*por Marcos Frederico, músico (compositor, bandolinista e intérprete)
“Seu canto é o próprio sol tocado na flauta!” Manoel de Barros
Geraldo Felipe de Castilho Prates, Dado Prates. Para muitos, Dadado. Amigo de todas as horas, prateleira de cima. Figura ímpar, de sorriso cativante e inteligência apurada. Canceriano espirituoso, apreciador de saraus e amanhecedor de noites inesquecíveis. Tinha o dom da escuta, amava lecionar, poderia ficar horas contando causos, além de ser um exímio poeta. Músico inspirado e inspirador, tocava flauta, sax, bandolim e violão. Gastava dias e papéis editando suas eternas partituras. Foi aluno de Juvenal Dias, Paulo Moura, Mauro Senise, Fernando Pacífico e Odete Erneth Dias, só para citar alguns dos maiores. Em sua caminhada profissional, lançou o marcante álbum “Brasilidade” (2000) e atuou ao lado de grandes artistas, como Milton Nascimento, Tadeu Franco, Paulinho Pedra Azul, Tunai, Flávio Henrique, Célio Balona, Chico Lobo, Túlio Mourão, Pena Branca & Xavantinho.
Dentre as diversas composições, destaque para “Caçada da Onça”, em parceria com Flávio Henrique – um clássico da música mineira que merece estar mais presente nos setlists. Em 2015, ele participou do álbum “Waldir Silva em Letra & Música”, na faixa “Quando Chora um Cavaquinho”, cantada por Ana Cristina, que também gravou “História Sem Fim”, outra parceria de Dado e Flávio Henrique. Ao lado de Dado, Fernando Bento, Ricardo Acácio e Thiago Delegado, toquei “Homenagem a Waldir Silva”, choro composto por Flávio Henrique e lançado no disco “Sem Palavras” (2018).
Amante do futebol, Dado era atleticano. E, diante de uma goleada aplicada pelo Galo no Arsenal da Argentina, em jogo válido pela Taça Libertadores da América, compôs um belo tango, intitulado “Avellaneda 5×2”. Ficam as lembranças, a saudade e o seu legado musical. Vai com Deus, meu amigo,
Marcos Frederico
Imagens: Dado Prates em apresentação no Conservatório de Música da UFMG; e detalhe da partitura “Avellaneda 5×2”, respectivamente.