Ritchie tornou-se símbolo da música pop no Brasil dos anos 1980

Cantor

*por Raphael Vidigal

A Inglaterra arrecadou para si a primazia do invento do futebol. Ao que o Brasil abocanhou a tradição e a ginga que apenas a cria, e não o inventor, é capaz de esbaldar.

No Reino Unido, nasceu o garoto loiro de olhos azuis, fã dos Beatles e Rolling Stones, Richard David. Mas o Brasil, há o assanhado e íntimo Brasil foi logo lhe pegando pela cintura, chamando de Ritchie e concedendo abrigo e abraço para seu talento.

“Menina Veneno,
O mundo é pequeno demais
Pra nós dois
Em toda cama que eu durmo
Só dá você, só dá você…”

Depois de trombar com Mutantes’ em Londres, arrefecer os trilhos em São Paulo e desembarcar de vez no Rio de Janeiro, o operário flautista descobre-se um príncipe cantor. Nessa entre-safra ensinou a língua mátria à Gal Costa, Egberto Gismonti e Paulo Moura, só para dizer alguns.

Mas a sua escola começa mesmo quando ele ocupa uma das cadeiras principais do grupo psicodélico ‘Vímana’, composto pelos insipientes Lulu Santos, Fernando Gama, Luiz Simas e Lobão (o último a entrar na banda).

Logo as portas do universo pop, (e da percepção), abriram caminhos para vários nomes da nova cena nacional. Num Brasil irreverente como o país, a grande moeda da moda era um inglês. Nada mais contraditório e pontual.

“Perdi a hora 
Mas encontrei você aqui
Desde aquela noite
Eu nunca mais me entendi
Você levou meu coração
Levou o meu olhar”

Hit tornou-se palavra fácil no dicionário tupiniquim, e logo se associou à imagem de Ritchie, especialmente em razão dos êxitos presentes em “Vôo de Coração”, o primeiro LP, que ultrapassou a marca de um milhão de cópias vendidase marcou a década de 80 como fundo musical inconteste.

“Pelo Interfone”, “A Vida Tem Dessas Coisas”, “Menina Veneno” e até o abajur cor de carne viraram gírias resolutas para definir comportamentos e estados de espírito. E a criação engoliu o inventor. Ritchie tornou-se escravo do grande sucesso, nunca mais repetindo igual popularidade.

“Memórias no velho computador
Nas asas do tempo,

Vertigem do momento
Vôo de coração, meu amor”

Menina Veneno

Fotos: Divulgação.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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