Lula sobe a rampa como o presidente mais ligado ao povo da história

*por Raphael Vidigal

“Um líder político é aquele que ajuda um povo a nascer.” Rubem Alves

Quem viu Pelé jogar confessa o feito a altos brados com um indefectível orgulho. Podemos dizer o mesmo no caso de Lula. Assistimos à posse do presidente mais popular da história, o mais ligado ao povo, aquele com a maior trajetória de superação. Quando Lula subiu ontem a rampa do Planalto para ser empossado presidente do Brasil pela terceira vez, mais um dentre tantos fatos inéditos que ele acumulou, como ser o primeiro metalúrgico, o primeiro a indicar uma mulher para sucede-lo, o primeiro a chegar ao posto após ser preso, etc., etc., e etc., ele foi amparado por representantes do povo brasileiro.

A pergunta que fica é: quem mais teria a legitimidade de fazê-lo? E a resposta retorna a Lula. Apenas em seu caso, a solução para a inédita ausência do antecessor teria a força apresentada ontem. Ao lado de um cacique indígena, uma criança preta, uma cozinheira da vigília Lula Livre, uma catadora de papel, um operário, um professor e uma pessoa com deficiência, Lula era, entre eles, mais um deles, o retirante nordestino de infância pobre, sem diploma universitário, que foi eleito pelo voto popular em três ocasiões distintas, enfrentando desafios aos quais qualquer outro teria sucumbido, da fome à privação da liberdade. E Lula fez questão de relembrar as injustiças. Acenando para o futuro, ele recordou o golpe sofrido pela ex-presidente, Dilma Rousseff…

Não se trata de revanchismo, mas de um reparo histórico. Que tudo seja colocado em seu devido lugar com o retorno do metalúrgico, o torneiro mecânico, o sindicalista, ao posto mais alto da República, perseguido de forma covarde por seus opositores, que nunca abaixou a cabeça e que agora, ao lado do povo, mira seus semelhantes com a certeza de quem travou a luta com esperança e dignidade. Estigmatizado nos últimos anos, o PT deve seu gigantismo à personagem histórica que o conduz, e tem agora a oportunidade de se reconstruir debaixo de ataques menos intensos. Esse é o partido que levou a primeira mulher e o primeiro operário à presidência da República, e que venceu cinco eleições ao cargo desde a nossa redemocratização. Não foi fácil.

O que sustentou Lula durante esse percurso foi, justamente, a sua ligação com o povo, com o pobre, o esfarrapado, o oprimido a quem Paulo Freire almejava dedicar a melhor e mais ampla das educações. Na mais acirrada eleição da história do país, Lula saiu vencedor das urnas graças à ampla maioria que conquistou no Nordeste, região onde ele mantém a aura messiânica em razão de governos que levaram água e mitigaram a fome nos lares, e pelo profundo corte que nossa sociedade mantém entre os pobres e os abastados. Não fosse o povo, Lula estaria condenado até hoje, por uma classe média reacionária e uma elite assustadoramente ressentida, que ainda olha de esguelha para quem possui as qualidades do presidente. Um homem que fala embolado, erra o plural, brada contra a desigualdade, mas cujo raciocínio soa claro para o povo.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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