“Mas queria que você entendesse os meus poços escuros, os meus becos – que me fazem mergulhar em silêncios às vezes longos. (…) Não devemos nos perder, somos tão poucos,” Caio Fernando Abreu
Acho que estamos indo pelo caminho errado. Não se apresse a considerar-me reacionário e em desfavor do progresso. Só noto uma falta de conteúdo quando se discute o futuro de engrenagens e fixa-se o pensamento nas ferramentas.
Notebook, computador, monitor LCD, Led Netbook, Tablet, MP3 e outras conotações do gênero tomam as manchetes dos jornais, já impressos em telas sensitivas. E é aí que se estabelece a confusão.
Considera-se sensitivo como sensível, troca-se fossa por bossa, e uma letra faz uma baita diferença, como o cedilha no lugar errado. A música tem seu futuro garantido na humanidade independente da mudança de suportes.
Essencialmente, o som espalha-se, seja por rolo, fita ou chip. Como se dará a proliferação do material? Tanto faz. É discutível a peregrinação em alta escala duma forma musical entendida nos parâmetros de outrora, pois já o rap muda alguns parágrafos, preceitos até.
Se falada ou cantada, rítmica ou melódica, chula ou farta, a música prosseguirá, perene em alguns casos, rala em outros tantos. Em qual automóvel irá sentar-se? No conforto acolchoado duma limusine ou na poltrona gasta dum ônibus bem cuidado pelo nacional transporte público.
De jeito maneira a música renasce, reacende, ressuscita, pois quem é vivo sempre pleiteia, diria o pirotécnico Zacarias, ousadia de Murilo Rubião, este sim, um inovador de estilo.
Raphael Vidigal
3 Comentários
Esse quadro do Kandinsky é sensacional!
É a industria Cultural..
Obrigado por participaram ativamente desse debate! Abraços