Análise: 400 anos da morte de William Shakespeare, o bardo inglês

“‘Há algo de estranho, e que agora se
julgaria muito afetado na linguagem de Shakespeare
Cujos pensamentos comuns estão expressos em palavras
incomuns.’” Ezra Pound

Shakespeare

Muitos já questionaram se ele realmente existiu, tal como Cristo ou até mesmo Deus. E a comparação não é em nada gratuita. Para além do “Ser ou não ser”, o autor de “Romeu & Julieta” talvez seja tão conhecido quanto os outros dois, ao menos indiretamente. Está, por exemplo, na culinária mineira, uma das mais tradicionais do Brasil, na combinação de queijo com goiabada que leva o nome de uma das peças românticas do dramaturgo. Vira e mexe reaparece nos comentários políticos, quando se diz que algo não anda bem: “Há algo de podre no Reino da Dinamarca”, recorrem, trocando por vezes o nome do país.

A verdade é que o bardo inglês, na essência, um poeta, de frases ferinas e recheadas de sentido estético, soube conjugar as pretensões de seu tempo com as aflições que nunca cessam; o famoso “fale de sua aldeia e falará para o mundo”. Pois é justamente o que se observa em tramas onde despontam a vingança, a inveja, o ressentimento, a ilusão, o rancor, a esperança, o medo, a dúvida, e, aliadas a elas, a ironia, o drama, a sátira, o romance. Shakespeare passou à posteridade com ares míticos, o que se compreende dado o caráter popular de sua obra. Está no inconsciente coletivo assim como os ditados.

Mesmo os que não o conhecem ou sequer concebem a pronúncia de seu nome dizem suas palavras. Possui a força anônima dos folclores.

shakespeare-bardo

Raphael Vidigal

Imagens: pintura atribuída a John Taylor; e divulgação, respectivamente.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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