Entrevista: Marcos Paiva & a Era de Ouro da Música Instrumental

“Contar a alegria das duas irmãs ao se reconhecerem e jogarem uma nos braços da outra exigiria o acompanhamento de um muito afinado instrumento musical, encordoado com as próprias fibras de corações amorosos: com certeza, após tantas aventuras, mereciam a felicidade, que é muda.” Mallarmé

Marcos-Paiva

Quem tem parceiros como Bibi Ferreira, Cauby Peixoto e Maria Alcina não pode reclamar da sorte. E muito menos de tocar o repertório de Pixinguinha, Edison Machado e Lupicínio Rodrigues. E Marcos não o faz, pelo contrário, acrescenta números autorais e transita com a mesma eficiência pela música instrumental e cantada. Os elogios de público e crítica não são por acaso. Nascido em Viçosa, interior de Minas Gerais, pretende, para 2014, andar cada vez mais com pernas próprias, sem dispensar as companhias ilustres. “Abri minha empresa recentemente, a ‘MP6 Arte e Sons’, para poder encampar as várias ideias que tenho. Estamos trabalhando para lançar neste segundo semestre o disco ‘Choroso Vol.1’ e mais dois livros de música: o ‘Songbook Choroso Vol.1’ e o livro ‘O Contrabaixo na Roda de Choro’ com 40 chorinhos adaptados para meu instrumento. Está tudo caminhando bem. Vamos ver”, diz.

Com três álbuns na carreira, o primeiro lançado em 2007, “Regra de Três”, ao lado de Bob Wyatt e Lupa Santiago, de repertório instrumental, o segundo no mesmo ano, “São Mateus”, e o terceiro em 2011, “Meu Samba No Prato”, em que homenageia o baterista Edison Machado, Marcos avisa ao público mineiro a possibilidade de conferir os números de perto. “Quanto a Belo Horizonte, estarei aí no ‘Savassi Festival’ no dia 24 de agosto. Bruno Golgher nos convidou, e é sempre um prazer participar dessa festa musical”, elogia e logo destrincha parte da nova agenda. “Estaremos no ‘Painel Musical’ de Tatuí, interior de São Paulo, no dia 25 de julho. E lançarei um projeto em duo com o acordeonista Cleber Silveira. Tem coisas pré-agendadas, mas que infelizmente não posso adiantar agora”, confessa. E como pra música boa esmola pouca é bobagem Marcos também presta tributo aos 40 anos da falta de Pixinguinha.

CHORO
Marcos é músico e instrumentista, mas também atende ao chamado para arranjos e direções, funções que desempenhou, por exemplo, no espetáculo sobre a obra de Lupicínio Rodrigues, onde os cantores Zé Renato, Célia e Verônica Ferriani davam voz às músicas. Outro projeto que lhe custa bons fluidos e entusiasmo é o que aborda a ausência em cena de um dos maiores nomes do choro brasileiro em todos os tempos, mas não totalmente, pois Marcos e seus comparsas dão um jeito de preservar a memória dos menos atenciosos. “Ando viajando com o show ‘40 Anos sem Pixinguinha’, que é uma parceria com o produtor Fran Carlo e seu sócio Petterson Mello. Faremos vários ‘SESC’ do Rio de Janeiro no próximo semestre. Tivemos consultas para apresentarmos esse projeto aí, mas até agora nenhuma fechada”, admite. No espetáculo Marcos divide o palco, entre outros, com a cantora Vânia Bastos.

Mas como o menino nascido e criado no interior de Minas Gerais alcançou tantos nomes de peso e glórias importantes no cenário nacional e fora dele é uma história que remete, como de costume, ao começo do início. “O despertar para música aconteceu somente na minha adolescência, vendo meu irmão Daniel estudar violão erudito e mais tarde guitarra. Comecei a pegar o violão escondido e a dedilhar umas coisas. Fui experimentando sozinho e descobrindo que gostava daquilo. Depois disso, fui estudar violão popular com o professor Chico Nascimento. Tudo isso, ainda, em Viçosa, cidade na Zona da Mata de Minas. Nessa época, Viçosa era uma cidade de 50 mil habitantes, no máximo”, relembra. E foi nas miudezas do dia a dia que Marcos colheu aos pouquinhos os grãos que lhe permitiram encher o papo e soltar o ar da barriga com uma música preciosa. E precisa.

RÁDIO
“A primeira lembrança talvez seja do meu pai solfejando em casa, ou de minha mãe e de minha avó cantando canções da época do rádio”, recorda sobre o início da música em seus ouvidos. E logo elogia o talento da família: “Meus pais são afinadíssimos e muito musicais, e em minha casa se ouvia muita música”, orgulha-se. Já a escolha definitiva do instrumento a acompanha-lo na carreira aconteceu em momento de maturidade. “O baixo acústico surgiu na minha vida muito depois. Aos 28 anos de idade, veja você. E as referências são os contrabaixistas Scott La Faro, Gary Peacock, Dave Holland, Charlie Haden, Zeca Assumpção e Luiz Alves. Tem um músico que gosto muito e que tive algumas aulas com ele: Paulo Russo”, enumera. Mas houve também uma nova transição e momento na vida de Marcos Paiva, aquele em que trocou os acordes elétricos pelo acústico. E não se arrepende pelo visto e ouvido.

“O baixo acústico apareceu para ajudar a melhorar os meus ‘rendimentos’”, avalia com uma risada descontraída, e prossegue: “Isso, já em São Paulo. O baixo elétrico foi pela oportunidade de tocar em bandas de amigos de colégio. Como não tinha nenhum candidato, resolvi me candidatar. Queria ser guitarrista, mas tinha os dedos grandes e levemente atrapalhados para os trastes pequenos da guitarra. Mas a proximidade com o baixo elétrico foi impressionante, pois no segundo dia usando o instrumento, era um instrumento financiado pela Universidade Federal de Viçosa e que fica no Diretório Central de Estudantes”, explica, e continua: “Já me sentia muito confortável e empolgado”, afiança com a categoria de quem tirou do defeito a mina de ouro ao descobrir a água ao lado do cristal. E eis que essa pingava tanto que ainda jorra no oásis de Marcos Paiva. Sorte aos que ouvem a música de Peixes.

BAIXO
“Foi uma relação que começou por acaso e que foi virando essencial em minha vida”, Marcos ainda se refere àquele instrumento. “Hoje, meu duto criativo passo pelo baixo acústico”, declara-se. E não só por ele. Outros estímulos lhe apetecem muito. “Eu tenho uma tríade que me abastece musicalmente. Milton Nascimento, Tom Jobim e Pixinguinha. Descobri a música desses artistas exatamente nessa ordem. Então, tenho Milton como meu filtro para o mundo. Ouço o mundo através de sua música”, enaltece, para em seguida conferir os louros a outros heróis de sua saga. “Mas tem muita gente fantástica. Vou citar dez aqui: Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Radamés Gnatalli, Edison Machado, Dorival Caymmi, Chico Buarque, Keith Jarrett, Charlie Mingus, Villa-Lobos e Claude Debussy”, e se o clichê seria ‘fechar com chave de ouro’, Marcos escapa e deixa a porta aberta para novas preciosidades.

“Contemporâneos meus, gosto do Hamilton de Hollanda, Vinícius Dorin, Nailor Proveta, Rodrigo Campos, Luisa Maita, a bigband ‘Sound Scape’, enfim, teria que falar de muito mais gente. E, claro, os baixistas que citei e mais Miles Davis, Coltrane, Jaco Pastorius e Moacir Santos”, exalta. E com tanta gente desse calibre à solta, o mercado parece não acompanhar com a devida atenção e cuidado o ritmo do artista e da arte. Como confere a visão de Marcos Paiva. “Mudou muito nos últimos anos. Aliás, de 30 anos para cá mudou radicalmente. Hoje quase não existem hotéis, restaurantes, boates, rádios, programas de TV com música ao vivo. Claro, que ainda tem, mas comparado às décadas de 60, 70 e ainda 80, é muito pouco. Caiu para menos de 1/3”, lamenta-se em referência ao espaço para a música instrumental no país. Em contraposição, outro mercado parece bastante aquecido e em alta.

MERCADO
“Temos o mercado do ‘show business’ que ainda é muito grande. É o mercado do sertanejo universitário, dos cantores românticos, das músicas de massa. A tal MPB, da qual somos órfãos, teve seu período de glória dos anos 30 aos 70, depois foi decaindo até nossos dias. É difícil um artista desse seguimento ter uma boa agenda de shows todo mês, por exemplo. Mesmo tentando se renovar, a ‘nova MPB’ ainda amarga uma dificuldade de se colocar nas mídias por não ter apoio financeiro das grandes gravadoras. Então, se colocam nos mercados de nicho. E, assim, vão tentando crescer até terem condição de viabilizar algo maior”, constata. Com experiência internacional, Marcos faz uma salutar comparação. “Fora do Brasil, eu não morei. Mas trabalhei com a cantora portuguesa Teresa Salgueiro durante dois anos e posso dizer que lá, o mercado para o meu tipo de música é infinitamente maior e mais estruturado”.

E em sua visão o privilégio não se restringe a ele. “Aliás, para a música brasileira de melhor qualidade. A música brasileira que o mundo conhece lá fora é, ainda, aquela que se fez nas décadas de 40, 50, 60 e 70. Essa música e seus autores surpreenderam o mundo com uma música nova. Novos caminhos harmônicos e melódicos. Então, para esse tipo de música, o respeito lá fora é enorme”, atesta. Os motivos para tamanha diferença são pinçados com a mesma astúcia e cuidado que confere às cordas do baixo. “Sem querer lamentar, vivemos um capitalismo muito cruel e selvagem no ‘show business’ nacional. Aqui, somente quem tem muito dinheiro consegue se sobressair, pois os espaços de mídia são comprados. O jabá, que tentaram combater por aqui, e nunca conseguiram, é que determina a música que tocará nas rádios e TVs do país. Então, a concorrência fica desleal”, denuncia.

PLURAL
A despreocupação ou falta de interesse política na questão é um dos fatores preponderantes para a falência do mérito. Marcos, nesse sentido, não alivia. “Não gosto de lamentar, mas isso era para ser uma questão de polícia. Afinal, as rádios são concessões do Estado Brasileiro, e não de propriedade de alguém”, prossegue, e tenta, ainda, olhar com bons olhos o futuro que se reserva à música. “Mas, olho com otimismo, pois mesmo com tudo isso, produzimos muita coisa boa e muitos artistas se estruturam país afora. Então, a principal diferença para mim, é que lá fora o mercado é mais plural e diverso. Um pouco menos concentrado. E isso ajuda muito quem faz um tipo de música não estritamente comercial”, sublinha. Para quem saiu do Brasil para plagas do mundo inteiro, deixar Viçosa e invadir São Paulo e Rio de Janeiro parece fichinha, mas nem tanto ao céu nem tanto à terra, os poetas avisam.

“Saí da minha cidade por não ter acesso à educação musical. Em Viçosa, onde fiquei até meus 20 anos, não tinha professor de música popular, nem contrabaixistas bons, não chegavam métodos, nem revistas, e etc. E é bom lembrar que por mais que pareça que foi ontem, não existia internet. Veja bem, não existia internet. Eu estava ilhado. Parafraseando o Tom Jobim: ‘a única saída era a rodoviária’”, ri com bom humor dessas dificuldades, incorporando o mestre à vida outra vez mais. “Não havia possibilidade alguma de desenvolvimento ficando por lá. Discos, também, era artigo raro. Não existia CD, ou melhor, estava começando a nascer, e era absurdamente caro. Em pouco tempo, virei o baixista referência na cidade e não tinha como crescer a não ser indo embora. E foi o que fiz. Fui primeiro para o Rio, e, posteriormente, para São Paulo, onde já estou há 14 anos”, recorda com satisfação.

EIXO
Apesar de ter escolhido migrar para o centro econômico do país, Marcos não considera que esta seja uma alternativa única aos que pretendem viver de música no Brasil. “Penso que hoje seja totalmente possível você viver e evoluir na música sem estar no eixo Rio-São Paulo. A informação trafega facilmente pela internet e tudo é mais barato. Inclusive, instrumento musical, que na minha época era uma fortuna. Claro, que você precisa ter ao seu lado um bom professor ou amigos músicos tão interessados quanto você. Só assim se alcança alguma coisa. A troca e a convivência são o combustível necessário ao crescimento. E não só na vida musical”, afirma. E para comprovação da tese remonta outra vez mais ao passado que não lhe larga a gola da camisa. “Viçosa ainda tinha serenata. Vê se pode! Tinha seresta e seresteiros. Tinha a música sertaneja deixando de ser de ‘raiz’, mas ainda preservava a tradição”.

Outro combustível encontrado por Marcos na cidade natal estava em lugar mais restrito e fechado, mas que ainda se abria às inovações propostas. “A universidade federal de lá estimulava uma agenda, ainda que pequena, de shows e espetáculos teatrais. E claro, a cena do rock nacional, que invadiu o Brasil na década de 80, também passou por lá. Mas era uma cidade muito cultural. Lembro que no primeiro grande festival da cidade, além de Titãs e companhia, tivemos uma noite com Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal e Hélio Delmiro. Todos na mesma noite! Olha que coisa impressionante! E tinha uma cena de música instrumental que alimentávamos semanalmente nos bares e teatros da cidade”, relembra saudoso. Se hoje ainda é possível algo de tal similaridade parece depender menos dos alunos e professores, pois estes têm ido para a rua exigir os direitos a educação, saúde, segurança, cultura e arte.

CRIAR
Marcos não é de andar sozinho, pelo contrário. E os dedos que fazem tantas escolhas sensatas no baixo e nos altos escolhem também os ímpares e pares. “Tocar, é, por excelência, trocar. Dar e receber. Seja com seus parceiros de palco, seja com o público. Você entende a música da pessoa, digere dentro do seu universo sonoro-criativo, e devolve de maneira a contribuir para que se construa algo interessante e verdadeiro. Nem sempre isso é possível, mas muitas vezes sim”, assinala. Tânia Maria, Bibi Ferreira, Bob Waytt e Teresa Salgueiro são alguns dos que deram os braços a Marcos. “Com cada um, a abordagem é diferente, pois algumas músicas são mais abertas que outras. E quanto mais aberta, maior a possibilidade de interagir. Agora, mesmo que em algumas experiências você não consiga interagir musicalmente, alguma coisa você pode aprender ou ensinar”, considera.

“Foi assim com a Bibi Ferreira, por exemplo. Eu era um músico ‘a mais’ na mini orquestra montada para o espetáculo. Mas a possibilidade de conviver com aquela mulher apaixonada pelo que faz, se doando a cada minuto para realizar algo verdadeiro, foi um dos maiores ensinamentos que tive na vida. E ao mesmo tempo, poder passar essa visão para os outros músicos, foi uma forma de ensinar e transmitir algo novo para esses parceiros de trabalho”, discorre Marcos, que na sequência lembra de experiência diversa. “Com a portuguesa Teresa Salgueiro já podia me expressar musicalmente dentro do som. Dividir a responsabilidade em criar a sonoridade do grupo. Então é assim, cada experiência te acrescenta algo novo e te faz crescer”, encerra. Não sem antes lançar os olhos para o atual cenário musical brasileiro, em que, por razões antagônicas personagens lhe despertam a atenção.

PANORAMA
“Tem muita coisa boa na música brasileira hoje. Mas sinto que a música ficou um pouco mais rasa em função da indústria cultural e do desenvolvimento tecnológico. A indústria, seja de aparelhos eletrônicos ou de entretenimento, necessita do alto consumo para sobreviver. E esse funcionamento aliado ao marketing de se estar “in”, ou ligado, não deixa tempo e espaço para que algo novo seja maturado com um pouco de cuidado. As pessoas ficam ligadas 100%, mas não absorvem 1% do que passa em suas mãos”, decodifica. “Em compensação, a internet e as mesmas transformações tecnológicas conseguiram facilitar os processos de gravação de um disco. Então, por outro lado, temos uma enormidade de artistas nunca vista na história da música. E dentro do negócio música, ou qualquer outro negócio, quanto maior é a oferta, menor é o preço”, raciocina baseado em princípios de economia.

Porém, discussões protagonizadas por músicos recentemente no Congresso, inclusive em relação aos órgãos distribuidores de direito autoral, como o ECAD, mostraram uma insatisfação geral e comum. “O dinheiro saiu da indústria musical e foi para a indústria dos ‘players’. Agora, está saindo dos ‘players’ e caminhando para as empresas de ‘streaming’. Poderíamos discutir isso com tempo, pois é um assunto bem interessante e que o público de uma maneira geral desconhece”, argumenta Marcos Paiva. “Mas vamos lá. Ainda sim, vejo com bons olhos o nosso tempo, pois produzimos muita coisa interessante. Na música instrumental brasileira, estamos vivendo uma época de ouro”, exalta e exemplifica: “O choro se consolidando cada vez mais, o samba jazz retornando para ficar definitivo em nossa história musical, e a escola ‘Hermeto Pascoal’ com muitos seguidores”, sintetiza.

NOVO
Para Marcos há sim algo novo e de qualidade sendo maturado. “O choro está se abrindo para o mundo e absorvendo linguagens de todos os cantos do planeta e se redimensionando. Acho que deixamos de nos ver com olhos de etnomusicólogos ‘eurocentrados’, e estamos aceitando a nossa música para além do folclore. Estudando e padronizando estilos e técnicas. É uma resposta que poderíamos falar muito mais. Os nomes, eu já citei em resposta anterior, mas cito mais alguns como Zé Barbeiro, Trio Corrente, SoundScape Big Band, Rumpilez, Trio Curupira, Nailor Proveta, Jorginho Neto, Sidiel Vieira, Trio Ciclos, Alexandre Ribeiro, Alessandro Penezzi e Cesar Roversi. Na música cantada, eu falaria, além de Luisa Maita e Rodrigo Campos, as cantoras Fabiana Cozza, Mariene de Castro, Blue Bell, Luciana Oliveira, os rappers Emicida, Lurdez da Luz e Max BO e Russo Passapusso”, diz.

E para quem a arte é ilimitada porque não citar preferências nas artes plásticas, no cinema, teatro e na literatura? Marcos não se faz de rogado. “Ultimamente, li Nelson Rodrigues, João Cabral de Melo Neto, Norbert Elias e Michel Nicolau Netto, sociólogo, de quem sou amigo. Sou completamente encantado pela literatura de Guimarães Rosa. Foi a primeira coisa que li na vida e que vez sentido para mim. No cinema, tive minha fase do neorrealismo italiano e depois me abri para tudo. Gosto muito do Scola, Fellini e do Woody Allen. Na verdade, hoje, só não gosto de filmes de suspense, terror e de filme muito ‘cabeça’. Gosto de uma história bem contada. Os argentinos, por exemplo, tem feito isso muito bem”, elogia. Nas artes plásticas, adoro Torres-Garcia, Tarsila do Amaral, Portinari, Di Cavalcanti, Marc Chagall. Os muralistas mexicanos, eu acho muito interessante a contestação política na arte deles”.

ARTE
Marcos quer ainda dizer umas coisas de importância. Que deixou para o final. Uma é sobre a terrinha. “Adoro Belo Horizonte e Minas. Tenho dois grandes amigos do coração morando nesta cidade e uma parte de minha família também. Meu irmão, minha irmã e minha mulher formaram na Fafich, UFMG. Fui criado em Viçosa, como já falei, e minha concepção musical passa pela música mineira. Minha forma de ver o mundo passa por estas montanhas e pelo jeito introspectivo e contemplativo que aprendi no tempo que vivi em Minas”. Outra é sobre os ares. “Mas, artisticamente, me interesso pela potência, agressividade e a efetividade intrínseca na obra desses artistas. Gostaria de finalizar dizendo que a arte é ainda muito importante para o mundo. E por mais que a tecnologia nos acelere e nos transforme em pessoas mais rasas, dia a dia, é na arte, na poesia e no silêncio que nos enxergamos, nos encontramos, por inteiro e nos modificamos. Silenciar e olhar um quadro ou ouvir uma música é ainda uma maneira de nos conhecer melhor”. Portanto, olhe, e, se puder, ouça.

DISCOGRAFIA
2007 – Regra de Três (com Bob Wyatt e Lupa Santiago)
2007 – São Mateus
2011 – Meu Samba No Prato – Tributo a Edison Machado

Marcos-Paiva-entrevista

Raphael Vidigal

Fotos: Divulgação.

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13 Comentários

  • Matéria com beleza, conteúdo e inspiração de novos tempos para as artes no Brasil! Raphael Vidigal consegue captar, como poucos jornalistas, as informações preciosas de seus entrevistados. Aqui, no caso, o talento singular de Marcos Paiva.

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  • Parabéns, Raphael! Ficou muito bem escrita e estruturada! Só tenho que agradecer por isto.

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  • Voz da Vânia Bastos, com arranjo de Marcos Paiva, eu estava nesse Show, É DE ARREPIAR!!!

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  • Caro amigo saudações! como Minas gerais é rica em talentos,exemplo disso é o Marcos Paiva.Parabéns pela postagem e agradeço pelo envio.Fraterno abraço.Manassés Fróes

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  • Bacana! Legal demais você se lembrar do Estação Viçosa, que também para mim é inesquecível. E confesso que fico muito feliz e emocionada por poder ter participado um pouquinho da sua vida musical lá em Viçosa. As pequenas coisas se tornam gigantescas na nossa memória. Parabéns! Você já era um menino de ouro!

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  • Uma reportagem com um grande músico e amigo maior ainda, Marcão – Marcos Paiva. E o melhor de tudo: “nascido” em Viçosa, assim como PP, Maninho e Fofa. Beijos em todos.

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  • Puxa vida! É “com os olhos rasos d’água” que leio toda essa história linda, meu amigo talentoso e querido! Agora, você se esqueceu de contar quando a gente tentou substituir a corda do baixo por um cabo de acelerador de moto! Tempos magrelos e felizes aqueles! hehe

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  • Bastante completa a entrevista: passando não só pelo início e crescimento da sua história musical, Marcos (que guardo carinhosamente na minha lembrança), mas também pelo universo da evolução da música brasileira, pelas artes, pelos horizontes antigos e novos de nossa música. Adorei!! Bjs

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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