A cantora paraguaia Perla, que aportou no Brasil com 20 anos, no início da década de 70, já não era lá uma novidade em termos de estética ou arranjo. Entre os maiores êxitos da carreira, está a infinita quantidade de discos de ouro, platina e prata, acumulados graças a versões de clássicos estrangeiros. Ou seja, originalidade nunca foi exatamente o forte da primeira Perla.
A Perlla seguinte, que adequou o nome ao acrescentar outra letra, faz coro ao excessivo e inflado mercado de celebridades descartáveis. Assim como na antecessora, os modos, as vestes, o canto, soam exagerados, exaustivos, mera reprodução do que existe em abundância. Falta o mínimo de contenção, tempo, pausa. De certa maneira, traduzem a vida moderna.
Depois de estourar nas paradas de sucesso com músicas voltadas ao público adolescente menos incisivo e mais preguiçoso, com os chamados “funk melody”, cujos títulos legaram pérolas à história brasileira, do tipo de “Tremendo Vacilão”, e outros mais, Perlla se agarrou como pôde ao sucesso escasso que ia assim se tornando cada vez mais.
Até parceiros como Latino e Felipe Dylon procurou. Agora, encerradas as investidas nesse ramo, quando todos pensavam que não, Perlla tomou outro rumo. Voltou-se para Deus. Exato. No presente acumula honorários ao lançar o teaser de disco gospel em que louva o senhor na igreja do pastor e apresentador Silas Malafaia. O nome é “A Minha Vida Mudou”. Quem aguentar veja até o final.
Raphael Vidigal