“Vezenquando baixa uma saudade, quase sempre clara como tem sido o ar verde-azulado deste verão, e fico sentindo falta do teu jeito lento de chegar pisando em nuvens, sempre azul.” Caio Fernando Abreu
Crápula das minhas aliterações, eu mesmo um pobre ponto mal costurado. Rio e o riso é grosso. Massivo maciço maço de cigarros estonteantes, puxo o primeiro: é Barry Gibb, homem bonito, robusto, alce dos Andes. Nele se sustentam os ases do baralho embaralhado por Eros.
O segundo cigarro de que me sirvo é Robin Gibb, esguio, raquítico, trágico. Uma tesoura cega tentando entrar num ambiente de malhas, rangedoras, qual máquinas em horário de trabalho. Insiste com a especiaria dum ramo duma espiga de milho. Chamam-lhe o espantalho, ele treme, mas não reage.
Logo no terceiro e último cigarro a experiência da forca, redimindo os erros protéicos, patéticos, profetizados. Um nome luva-guilhotina: Maurice Gibb, barba de pacifista, óculos de vingador. Arremete ao longe tua esperança desmedida, e compartilha o sumo do próprio gosto.
“Feel I’m goin’ back to Massachusetts
Something’s telling me I must go home
And the lights all went out in Massachusetts
The day I left her standing on her own”
Assim, sem fazer nada, de repente, extingui os três cigarros, numa maratona lúcida e alada – alucinada – em que o frigir dos ovos espevitou juncos, gardênias, lhanezas, abutres. Do anel infiltrado expulsa o sabonete azul-claro.
Se foram, os três irmãos revolucionários, três cigarros em mãos distraídas, esbaforindo, esperando, arruaceiros de voz diletantes. E é tão bom: ainda estão por toda parte. Mesmo onde está o alce, mesmo onde não estão Maurice e Robin. Querubins de asas bonina, violeta e verde (carregam-lhes pés de alface).
No fim inimaginável: caminham lado a lado, joelhos dados – união –
Raphael Vidigal
6 Comentários
Adorooo Bee Gees…. fiquei triste com o falecimento de um deles…. 🙁
Valeu estou curtindo é massa.
Rapha.. to amando os post do blog!
Você canta também ne??
Já fez uma avaliação com fono para conhecer mais sua voz???
Muito bom!!!
“O segundo cigarro de que me sirvo é Robin Gibb, esguio, raquítico, trágico. Uma tesoura cega tentando entrar num ambiente de malhas, rangedoras, qual máquinas em horário de trabalho”
Adorei!
Adoro…..
Obrigado pela presença de todos! Voltem sempre =)