Crítica: “Cazuza – Pro dia nascer feliz – O Musical” não alivia barras nem emoções

“Todo dia a insônia me convence que o céu faz tudo ficar infinito!” Cazuza

cazuza-musical

A trajetória de Cazuza já foi contada em cinema, livro e televisão, e agora chega ao teatro com o musical “Pro dia nascer feliz”, mas é inegável que a melhor montagem da vida do protagonista foi feita por ele mesmo no contato diário com pessoas e sentimentos que transformou em canções. O próprio Cazuza afirma que “no final tudo vira letra de música”, ao conciliar-se com o namorado Serginho em uma das muitas brigas apresentadas no espetáculo.

Aliás, um dos maiores acertos do musical é não aliviar a barra para seu herói, como o próprio sempre fez questão. Preferia ser “amado por uns e odiado por outros como Caetano” do que “amado por todos como Roberto Carlos”. Além da persona pública explosiva, tendente a chiliques, esculhambações e agressividades, fica clara a ternura de Cazuza nos atos subliminares, nas palavras doces ditas em meio a ameaças, no humor inteligente e ágil usado para enfrentar a morte, na flexibilidade das ideias em contraposição à rispidez dos modos, e a comoção final a um personagem que tinha tudo para soar antipático é a catarse de uma vida legada à integridade, sem meios termos ou poucas palavras.

Estas foram muitas, intermináveis, poéticas e incuráveis, e se utilizo aqui a forma verborrágica é por não conseguir desvencilhar-me deste menino zombeteiro que iria mudar o mundo. Cazuza se não mudou o mundo mudou ao menos a vida de uma pessoa, que agora escreve estas palavras, e se um dia teve coragem, risos, lágrimas, deve muito à descoberta do exagerado que repercutiu o Brasil, a burguesia, a dor de cotovelo e a rebeldia sem calças. Mas tenho a impressão, muito provável, que as palmas desse musical são a prova indelével da contaminação de vários corações. Cazuza não alivia a barra.

cazuza-musical-critica

Raphael Vidigal

Fotos: divulgação

Compartilhe

Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn
Email

Comentários pelo Facebook

10 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Recebas as notícias da Esquina Musical direto no e-mail.

Preencha seu e-mail:

Publicidade

Quem sou eu


Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

Categorias

Já Curtiu ?

Siga no Instagram

Amor de morte entre duas vidas

Publicidade

[xyz-ips snippet="facecometarios"]