Hebe Camargo foi cantora antes de se consagrar como apresentadora de TV

Cantora brasileira

*por Raphael Vidigal

“O efêmero reluz, seu brilho é passageiro,
O autêntico perdura, eterno, verdadeiro.” Goethe

Quem a vê hoje assim tão bem vestida na televisão, não imagina que já foi uma caipira. E de microfone em punho, de sair pelos interiores cantando moda de viola de braço dado com a sua irmã, Rosalinda. Ou ela é que era a Rosalinda? E a outra a Florisbela? Não tenho certeza.

Com muito menos desenvoltura do que se vê hoje na televisão, mas com o mesmo jeito tranqueiro e desinibido que ela sempre teve. Desde os motivos de roda até os altos estandartes do amor, proferidos pelo Rei Roberto Carlos, ela sempre cantou as palavras.

“Nada além
Nada além de uma ilusão
Chega bem,
É demais para o meu coração…”

Tudo bem que nas entrevistas seja mais conhecida e tudo e tal e tal e coisa. Mas eu conheci de verdade foi a Hebe cantora. Com seu sorrisinho de ‘Estrelinha do Samba’, e depois ‘Estrela de São Paulo’, homenageando Carmen Miranda, contracenando com Agnaldo Rayol num filme de Mazzaropi. Foi dessa forma que ela gravou dois LP´s para a Odeon, um em 1956, outro em 1960.

A verdade é que o talento para os tapetes da fama sempre estiveram intrínsecos em sua trajetória. Olha que palavra arenosa. Mas é isso mesmo. Num céu de areias ela sempre brilhou como a concha do mar. Que ressoa através de suas apresentações os ecos da vida. Seja no palco de um grande show ou para uma platéia de auditório.

“Eu chegaria
Onde só chegam os pensamentos
Encontraria uma palavra que não existe
Pra te dizer nesse meu verso quase triste
Como é grande o meu amor”

Não por acaso, foi ela que substituiu Ary Barroso num programa de calouros na década 50, ainda nova, menina. Pois sempre teve tino atento para as coisas e os momentos mais importantes, decisivos. Hebe Camargo inaugurou na televisão brasileira o primeiro programa que dava atenção e espaço especiais às mulheres, ‘O Mundo é das Mulheres’.

Predestinada como ela só, nasceu num dia 8 de março, Dia Internacional comemorado desde que numa revolta em uma fábrica de Nova York, mulheres foram queimadas ao exigirem dignidade. Essa palavrinha mágica que Hebe Camargo empresta sempre à suas empreitadas.

LP Hebe

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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