“Vida para zombar do movimento:
Pois as cascas, ante mim, movem-se,
Ribombam as palavras: conchas criam conchas.
O homem vivo, longe de terras e prisões,
agita os casulos secos,” Ezra Pound
Duas sacolas podem ser dois pesos, como das rodas extrai-se o movimento. A madeira estica, atrai, comprime. O espelho fixa e nele nada mais se distingue. A exposição “As Máquinas de Leonardo Da Vinci” aciona o mundo contemporâneo de um artista ilimitado quanto a tempo, espaço, arte ou física. O traço elaborado quanto o cálculo até mesmo exato progridem na contrição do gesto agudo e enigmático.
Todos: adultos, crianças, homens, mulheres, velhos e adolescentes permanecem com a abobada expressão no verso, pois a capa logo se atreve a tocar incauta os objetos. Alguns elásticos, outros são firmes, mas cinge em torno o inquieto fio. Da sílaba à matemática, da bicicleta ao pára-quedas, do reservatório d’água à porta aberta, o mundo treme. Hélices, acrobacias, um olhar, Mona Lisa, o rufo é seco.
Leonardo Da Vinci de barbas e binóculos espia curioso o desconhecido, investe a bordo de discernimentos prévios, mas, sobretudo, e invariavelmente, uma obstinação livre, faísca de lâmpada, e inocente. Qual uma criança arrisca o dedo ante o aparador, a vela, o fogo, retira rápido, e noutra desmedida hora verte, pois há o pronto a que se pirraça, e o sentimento quente.
Raphael Vidigal
2 Comentários
Muito bom Vidigal!
Da Vinci e a exposição são ducaráio!