Eddie Van Halen: um autêntico representante da tríade sexo, drogas e rock’n’roll

*por Igor Laguna

“Minha loucura está prevista pela irreversibilidade da vida.” Béla Tarr

Eu tinha uns 11 anos. Já havia sido introduzido ao rock especialmente pela MTV, canal que eu assistia praticamente o dia todo. Green Day, Cranberries, Oasis, Ozzy, Raimundos, Sepultura… Reunia-se tudo isso num programa só, o saudoso “Disk MTV”. Mas havia uma certa banda que volta e meia alguém comentava por lá, e que eu ainda não conhecia.

Um dia estava passando uma matéria justamente com essa banda. O guitarrista, tal de Eddie Van Halen, literalmente brincava com a guitarra, enquanto ria e fumava seu cigarro (marca registrada, que contribuiu para sua morte precoce). Aquilo me hipnotizou. Saí daquele momento com duas certezas: queria conhecer essa banda e aprender a tocar guitarra.

Na mesma semana, pedi ao meu pai para me comprar o CD do Van Halen numa dessas lojas que não existem mais (acho que chamava “Sem Nome” a loja). Levei o “Best of Volume I”. Ouvi tanto que o CD estragou (pode ter sido por falta de cuidado também). Mas depois comprei o “5150”, “1984”, “Balance”… Até mesmo o questionadíssimo “Van Halen III”, já com o vocal de Gary Cherone (ex-Extreme, famosa pelo hit “More Than Words”).

A guitarra eu pedi de aniversário, junto com um amplificador. Fiz aulas. Queria tocar como Eddie Van Halen… Tocar “Eruption” com perfeição. Obviamente nunca consegui. E tenho a certeza de que muitos jovens seguiram esse mesmo caminho e tiveram a mesma “frustração”. Talvez até Zakk Wylde, Dimebag Darrell, Eduardo Ardanuy… EVH é um deus do instrumento, do rock, da música. Só mesmo um adolescente, com toda a sua inocência, para achar ser possível chegar lá. Mas obviamente tudo isso marcou minha vida e rendeu excelentes momentos.

Não vou entrar na típica discussão de “Dave Lee Roth x Sammy Hagar”. Gosto das duas fases. Van Halen representa o autêntico “sexo, drogas e rock’n’roll”. Sem apologias a ilegalidades, é impossível fazer o que eles fizeram rezando um Pai Nosso antes dos shows, comendo frutas secas orgânicas e tomando Kombucha nos camarins. As brigas, as polêmicas, as loucuras, as extravagâncias: tudo isso é Van Halen.

Se há algo que sempre poderei falar que faltou em minha vida foi ir a um show desses caras. Também só vieram ao Brasil em 1983, antes de eu sequer existir (nem mesmo o clássico “Jump” tinha sido lançado ainda). Ateu convicto que sou, nesse momento torço para que exista vida após a morte, para que haja a possibilidade de ainda ter esse sonho realizado, num outro plano que seja.

Talvez hoje já esteja rolando por lá uma jam session de EVH com Randy Rhoads, Jimi Hendrix e Stevie Ray Vaughan. Ou até mesmo uma reedição da parceria com Michael Jackson em “Beat It”. Queria muito acreditar…

Obrigado por tudo Eddie. Ninguém é maior que você no rock. Alguns podem estar no mesmo patamar, porém, maior, eu garanto, não há. Pela primeira vez, a morte de um rockstar me arrancou lágrimas. E que 2020 acabe logo…

Foto: Divulgação.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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