Entrevista: Cássio Scapin

“Moralidade é simplesmente uma atitude que adotamos frente às pessoas que não gostamos.” Oscar Wilde

A Viúva Alegre

Depois de se apresentar em Belo Horizonte com a peça “O Libertino”, dirigida por Jô Soares, o ator Cássio Scapin volta à capital atuando em outro espetáculo de contexto histórico: “A Viúva Alegre é um clássico, a opereta mais encenada no mundo”.

Porque isso acontece? As razões, para o intérprete de Njégus, segundo ele um “personagem cômico”, estão, em primeira estância, no pano de fundo da tragédia cômica cheia de traços oscarwildeanos que expõe a aristocracia em suas atitudes mais sórdidas: “A música em si é belíssima, maravilhosa, só ela já vale o espetáculo”, anima-se.

FÁBULA
Não bastasse isso há ainda a tradução de Millôr Fernandes, de acordo com Scapin “um mestre em manter a essência nacional. O grande trunfo do Millôr é que ele consegue fazer a plateia se identificar com histórias, aparentemente, distantes” diz.

As aparências enganam, pois embora a geografia possa nos dizer que os encontros e desencontros amorosos armados em cena ocorrem bem à nossa revelia, a condição humana nos põe em equivalência com os assuntos tratados, é o que afere Cássio: “Há uma moralzinha da história, como se fosse uma pequena fábula, a respeito de família, propriedade, consumismo, o que, creio, 90% das pessoas buscam.”

MÚSICA ERUDITA
Sobre a resistência do grande público à música erudita, Cássio atribui a um problema maior, referente à educação brasileira: “É uma questão de política cultural que reverbera no acesso das novas gerações. Apesar disso, existe um público jovem, muito expressivo, sedento por esse conhecimento”, afirma.

Em relação às preferências do entrevistado neste quesito, ele apresenta um farto cartaz: “Gosto de Vivaldi, Brahms, Wagner. Mas o meu preferido é Mozart. Ficamos mais inteligentes só de ouvi-lo”, garante.

E o desempenho musical do próprio Cássio poderá ser testado em cena, muito embora ele ressalte que “o meu papel é desenhado para um ator, foi todo um trabalho de ator mesmo, não de cantor, inclusive para cantar, porque a minha participação se dá em coros. Há muitos solos na peça, mas não me arrisco. Canto em um trechinho dançante”, encerra.

Cásio Scapin e elenco

Raphael Vidigal

Publicado no jornal “Hoje em Dia” em 21/10/2012.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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