5 perguntas nunca respondidas por Paulo César Peréio

“Gênio não é eterno. Depois que ele morre, jamais nascerá outra coisa igual. O medíocre a gente nem percebe que morreu. E, já no dia seguinte à morte de um medíocre, aparece um igualzinho no lugar. A mediocridade, então, é eterna! O gênio, não: todos os gênios são perecíveis”. Paulo César Peréio

pereio

Ás vésperas de completar 75 anos, o ator Paulo César Peréio, um dos mais relevantes do cinema brasileiro, consentiu em receber e responder às perguntas de uma entrevista. No entanto, um tempo depois, com a habitual letargia que o caracteriza no período recente, desistiu, sob a alegação de não manobrar bem a tecnologia, ao descobrir que a distância entre São Paulo e Belo Horizonte nos separava e que não seria possível um encontro à vera, tête-à-tête, pessoalmente.

Como já havia sido feito, e com enorme sucesso, com a artista Elke Maravilha, resolvemos imaginar o que Peréio responderia a essas perguntas que chegaram até ele, mas nunca retornaram a mim. Com larga experiência no cinema, no teatro, e na televisão, o próprio intérprete diz se considerar “uma personalidade performática, um ator essencial, nunca fui um ator característico, aliás, eu não tenho nenhum caráter”, considera com o tom debochado que, quase sempre, empregou a suas personagens. Sem mais delongas, vamos ao exercício lúdico e fantasioso.

1 – Há previsão de lançamento do filme “Peréio, eu te odeio”? Quão fácil ou difícil foi colher depoimentos nesse sentido para o filme?
Não há previsão. Na verdade, a previsão é lançar o filme logo depois que eu morrer, assim ele fica mais valorizado. A comoção também pode ajudar a encher o bolso dos produtores. Aliás, comoção ou comemoração. Tenho a sensação de que será uma festa. Não sei qual dos dois acontecimentos é mais aguardado, a minha morte ou o lançamento do filme. Mas… Sobre o que a gente estava falando, mesmo? Pois é, espero postergar ao máximo o lançamento deste filme, devido às condições estabelecidas para que isto ocorra. No mais, “Peréio, eu te odeio” é uma biografia autorizada, porra!

2 – O que você usou de influências para moldar o estilo do programa “Sem Frescura”, que está de volta na programação do “Canal Brasil”?
As influências principais foram a cannabis, o lúpulo maltado, trigo, e as mulheres que passaram em minha vida, a quem eu dedico o nome do programa, “Sem Frescura, porra!”. Aliás, essa ideia do nome veio do diretor Paulo Mendonça, que queria tirar um sarro com o “Sem Censura” da Leda Nagle, algo que fazia muito sentido no período da ditadura militar, mas acho que para os tempos atuais “Sem Frescura” está mais em voga. O programa na verdade é uma tentativa da minha filha de me dirigir na televisão. Essa ideia de me colocar para comandar um bate-papo é boa, conversa furada é meu ponto forte. E me dá a chance de reconhecer figuras inacreditáveis.

3 – Quais as principais diferenças você imprime no teu trabalho como ator, como apresentador e como locutor? E as semelhanças?
As principais diferenças são a minha motivação, publicidade paga melhor, sempre pagou, então fico mais animado, uso até extrato de mel e própolis pra trabalhar a voz. Já o programa é uma merreca, uma mixaria, então eu vou do jeito que acordo, nem escovo os dentes. Cinema a mesma coisa, e na televisão você ainda pode conhecer umas gostosas, umas gatinhas que gamam no velho, então dá pra dar uma caprichada no visual e até arriscar um olhar 3×4, um sorriso dramático e aquela coisa de “entrar na personagem”, essa é a melhor parte.

4 – Como avalia o atual momento da cultura no Brasil e, em especial, do cinema? Acredita na convivência entre arte e entretenimento ou entre arte e indústria?
Têm umas coisas muito boas, e outras muito ruins, como sempre teve. Por exemplo, aquela Valesca Popozuda é muito boa. O Michel Teló é muito ruim. Tem uma coisa do crescimento do capitalismo, da exacerbação do sistema que ficou sem concorrência com o fim da União Soviética, e, apesar de crise de gravadora, internet, essas coisas, a indústria ficou muito grande, o artista ficou cada vez mais pra escanteio e impedido de permanecer utópico e idealista. O cinema nunca foi nenhuma galinha dos ovos de ouro, quase sempre, no Brasil, quem pagou pra fazer cinema saiu todo estropiado, com raras exceções. Pra fazer cinema aqui ou você tem dinheiro ou você tem colhões. A maioria tem só colhões.

 5 – Em todas as suas aparições é perceptível um alto embasamento cultural e também um despojamento. A irreverência salva o culto de ser pedante?
Que porra de pergunta é essa, porra?! Esse papo ta muito esticado. Vou puxar um ronco agora, tchau!

*Todas as respostas são fruto da imaginação do jornalista. Trata-se de um exercício lúdico de adivinhar. Sem responsabilidade com o realismo.

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Raphael Vidigal

Fotos: Divulgação.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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