5 músicos sertanejos acusados de homofobia

*por Raphael Vidigal

“Lutando sobretudo contra o próprio preconceito que a aconselhava a ser menos do que era, que a mandava dobrar-se.” Clarice Lispector

Cantor sertanejo e participante do Big Brother Brasil 21, Rodolffo foi surpreendido essa semana ao ser enviado ao paredão pelo líder Gilberto, que chegou a colocá-lo entre os eleitos para ocupar o quarto Vip da atração. Inicialmente propenso a votar em Arthur, o pernambucano Gilberto, homossexual assumido, reviu o seu voto após uma conversa com Fiuk durante a última festa. O filho de Fábio Jr. relatou o incômodo com comentários que ele considerou preconceituosos por parte de Rodolffo. Gilberto estava presente no momento em que Rodolffo falou sobre o vestido usado por Fiuk e questionou como ele seria recebido se aparecesse dessa forma em alguma boate de Goiás.

Ao anunciar o voto em Rodolffo, o economista Gilberto afirmou que não gostou das “piadas” e que via a necessidade de se posicionar. Não foi a primeira vez que Rodolffo, da dupla sertaneja com Israel, viu o seu nome em uma polêmica do tipo. A equipe do cantor chegou a enviar notificações judiciais ameaçando de processo os usuários que o acusassem de homofobia nas redes sociais. Antes, ele chegou a postar um vídeo em que chamou os gays de “criaturas” e foi fortemente criticado. Para completar, declarou apoio ao presidente Jair Bolsonaro, homofóbico assumido. Além de Rodolffo, outros músicos do universo sertanejo também foram acusados de homofobia. E selecionamos alguns casos.

Pedro Motta & Henrique
Em dezembro de 2020, a dupla sertaneja Pedro Motta & Henrique, natural de Goiânia, entrou no foco das repercussões negativas após o lançamento da música “Lili”, cuja letra abordava de forma jocosa o relacionamento de um homem com uma travesti. Acusados de homofobia e transfobia pela Aliança Nacional LGBTI+, os sertanejos resolveram ouvir as críticas e alteraram a letra da canção, que passou a ter versos como “o amor não tem nem sexo, nem cor” e ganhou o seguinte refrão: “Não precisa esconder de mim/ O amor da minha vida é uma travesti”. A dupla também realizou um concurso com 3 mil inscritas que selecionou a transexual Alyce Gome para protagonizar o videoclipe de “Lili”.

Gusttavo Lima
Gusttavo Lima passou a frequentar os noticiários nacionais a partir de 2009, como um dos principais expoentes do chamado sertanejo universitário. O sucesso veio acompanhado por inúmeras polêmicas, incluindo o atropelamento de um ciclista em sua fazenda em Goiás. Em julho de 2020, durante uma live com o humorista Carlinhos Maia, assumidamente homossexual, Gustavo fez um comentário que despertou reações na internet, com acusações de homofobia. “Carlinhos Maia, um super beijo! Manda um beijo também pro Lucas, que é… o marido ou a esposa do Carlinhos?”, disse. Constrangido, Carlinhos respondeu que Lucas era seu companheiro. Gusttavo também é apoiador de Jair Bolsonaro.

João Carreiro & Capataz
Em 2009, a música “Bruto, Rústico e Sistemático” virou trilha da novela “Paraíso”, da Rede Globo, escrita por Benedito Ruy Barbosa. Interpretada por João Carreiro & Capataz, dizia: “Sistema que fui criado, ver dois homem abraçado, pra mim era confusão/ Mulher com mulher beijando/ Dois homens se acariciando, meu Deus que decepção/ Mas nesse mundo moderno, não tem errado e nem certo, achar ruim é preconceito/ Mas não fujo à minha essência, pra mim isso é indecência/Ninguém vai mudar meu jeito”. João Carreiro afirmou que a letra retratava a visão de “um avô caipira, antigo”, e não sua opinião. Apesar disso, a dupla sertaneja foi acusada de homofobia por ONGs e militantes.

Leonardo
Em 2006, durante uma participação no programa “Domingão do Faustão”, o músico sertanejo Leonardo foi questionado sobre como uma mulher deveria reagir se flagrasse o marido com outro homem na cama, e respondeu que o sujeito deveria levar “uma pisa”. A Associação Goiana de Gays, Lésbicas e Transgêneros divulgou uma nota dizendo que o comentário “incentivava a violência contra os gays, principalmente em Estados de perfil conservador e homofóbico como Goiás”. A assessoria do cantor rebateu que tudo se passava de uma brincadeira e que ele imediatamente se desculpou. O que não impediu que a militância realizasse um “pisaço”, destruindo os CDs do cantor em Goiânia.

Foto: Rede Globo/Reprodução.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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