As 25 melhores músicas de Natal de todos os tempos

*por Raphael Vidigal

“O menino que não quer morrer,
Que não morrerá senão comigo,
O menino que todos os anos na véspera do Natal
Pensa ainda em pôr os seus chinelinhos atrás da porta.” Manuel Bandeira

O Natal se aventura à meia-noite com o som que vem do choro do Menino Jesus. O som de passos que caminham em direção ao Salvador trazendo-lhe oferendas. Os Três Reis Magos presenteiam como graça, agradecimento. É o sinal de devoção àquele que eles acreditam trazer em si a soma da união, dos bons valores, do amor à vida que se espalha em cada grão de areia, ou gota d’água. É o som surdo duma alegria que se vê no rosto de Maria e se faz na contemplação de José. É o som dos animais que permeiam a casa escolhida para nascer o Menino, na simples manjedoura que lhe abriga tal qual sua sabedoria perene.

Muito antes do som, há o barulho. Muito antes de castelos, palácios, riquezas, há manjedouras. Por isso muito antes da neve, dos sinos, das luzes e da barba branca que acolhe o corpo vermelho de um senhor bondoso e carinhoso para com as crianças, há a criação da fé ao homem, ao próximo, ao suplício eterno pela caridade pura e desprovida de interesses.

Pelo viver em ver o outro viver bem. E alegrar-se pelo outro como a si. Então haverá o som de harpas tocadas pelos anjos, tamborins tocados pelos sambistas e tambores tocados pelos reis magos do axé. Pois lá no início houve o deslumbramento provocado pelo choro do Menino Jesus e o sorriso cândido dos que permaneceram acortinados nele. A isso, comemora-se o Natal.

“Noite Feliz” (canção, 1818) – padre Joseph Mohr e Franz Xaver Gruber, versão brasileira: frei Pedro Sinzig, em 1912
Uma das canções natalinas mais populares de todos os tempos nasceu em 1818, quando o padre Joseph Mohr, da Áustria, escreveu a letra para a composição do professor e organista Franz Xaver Gruber. A canção foi apresentada pela primeira vez na paróquia de São Nicolau durante a Missa do Galo, e recebeu adaptações em mais de 50 línguas. Já transformada em clássico, a canção foi traduzida para o português em 1912, pelo frei alemão, naturalizado brasileiro, Pedro Sinzig, e, em 2011, se tornou Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, pela UNESCO. No Brasil, ganhou as vozes de Bibi Ferreira, Agnaldo Rayol, Leandro & Leonardo, Roupa Nova, Simone e Alcione.

“Jingle Bells” (canção, 1857) – James Lord Pierpont
Escrita em sol maior, a mais famosa canção natalina do mundo já foi tocada até no Espaço sideral, quando, em 1965, a tripulação a bordo da nave espacial Gemini-6A a colocou, literalmente, no ar, levando “Jingle Bells” para o livro dos recordes como a primeira a chegar a um lugar tão remoto. Publicada em 1857 pelo organista norte-americano James Lord Pierpont, ela foi concebida, originalmente, para celebrar o Dia de Ação de Graças, muito comum nos Estados Unidos. A letra se refere às experiências do narrador durante um passeio de trenó puxado por cavalos pela neve. Gravada por nomes como Frank Sinatra e Bing Crosby, foi regravada pelo The Carpenters, no ano 1978…

“Ave Maria” (hino de louvor, 1859) – Gounod e Bach
Charles Gounod, compositor francês famoso por suas óperas e músicas religiosas, se valeu de um prelúdio composto por Johann Sebastian Bach cerca de 140 anos antes para criar uma das mais famosas peças de adoração e louvor à Ave Maria. De forma indireta, unia-se assim, através da música, um compositor protestante a outro batista. A “Ave Maria” de Bach e Gounod foi publicada pela primeira vez em 1859, em latim, e, ao longo dos anos, foi interpretada por músicos de diferentes segmentos, do popular ao erudito, passando pelo instrumental, como no caso do cavaquinhista Waldir Azevedo. Elba Ramalho, profundamente ligada às celebrações sacras, também a cantou.

“Boas Festas” (marcha, 1933) – Assis Valente
Autor de músicas de sucesso lançadas por Carmen Miranda, o baiano Assis Valente se sentia solitário em um quarto de hotel na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, quando, na noite de Natal de 1932, compôs uma das músicas natalinas mais conhecidas do Brasil. “Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel…”, dizem os versos iniciais de “Boas Festas”, gravada um ano depois, em 1933, por Carlos Galhardo, com acompanhamento da Orquestra Diabos do Céu, regida por Pixinguinha. O sucesso foi tão grande que ultrapassou o período de tristeza vivenciado por Assis Valente. Em 1973, a canção foi relançada em um compacto pelos Novos Baianos, já no final do ano.

“I Wish You a Merry Christmas” (tradicional, 1935) – Arthur Warrell
Cantiga tradicional e folclórica de uma área do sudoeste da Inglaterra, “I Wish You a Merry Christmas” foi recolhida pelo organista e maestro britânico Arthur Warrell em 1909. Ele trabalhou no arranjo durante quase duas décadas, e, em 1935, finalmente a apresentou pela primeira vez ao público, em um concerto organizado pela Universidade de Bristol. Essa canção se tornou tão representativa das celebrações natalinas que angariou inúmeras regravações, sendo a mais celebrada a feita por Bing Crosby, o mais destacado cantor de temas natalinos, em disco que a trouxe como faixa-título e foi lançado em 1962. Na capa, Bing aparece com a vestimenta de Papai Noel, incluindo o seu gorro.

“Sino de Belém” (canção, 1941) – Evaldo Rui
Irmão do compositor de marchinhas Haroldo Barbosa, o carioca e radialista Evaldo Rui também enveredou pela música, mas não ficou restrito ao gênero carnavalesco, embora o seu maior sucesso seja, até hoje, “Nega Maluca”, parceria com Fernando Lobo lançada por Linda Batista, em 1950. Outro grande sucesso foi o samba-canção “Saia do Caminho”, feito com Custódio Mesquita e lançado por Aracy de Almeida, em 1946. Antes, porém, o tino para o sucesso o levou a compor uma versão para a histórica “Jingle Bells”, rebatizada por ele de “Sino de Belém”. Com esse nome, a canção foi lançada, em 1941, pelo cantor João Dias, num compacto da Odeon, e logo foi regravada por Tonico & Tinoco.

“White Christmas” (canção, 1942) – Irving Berlin
Foi durante a premiação do 15º Oscar da história que “White Christmas” ganhou a estatueta de melhor canção original. Composta por Irving Berlin em 1942, para o musical “Holiday Inn”, protagonizado por Bing Crosby e Fred Astaire, ela ganhou a voz do primeiro naquele mesmo ano. Mas seu sucesso não parou por aí, se tornando o compacto mais vendido do mundo, com mais de 50 milhões de cópias. Outro recorde foi batido por Elvis Presley. O topo da lista de discos com canções natalinas mais vendidas da história ainda pertence ao “Rei do Rock”. Conhecido, por sua tradução literal, como o “Álbum de Natal de Elvis”, o lançamento de 1957 alcançou a marca de 19 milhões de cópias ao redor do planeta Terra. “White Christmas” foi o grande destaque desse álbum…

“I’ll Be Home for Christmas” (canção, 1943) – Kim Gannon e Walter Kent
Outro clássico natalino, a canção “I’ll Be Home for Christmas” alcançou a parada dos dez maiores sucessos nos Estados Unidos logo que foi lançada, em 1943, na voz de Bing Crosby, que, dois anos depois, lançou um histórico álbum todo dedicado ao Natal, intitulado “Merry Christmas”, que também se tornou um clássico. De volta a “I’ll Be Home for Christmas”, a canção escrita por Kim Gannon e composta por Walter Kent tinha como intenção homenagear os soldados americanos envolvidos em guerras patrocinadas pelo país durante o período natalino. O título esperançoso afirmava que eles estariam de volta para o Natal. Em 1957, Frank Sinatra lançou sua conhecida versão da música.

“Silver Bells” (canção, 1950) – Jay Livingston e Ray Evans
Jay Livingston andava pelas calçadas de Nova York quando se sentiu inspirado pelos sinos usados pelo Papai Noel e pelos advogados do Exército de Salvação a escrever uma canção natalina. O parceiro Ray Evans conta uma outra versão, que, na verdade, a canção começou a nascer quando ele compartilhou com Livingston um sino que estava em sua mesa de escritório. Seja como for, “Silver Bells” logo se tornou um sucesso quando foi lançada, em 1950, por Bing Crosby e Carol Richards. Um ano depois, a canção passou a integrar o filme “The Lemon Drop Kid”, nas vozes dos comediantes Bob Hope e Marilyn Maxwell. Já Anne Murray registrou a sua celebrada gravação em 1981.

“O Velhinho” (valsa, 1953) – Otávio Babo Filho
Otávio Babo Filho está longe de ser tão conhecido como seu primo, o celebradíssimo compositor Lamartine Babo, um dos maiores da música brasileira. Ainda assim, é do advogado Otávio Babo uma das músicas mais conhecidas por todos os brasileiros. A valsa natalina “O Velhinho”, também conhecida como “O Bom Velhinho”, foi gravada em 1953, em um dueto de João Dias e Edith Falcão, com acompanhamento da orquestra de Oswaldo Borba, e nunca mais deixou de estar presente nas celebrações natalinas dos brasileiros. Apresentada em um concurso natalino, a música tirou o terceiro lugar, mas foi campeã na aprovação popular. Ela recebeu uma versão do grupo Roupa Nova.

“Cartão de Natal” (marcha, 1954) – Luiz Gonzaga
Luiz Gonzaga já era chamado em todo o Brasil de “Rei do Baião”, graças a sucessos como “Asa Branca”, “Juazeiro”, “Paraíba” e “Baião de Dois”, quando, em 1954, resolveu dar a sua contribuição para as comemorações natalinas, com a delicada marcha “Cartão de Natal”. A música trata da celebração a partir das origens nordestinas e pernambucanas de Luiz Gonzaga, natural de Exu, no interior do Estado. O arranjo leva o ouvinte para esses interiores do Brasil, aonde é possível ouvir coros de anjos e sinos repicando. A música ganhou uma bonita regravação de Elba Ramalho, no disco “Natal Bem Brasileiro”, lançado em 2008, com um time de intérpretes que reuniu Maria Bethânia e Zezé Motta.

“Natal das Crianças” (marcha, 1955) – Blecaute
Otávio Henrique de Oliveira era um negro tão distinto e tão orgulhoso de sua pinta que ficou conhecido como Blecaute. Cantor e compositor paulista, nascido em família humilde como a maioria dos negros brasileiros, trabalhou como engraxate e entregador de jornais antes de rumar para o Rio de Janeiro e investir na música. Logo, emplacou marchinhas como “Papai Adão”, “General da Banda”, “Maria Escandalosa” e “Piada de Salão”, que combinavam malícia com inocência. Um dos sucessos mais repetidos de sua trajetória, no entanto, foi a sensível marcha natalina “Natal das Crianças”, de 1955, que mereceu uma regravação da diva Bibi Ferreira, em 2012, no bonito álbum “Natal em Família”.

“Mary’s Boy Child” (calypso, 1956) – Jester Hairston
Compositor, arranjador, regente de coral e ator de radionovelas, o americano Jester Hairston era também conhecido como um dos maiores especialistas em espiritualidade negra. Em 1956, inspirado por um tema folclórico e o ritmo calypso praticado pelos indígenas, ele compôs a melodia “Mary’s Boy Child”, que logo depois ganhou uma letra a pedido de Walter Schumann, que a apresentou em seu coral no distrito de Hollywood, em Los Angeles. O cantor Harry Belafonte assistiu ao concerto e decidiu gravá-la, o que aconteceu com enorme sucesso. Tempos depois, o grupo vocal caribenho Boney M. lançou a sua versão deste clássico, em 1978, ao lado da canção “Oh My Lord”, outro hit.

“Jingle Bell Rock” (canção, 1957) – Joe Beal & Jim Boothe
Os compositores Joe Beal e Jim Boothe tiveram uma ideia que parecia infalível, e eles não estavam errados. Juntar as características de dois sucessos em uma só música. Assim, inspirados pela clássica “Jingle Bells” e “Rock Around The Clock”, sucesso de Bill Haley e Seus Cometas, eles criaram “Jingle Bell Rock”, que se tornou a canção a permanecer por mais tempo no topo das paradas de sucesso natalinas. A primeira versão foi lançada em 1957, na voz do cantor Bobby Helms, que se tornou a mais conhecida e acabou regravada por ele próprio inúmeras vezes. As novas gerações tomaram conhecimento desse clássico graças à comédia “Meninas Malvadas”, que rebobinou esse hit.

“E Nasceu Jesus” (Jovem Guarda, 1962) – Orlandivo e Roberto Jorge
Produtor do disco “Natal Bem Brasileiro” (2008), Thiago Marques Luiz foi o responsável por reunir nomes como Maria Bethânia, Zezé Motta, Dominguinhos e outros para cantarem músicas de Vinicius de Moraes, Roberto e Erasmo Carlos, Blecaute e mais uma porção de gente entendida no assunto. Mineira de Cataguases, a cantora Maria Alcina, que participou do projeto cantando “E Nasceu Jesus”, de Orlandivo e Roberto Jorge, relembra sua ligação afetiva com a data. “Fui criada acreditando em Papai Noel. Nossos vizinhos se fantasiavam e visitavam a gente. Para mim, o Natal é essa festa, está na minha alma”, afirma. Ela própria já até se fantasiou de árvore natalina…

“Tão Bom Que Foi o Natal” (samba, 1967) – Chico Buarque
O samba “Tão Bom Que Foi o Natal” é um dos menos conhecidos da extensa obra de Chico Buarque, tudo porque foi lançado na forma de um compacto para ser oferecido aos clientes da imobiliária Clineu Rocha, como brinde natalino. Apesar do intuito comercial, o autor não perde a poesia ao falar de brinquedos e esperança. A música, no entanto, carece de uma gravação mais apurada, já que seu registro ficou restrito a esse compacto. Ainda assim, podemos perceber a beleza dessa diferenciada canção natalina de Chico Buarque, um de nossos mais inspirados compositores. A faixa é uma verdadeira preciosidade, que comprova, uma vez mais, o talento de nossos compositores para versar sobre qualquer assunto. Ainda mais se tratando de Chico Buarque.

“Happy Christmas” (canção, 1971) – John Lennon e Yoko Ono
De saída dos Beatles, John Lennon fundou, em 1969, a Plastic Ono Band, ao lado de sua segunda esposa, Yoko Ono. A dissolução definitiva do famoso quarteto dos garotos de Liverpool que abalou as estruturas da música mundial foi confirmada em abril de 1970. Em 1971, John Lennon lançou “Happy Christmas”, uma canção de protesto contra a Guerra do Vietnã, que acabou se popularizando durante as festividades natalinas, já que o título também a levava a ter essa conotação. Na gravação, há a participação de um coral formado por crianças do Harlem, bairro negro e pobre da cidade de Nova York. E, no Brasil, a cantora Simone gravou a versão mais conhecida dessa música.

“Véspera de Natal” (samba, 1974) – Adoniran Barbosa
Os mais conceituados letristas e melodistas brasileiros pegaram papel e instrumento para criar canções natalinas. Embora a temática se repita, a abordagem revela uma diversidade incrível de impressões sobre a festa, passando pela exaltação, alegria, reflexão, tristeza e melancolia. O humor também marca presença, assim como o samba, a marcha, o pop e a valsa. Cronista da realidade brasileira, Adoniran Barbosa não poderia perder a oportunidade de lançar o seu olhar sobre o Natal. Com a já conhecida dicção, o compositor revela um retrato ao mesmo tempo triste e cômico, quando um sujeito pobre se disfarça de Papai Noel e acaba preso na chaminé de sua casa.

“Menino Deus” (samba, 1974) – Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte
O ritual se repete toda manhã. Paulo César Pinheiro toma café, lê os jornais e, sentado diante da mesa, coloca sobre ela folhas em branco, à espera da inspiração que inevitavelmente sempre vem, pelo menos há mais de cinco décadas, quando ele compôs o primeiro verso, com 13 anos. “Eu me lembro de não saber o que estava acontecendo comigo, fiquei agoniado, nervoso, então eu vi um papel e um lápis, e depois que escrevi foi que me acalmei e consegui dormir”, conta o poeta, letrista, melodista, dramaturgo e cantor, entre outras habilidades que um dos mais prolíficos artistas brasileiros vez ou outra explora. Entre as parcerias com Mauro Duarte está o comovente samba “Menino Deus”.

“Poema de Natal” (recitação, 1977) – Vinicius de Moraes
Vinicius de Moraes chamava a todos por diminutivos, como prova de seu imenso carinho. O “poetinha”, como ficou conhecido por conta dessa carinhosa mania, era um reconhecido galanteador, um poeta indiscutível, um letrista que fazia do simples a obra de sua arte, um homem apaixonado que exaltou o amor a vida inteira. Exaltou as mulheres e as belezas brasileiras. Quem poderia dizer que aquele diplomata demitido pelo governo militar se tornaria um dos maiores poetas do nosso país? “Poema de Natal” é a comprovação definitiva, recitado pelo autor sob o acompanhamento do violão de Toquinho, amigo de longa data. O mais que se diga será enfeite ante a vastidão das palavras de Vinicius.

“Natal Brasileiro” (samba-rock, 1986) – Jorge Ben Jor
Embora a tradição da canção natalina não seja tão popular como em países europeus e, principalmente, nos Estados Unidos, onde Frank Sinatra, Elvis Presley e Lady Gaga gravaram discos inteiros dedicados ao Natal, e o Carnaval e as comemorações juninas permaneçam como as festas que o brasileiro mais canta e celebra dançando, nossos compositores não se furtaram em poetizar a data em momentos esparsos de suas discografias. É o caso, por exemplo, de Jorge Benjor, que não deixa de ser Jorge Ben, como ele ainda assinava na época, nem ao cantar sobre o Natal. O balanço conhecido do artista e sua habitual batida de violão determinam o ritmo de “Natal Brasileiro”, samba-rock lançado em 1986, com o subtítulo “Que Natal É Esse?”.

“Então É Natal” (canção, 1995) – versão de Cláudio Rabello
Ironicamente, ao contrário do que apregoa o espírito natalino, foi uma espécie de vingança que motivou o maior sucesso comercial do gênero no Brasil. “Para um disco gravado a toque de caixa, num prazo de 20 dias, o resultado é muito interessante. A Simone tinha saído da Sony e queria dar um troco na gravadora. Deu certo, ela vendeu mais de um milhão de cópias do disco”, conta Rodrigo Faour, jornalista e produtor musical. Nascida no dia 25 de dezembro, a cantora aproveitou a coincidência da data para nomear o trabalho. Ainda hoje, a versão em português de Cláudio Rabello para “Happy Christmas”, de John Lennon, é uma das mais pedidas e comentadas em festas natalinas no Brasil…

“Feliz Natal Papai Noel” (samba, 1997) – Martinho da Vila
O samba também se aventurou nas comemorações natalinas, com a boa prosa de Martinho da Vila, que, em 1997, colocou na praça a extrovertida “Feliz Natal Papai Noel”, no álbum “Coisas de Deus”. Em 2008, ela foi regravada por Zezé Motta. O Natal de Martinho da Vila fala sobre trenó e do bom velhinho, mas também se refere aos cinco sentidos do corpo humano, dando uma abordagem totalmente original a essa tradicional celebração de fim de ano. Ao desejar “beleza para os olhos/alegria e belos sons para os ouvidos”, Martinho da Vila não deixa passar nem a libido, e pede, por fim, que “a justiça seja nua”. É um pedido de despojamento e retorno aos prazeres essenciais e mais sagrados.

“Meu Menino Jesus” (canção, 1998) – Roberto Carlos e Erasmo Carlos
Roberto Carlos enfrentava um dos momentos mais difíceis de sua vida com o agravamento do câncer de sua esposa, Maria Rita, quando entrou em estúdio para gravar o álbum de 1998. A religiosidade que sempre acompanhou o cantor tornou-se ainda mais presente nesse momento de provação. É desse repertório “Meu Menino Jesus”, uma sensível parceria com o amigo de fé e irmão camarada, Erasmo Carlos. Com o arranjo à altura do talento vocal de Roberto Carlos, a música reflete sobre o milagre que acontece na noite de Natal, com o nascimento do menino Jesus, e foi regravada por Cláudia Leitte e pela cantora Célia, no álbum “Natal Bem Brasileiro”, de 2008, com emotividade.

“Sagrada Luz” (samba, 1999) – Sérgio Santos e Paulo César Pinheiro
Através da pena de Celso Viáfora, Nei Lopes, Paulo César Pinheiro e Adoniran Barbosa, o Natal ganhou cores próprias em terras brasileiras. “Um detalhe fascinante é a diversidade rítmica das canções natalinas feitas no Brasil. Predominam as marchas, mas você tem valsa, sambas, cantos de domínio público, como pastoris, marujadas”, enumera Luiz Antonio Simas, coautor do “Dicionário da História Social do Samba”, em parceria com Nei Lopes, que participa do álbum “Um Natal de Samba”, colocado na praça em 1999. Ali também comparece um dos últimos registros de João Nogueira, que dá voz ao imprescindível samba “Sagrada Luz”, de Sérgio Santos e Paulo César Pinheiro.

*Bônus
“Sonho de Natal” (canção, 2021) – Oswaldo Montenegro
No ano de 1997, o cantor e compositor carioca Oswaldo Montenegro voltou a flertar com as artes cênicas. Criador de trilhas sonoras para filmes, balés e peças teatrais, o músico foi responsável pelas canções do musical infantil “Vale Encantado”. Gigantes, fadas, anões e duendes compõe o repertório de personagens, mas a grande estrela da companhia é mesmo a assustadora bruxa que ganhou um rap só para ela. Autor de sucessos como “Lua e Estrela”, “A Lista”, “Bandolins”, “Metade”, “Quando a Gente Ama”, dentre outras, ele resolveu poetizar sobre a sagrada festa natalina em 2021, com a sensível música “Sonho de Natal”, e que também ganhou um belo clipe nas plataformas.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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