Paul McCartney foi dos Beatles a estrela pop da música mundial

*por Raphael Vidigal

“(…) Deixo-as, como estalactites em meu poema, como pedacinhos de madeira polida, como carvão, como restos de naufrágio, presentes da onda… Tudo está na palavra…” Pablo Neruda

Uma página literária para Paul McCartney. Não sou esse jornalista típico. Copo de uísque, estante à esquerda, na mesa o teclado. Da caverna vem com barbante no polegar. A camisa jeans sobre ombreiras vermelhas-amarelas-azuis do sargento Pimenta.

Mas um menino sai de casa à perigo, frouxo, trouxa nas costas igualando a esfera da lua minguante, presumindo assumir a forma de um ritmo elétrico, por isso ela aceita convicção e circunstância de osso de caveira, na boca do cachorro dobra a esquina e o rabo abana, uma melodia, nota, timbre…

“What if it rained?
We didn’t care
She said that someday soon
The sun was gonna shine.
And she was right,
This love of mine,
My valentine”

Quantas as noites de namoradeiras, garotas histéricas, na eira do palco, sem beira, veja a gueixa do companheiro ao lado. Toda a indecisão responsável pelo fim de uma das bandas, protocolar marco da coalizão frenética, mini saias besouros rodopiam: The Beatles.

Assumo a culpa por ter lhe deixado espanar dores no sótão imundo da legião estrangeira. Sozinho, dentro de seu carro buzinando, um submarino amarelo afundando no oceano da vertigem, e pássaros o espiavam com olhos de álibi.

“When you were young and your heart was an open book
You used to say live and let live
(You know you did, you know you did, you know you did)
But if this ever-changing world in which we live in
Makes you give in and cry”

Sou injusto. Compreendo a companhia dos pares, entes, dissidentes, cerceando, impedindo o clamor pessoal, obtuso, ambíguo. Mas eu não fui capaz de impedir a tua avalanche, e por isso coro toda vez que me bate na cara um cisco da sua autoria.

Paul McCartney, são só páginas literárias. Não leve a ferro e fogo a verdade desses indiretos desabafos.