“Haverá lógica em Baco? Em Lewis Carroll? Em Fernando Pessoa?” Rubem Alves
4 do Kaos, mitologia numérica, os últimos ingressos são nossos. Cera da mariposa fundamental, telha da quebra inicial, pedra da leva filosofal. Entro no “Cento e Quatro”, localizado no redemoinho do furacão de Belo Horizonte, e sou recepcionado por Edy Star, um pouco tanto, alheio, mas ainda assim me fornece a chave da poesia.
Diz-me de Jorge Mautner a trocar a blusa no camarim antes de aparecer no palco com discurso violinístico e o violino discursivo de cara e terística. Pouco permaneço na figura de carimbo vermelho e santo dragão. Vamos juntos conhecer obras artesanais dos loucos, ali estão todos.
“Eu não peço desculpa
E nem peço perdão
Não, não é minha culpa
Essa minha obsessão”
Nada me distrai, porém, de ansiedade permanente, que permanece inalterada durante o solstício passado entre o inverno de gélido carro e acalorado refugo daquela estufa canibal de plantas transparentes e verdes transpirações. O garçom, aquém disto, não serve meu pedido.
Dentro do restaurante, aflijo a necessidade de esgarçar os membros, prolixos, atingir a cisterna eólica visando senhas ao meu lado – de fora – remendo, vigora. Ele está impingido às alturas, carregado em sandálias de prata de Jesus de Nazaré, afã neném deste candomblé mameluco de graça e grossa, praça e prosa, rifada pancadaria. Tu tens essa violência divertida.
“Você é uma loucura em minha vida
Você é uma navalha para os meus olhos
Você é o estandarte da agonia
Que tem a lua e o sol do meio-dia”
Jorge Mautner abre sorriso largo, espanta sobrancelhas carnudas, saltita e soluça, entre um erro e outro, todo errado como só, alucina os eixos dos convidados de lomba, e quanta honra, cantam em desuníssono clássicos nada rememorados em banco de dado algum. Pois a esfera com 6 pontos cardeais trai o inventor! Canta o Brasil, as morenas as loiras, o beijinho doce e o maracatu atômico, escuro!
Repete o bis inadvertidamente, saúva Nelson Jacobina, vence o cansaço, atola os passos no barril de uva do Baco, em barros de couve na horta, Jorge Mautner! Jorge Mautner! Jorge Mautner! Líder, espiritual, pagão, Maomé, Getúlio e o mosquito bebendo inseticida, o espirro, a euforia, pago pra ver. Por que o teu espetáculo é franco.
Raphael Vidigal
7 Comentários
Jorge & Mateus? Tb curto!
Finalmente vc se rendeu aos encantos do Sertanejo universitário
“Nada me distrai, porém, de ansiedade permanente, que permanece inalterada durante o solstício passado entre o inverno de gélido carro e acalorado refugo daquela estufa canibal de plantas transparentes e verdes transpirações. O garçom, aquém disto, não serve meu pedido”.
Entro no seu desespero pisando em palavras tão bem arquitetadas.
?Raphael Vidigal, vim até o seu mural agradecer sua importante colaboração com a publicação de suas postagens culturais. Espero contar, diariamente, com a sua participação e divulgação da CULTURA NACIONAL na TRIBO POTIGUAR. Um grande abraço!
Muito obrigado pelos comentários! Jorge Mautner é um grã-mestre.
“podem chamar isso de experiência de vida, de erosões, iluminações e de axés!”
Salve, JORGE!…
Olá, bom dia! Qual o contato para shows do “Jorge Mautner”??