Festa do Cinema Italiano acontece online e gratuitamente pela primeira vez

*por Raphael Vidigal

“Roma, Rôman, romântico romã,
Jak, Jákob, Jákobson, filho de Jacó,
preservar as palavras dos homens.
Enquanto houver um fonema,
eu nunca vou estar só.” Paulo Leminski

Já tradicional, a “Festa do Cinema Italiano” foi obrigada a se readequar em sua sexta edição no Brasil. Com a pandemia do novo coronavírus, a mostra acontece de forma online e gratuita até o dia 10 de setembro, com os 20 longas disponíveis no site da iniciativa – dois deles ficam no ar apenas por 24 horas. O recorte abarca filmes produzidos entre 2017 e 2020, sendo que quase a metade é de inéditos, como os documentários “O Aprendizado”, “Selfie”, “Normal” e o drama “Fortunata”, que rendeu à protagonista um prêmio local na categoria melhor atriz.

A animação é contemplada com “Gata Cinderela”. Os gêneros passeiam pelo suspense de “Testemunha Invisível” e “O Caravaggio Roubado” às comédias “Bendita Loucura”, “Como Um Peixe Fora D’Água” e “Os Mosqueteiros do Rei”, com direito ao romance em “O Sonho de Uma Família” e ao biográfico “Nico, 1988”, que acompanha os dias finais da cantora alemã que fascinou Andy Warhol, cantou com o The Velvet Underground e teve um affair com Alain Delon. “O Rei de Roma” e “A Vida em Família” se equilibram entre a comédia e o drama.

O primeiro é uma sátira às encrencas com a Justiça de Silvio Berlusconi, polêmico político italiano envolvido em desvios bilionários, que ascendeu ao poder com o discurso de combater a corrupção. Na trama, o Alter ego Numa Tempesta é um sujeito caricato que vive de charuto na mão, e tenta preencher a carência paterna com poder e dinheiro. Condenado, converte a pena em serviços à sociedade e passa a conviver diariamente com moradores de rua. Leve, o roteiro conduz o espectador a uma redenção farsesca das personagens.

“A Vida em Família” é mais delicado e prefere as sutilezas em sua narrativa intrincada. Chega a lembrar, por breves momentos, um dos filmes de Federico Fellini, cujo centenário é comemorado esse ano e que tem um de seus clássicos inspirando o batismo original da mostra: “8½”, de1963. A exemplo da tresloucada “Roma de Fellini” (1972), o protagonismo recai sobre a cidade, dada a infinidade de histórias jogadas na tela. Mas, aqui, não falamos da capital, e, sim, de uma cidadezinha, com um nome pra lá de sugestivo, entendido como “Desesperada”.

Fotos: Cenas de “A Vida em Família” e “O Rei de Roma”, respectivamente.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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