Crítica: grupo de dança “Sarandeiros” investe na descrição do folclore

“Voltei, Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço,
Eu quero ver novamente ‘Vassouras’ na rua abafando,
Tomar umas e outras e cair no passo” Alceu Valença

sarandeiros-folclore

É com alegria e gestos expansivos que o grupo mineiro de dança “Sarandeiros” apresenta o espetáculo “Coup de Coeur”. O título, alusivo ao prêmio de destaque do público recebido no Canadá em 2014, denota um certo olhar estrangeiro, o que justifica a escolha pela caricatura, outra arte tão popular quanto o folclore. Figurinos e cenário, além da presença de um apresentador, seguem nesse estilo. Em tradução literal, trata-se de “Golpe no Coração”.

Não por acaso as canções e a coreografia recebem a levada do axé, ritmo nascido na Bahia que, ao se apropriar de manifestações típicas e históricas da música e da religião, como o samba de roda, o merengue, o maracatu e o candomblé, entre muitos outros, criou uma designação pop, largamente assimilada pela indústria, e por isso bastante alicerçada numa noção mercantil. Os números são executados por uma banda ao vivo.

A companhia investe na opção descritiva como recurso narrativo. A única exceção é o momento em que é trazido à cena o frevo, onde os passos tradicionais abrem o horizonte para um universo lúdico, nem tão calcado num entendimento concreto, mas muito mais subjetivo, de sentimentos. Até a iluminação entra na brincadeira nesta hora e ganha esteticamente. As intervenções dramatúrgicas estão em consonância com este enredo citado. Ou seja, o olhar do folclore pela perspectiva do entretenimento. Em suma é um trabalho físico, mais esportivo do que artístico, em que prevalece o empenho dos dançarinos.

grupo-sarandeiros

Raphael Vidigal

Fotos: Divulgação.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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