Maria Alcina (Cantoras brasileiras)

Cantora brasileira

É homem ou mulher? A voz que range feito porta em noite assombrada, as penas esvoaçantes qual quadril de fêmea em orgia enluarada. Como anjos, artistas não têm sexo, portanto Alcina é Maria, chame do que quiser, contanto que clame aos ouvidos a soberba presença daquela criatura extravagante, imponente e deliciosa.

Mineira, de Cataguases, implodiu o Maracanãzinho ao apresentar à platéia toda virilidade e força do ‘Fio Maravilha’, peça de Jorge Ben encourada com entusiasmo ímpar. Nunca abnegou as raízes, cruzes, carregou consigo no peito a madre Carmen Miranda, portuguesa de nascimento, brasileira no coração, assim como emprestou a potência às esquecidas cantoras do rádio: Marlene, Emilinha, Aracy de Almeida, Bando da Lua, revoltas em todas as verves, condensadas.

“Foi um gol de anjo
Um verdadeiro gol de placa

Que a galera agradecida assim cantava:
Fio Maravilha, nós gostamos de você

Fio Maravilha, faz mais um pra gente ver”

João Bosco e Aldir Blanc foram os responsáveis por outro mérito corporal da esfuziante cantora espreguiçada, tal maneira toda prosa de surrupiar a língua entre frases como o bicho estica a pata à banana no alto da árvore, lentamente atingido o galho, a gama, o gume, assim é ‘Kid Cavaquinho’ na interpretação pluma. E paetês, ora, espie o repertório malicioso de prendas nordestinas vistas com o duplo sentido de mão única que ergue moralidade a tudo que roce o ranço popular, menos bufa e mais libido. ‘Prenda o Tadeu’ e calor na ‘Bacurinha’ hão de ser germinados, germens, gemidos, de liberdade.

“O meu ganzá faz Chica Chica Boom Chic
Pra eu cantar Chica Chica Boom Chic
Uma canção o Chica Chica Boom Chic
Meu coração faz Chica Chica Boom Chic”

Mas não pense você, vulgo vulgar a quem miro o olho que Maria Alcina é assim tão decifrável, única, presumível em linhas e torques, sucessos escassos, vôos inóspitos, o lugar teu é na dúvida, onde a irreverência mora, seu legado é agora, presente momento em que mistura à seu som (amplo som, lúdico), batidas eletrônicas, metamorfoses contemporâneas, viagens ao passado, a perseguição é no ato, a ditadura dessa artista é alegria-bala.

Música brasileira

Raphael Vidigal

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6 Comentários

  • Com certeza, Maria Alcina é encantadora! Obrigado pela presença, Elisa.

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  • Maravilha, Alice agradeçe.
    Raphael vc está de parabéns, foi muito pontual.

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  • Eu que agradeço a presença Maria Fatima! Alcina merece isso e muito mais! Uma das grandes cantoras deste país. Volte sempre ao site =)

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  • Raphael, hoje estava disposta há matar minha Rainha. Ao longo de minha vida curtir Maria Alcina, achava que imitava, comédia, tenho 52 anos e desde os 17 anos quando ficava pesado o terceiro ano, matématica, física subia na cadeira e começava a cantar Alô, Alô era um delírio, minha sala hoje tem um grande maetro Fred Dantas, eramos loucos era uma maravilha. Fim de festa ela incorporava. No ano passado ela veio em salvador e meio mágico estava com ela na cabeça, aconteceu ela cantando Adoriran Barbosa, amei, achei que o universo conspirava, minha enteada que é jornalista veio passar o fim do ano aqui, eu querendo fazer um vídeo p/ globo na iniciativa de divulgar Maria Alcina, mandei p/ Huck, pedindo que com ajuda da produção dele poderiamos fazer uma homenagem a Maria Alcina. No meu face venho sempre colocando ela. Um dia lá descobrir que ela tinha um face, mandei uma mensagem, achei que ela tinha respondido mas depois descobrir que foi a assessora que p/ minha decepção era minha enteada, gosto dela acho ela bacana mas sentir um pouco boba da corte. Sempre tentei divulgar na rede colocar o nome dela no twitterr, aniversário.. hoje peço desculpas por essa invasão, pela minha falta de maturidade até pela falta do que fazer. É triste, sou alegre estava com um texto pronto, matando minha rainha. Vou descansar…..

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  • Infelizmente, esse é um procedimento comum, Maria. Entendo como deve estar se sentindo. =/

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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