilde dava pulos sem saber por que, no cemitério. Eu matei, e mataria de novo. Pois é, meu Dostoiévski, o crime é um castigo. Jamais irei esquecer o nome dela, Digníssima Professora de Ética, Moral e Filosofia.
Naquele instante, eu havia crescido.
E virava mito, minto…
Raphael Vidigal
Imagens: cartaz do filme “Lolita”, dirigido por Stanley Kubrick; e “Auto-Retrato”, da pintora Romaine Brooks.
7 Comentários
Isso aí Raphael Vidigal!!!!
Uaaaaaaaaau =0 ainda bem q no final vc fala q mente!a mentira sincera eh a sua cara!=p mas esse eu ainda nao sei se acredito q foi realmente vc…uhauhahaua fala vai…pode falar…de onde vc copiou???AH NEMMM…vou ler mais algumas vzs…
Só mais uma coisa…”Os retratos de W.H/Dorian Gray (oscar wilde)” vc leuuuu???
Vidigaaalll!!! Blogg tá muitoo legall!! Parabenss!! Beijaao
Viiiidi!
Que isso… Amei o texto!
Você arrasaaaa né! =]
Beeijo!
Nossa ph. Voce é uma caixa de surpressas. escreve tão bem quanto clarice lispector, na descrição, na poesia, na criatividade.
ah, adorei por lembrar sobre o apanhador no campo de centeios. tenho um texto que lembra o livro tb, vou ate publicar dps. mas o seu texto foi uma das coisas mais lindas que ja li.
demaaaaaais!!
Agradeço a todos pelos elogios e comentários. Voltem sempre! Atualizações diárias. Abraços