Pedro Caetano – É Com Esse Que Eu Vou! (Samba)

*por Raphael Vidigal

“Um ser-aí. Cá, aqui.
Redondo gesto e gesta
vegetal, e uma festa
de cor, pingo no i.” Heládio Brito

O bom compositor não se faz pelo nome, mas pelo conteúdo. Pedro Caetano nunca foi compositor, pelo menos era isso o que a formalidade lhe falava. Manteve seu lar com o dinheiro dos calçados e vestidos que vendeu por toda a vida, só aparecendo de corpo e cara para gravar um disco próprio aos 64 anos.

Mas a essa altura suas músicas já eram cantadas por muitos outros, populares e profissionais, sempre com popularidade e qualidade elevadas. Ciro Monteiro, Orlando Silva, Sílvio Caldas colocaram na boca suas músicas. Noel Rosa, Pixinguinha, Claudionor Cruz, apertaram com instrumento e lápis suas composições. Era o conteúdo que fazia de Pedro Caetano compositor, e dos bons.

Caprichos do destino (valsa, 1938) – Pedro Caetano e Claudionor Cruz
O primeiro sucesso de Pedro Caetano foi a valsa “Caprichos do destino”, lançada por Orlando Silva em seu auge, no ano de 1938. A valsa em parceria com Claudionor Cruz conta a história de um homem que se vê desenganado pelo destino tortuoso que lhe coube, e pensa em desistir.

Botões de Laranjeira (samba-choro, 1942) – Pedro Caetano
Maria Madalena dos anzóis Pereira só não existiu porque o seu nome era na verdade Maria Madalena de Assunção Pereira, mas a censura obrigou o compositor Pedro Caetano, por sugestão do radialista César Ladeira, a trocar o nome da menina que o pediu que fizesse a música. Para preservar a privacidade das pessoas, nomes próprios por extenso eram proibidos. E assim nasceu a canção lançada por Ciro Monteiro no ano de 1942, em ritmo de samba-choro.

O que se leva dessa vida (samba, 1946) – Pedro Caetano
Ciro Monteiro tornou célebre outra composição de Pedro Caetano, o samba “O que se leva dessa vida”, lançado por ele em 1946 com acompanhamento do regional de Benedito Lacerda e do clarinetista Caximbinho. A música tornou-se um dos standarts da carreira de Ciro e imortalizou os versos leves e nobres da composição bem humorada de Pedro Caetano sobre as possíveis asperezas da vida.

Onde estão os tamborins? (samba de carnaval, 1947) – Pedro Caetano
O sumiço do sambista Cartola, fundador da Estação Primeira de Mangueira, deixou a escola quieta e sem o brilho verde e rosa que costumava ofuscar as outras. Foi essa fase pouco inspirada que levou o compositor Pedro Caetano a reclamar publicamente, em forma de samba lançado no carnaval de 1947 pelo conjunto vocal Quatro Ases e um Coringa, com grande sucesso de público que cantou na avenida: “Mangueira, onde é que estão os tamborins, ô nêga?”

É com esse que eu vou (samba de carnaval, 1948) – Pedro Caetano
“É com esse que eu vou” conclama o espírito carnavalesco a pisar na avenida sem menores distinções de raça ou classe. O importante é ir no embalo do samba que alegra o carnaval brasileiro. Uma festa que começou no caderninho de Pedro Caetano durante uma viagem de trem de Vitória para Belo Horizonte, passou pelas vozes dos Quatro Ases e um Coringa e chegou até Elis Regina, regravando-a 25 anos depois de lançada em 1948.

Pedro-Caetano-Com-Esse-Que-Eu-Vou.jpg

Lido na rádio Itatiaia por Acir Antão em 06/02/2011.

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5 Comentários

  • Grande Pedro Caetano. Li a biografia dele que comprei na mão de um vendedor ambulante no Rio. Grandes parcerias com Claudionor Cruz. Gravei no meu cd “A felicidade perdeu meu endereço”.

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  • Vidigal, vc já escreveu sobre a Elizeth Cardoso?? se não seria um boa.. é uma dica rs Abração

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  • Pedro Caetano foi dos grandes compositores que já cantei.fui classificado em dois festivais de serestas em Conservatória com as musicas Caprichos do Destino e Dama de vermelho. Um grande amigo, considerava um pai, Frequentava minha casa. gravei em compacto no ano l969 duas músicas de sua autoria. Quem Sabe Se É Você e Tentativa c/ parceria com Claudionor Cruz.

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  • Obrigado Raphael ! Gostei muito do texto sobre meu pai, Pedro Caetano. Ele é falecido, hoje eu sou sua “memória ” !!!

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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