“Quis levar também um bom floreiro e um ramo de rosas amarelas para conjurar a sorte ruim trazida pelas flores de papel, mas não encontrei nada aberto e tive que roubar num jardim particular um ramo de recém-nascido amor-perfeito.” Gabriel García Márquez
Engana-se quem pensa que a participação de Aracy de Almeida como jurada do programa de calouros do apresentador Chacrinha, e depois Silvio Santos, tenha distorcido a imagem da cantora. Basta ouvir as gravações de entrevista da intérprete contando de sua relação com Noel Rosa, o começo da carreira, e a forma despojada no uso da voz na canção para perceber que Aracy sempre teve uma personalidade ímpar, da qual não se podia descolar, a princípio, personagem e vida. Se muitos dos seus maneirismos pareciam caricaturais e provocavam o riso é porque ela nunca fez questão de enquadrar-se em “bons modos”, “princípios”, e é justo nisso que se diferenciou, na década de 1930, entre tantas cantoras do Brasil. Foi, ao lado de Carmen Miranda, um destaque.
O que pode ter contribuído, sem dúvida nenhuma, para agradar a compositores como Assis Valente, ás voltas com a homossexualidade não assumida, o sempre rígido e despachado Ary Barroso, e, mais do que todos, o poeta da Vila Noel Rosa, que construiu com Aracy de Almeida uma amizade tão sólida que esta foi responsável direta por manter acesa a chama da obra do amigo após a sua partida. Pendure-se na conta de Aracy a culpa por popularizar os sambas “Palpite Infeliz”, “Conversa de Botequim”, “Feitiço da Vila”, “Pra Quê Mentir?”, “Feitio de Oração”, “Três Apitos”, “O Orvalho Vem Caindo”, “Fita Amarela”, “Triste Cuíca”, “Com Que Roupa?”, “Filosofia”, e mais “algumas coisinhas”, como ela dizia. Não é pouca coisa. Aracy de Almeida pode se gabar desta vida.
Raphael Vidigal
Lido na rádio Itatiaia por Acir Antão em 24/08/2014.
24 Comentários
Viva araca.
Nesta terça-feira dia 19 de agosto, até meia-noite na Web Rádio NelSons, o programa “Almanaque”, sempre com o dia-a-dia dos artistas da MPB. Hoje, nossa homenagem para o “Centenário de Aracy de Almeida” com a cantora carioca interpretando seus sucessos e contando a sua trajetória artística.
Ouça em http://radio.nelsons.com.br/
http://youtu.be/7ZEFDNcuOJ4
Aracy de Almeida Ao Vivo e a Vontade
Gravado ao vivo na Lira Paulistana em 1980, produção de Tico Terpins e Zé Rodrix. Discos Continental, 1988. Neste show ela canta só músicas de Noel Rosa, sem…
Tenho o disco, ha muitos anos um amigo me de de presente, ele o compro no Mercado de las Pulgas en Paris.
sou muito fã dela .
Amo a Araca, Dama do Encantado!!! Salve Aracy!!!!]
Deusa ! Muito boa ! Essa é relíquia Nacional !
O nosso país é sem memória, vc é especial!
Grande cantora, alô Flávio Aniceto!
gostei muito desta esquina musical – valeu!
Que legal!!!
Muito bom! Não conhecia seu canto. apenas como jurada do programa do Silvio Santos.
Ainda bem que tem gente para trazer estas relíquia p/ nós!
Show! Lembro dela no Silvio Santos.
Que bacana Rapha!
Sou da velha guarda show da Vila e gosto muito das histórias dos grandes mestres…
Uau!
Uma das melhores amigas de Noel Rosa e grande interprete, personalidade forte! Uma mulher fantástica!
DEIXOU SAUDADES DEMAIS, DE VEZ EM QUANDO EU FALO E ESTAMOS CONVERSADOS!!!!
muito bom teu site.
Parabéns Raphael… uma maravilhosa matéria!!! Bjs.
perfeito.
eu era criança,mas lembro que minha mãe gostava muito dela!!!!
gostava demais dela com aquele seu jeitão durona rsrs
que saudades do programa Silvio Santos seus calouros