Não, não me atrevo a dizer conhecer Bob Dylan. Mas também quem será, nem o mais arguto detetive parecerá (nos termos de parecer) o contrário. E a essa altura das pedras que rolam (aqui está meu jogo de palavras) uma pesquisa surgiria inócua. Portanto abstenho-me, levo e trago apenas os bolsos furados, cheios de canções surradas do folk, livre-me.
Que este não é o seu nome, não, não é o seu nome, sonâmbula dica na porta da geladeira às 4h da manhã, em busca do que? Robert Allen (uma coincidência com o poeta beat americano) Zimmerman, nascido no Minnesota, neto de imigrantes judeus russos, ou apenas um garoto.
“The answer, my friend
Is blowin’ in the wind
The answer
Is blowin’ in the wind”
Vamos às lentes de contato, de fato, calúnia e circunstância, afinal o que nos diferencia, animais no meio da selva, são as armas. Alguns andam com estilingues, obeliscos, ossos, metal fundido e pólvora. Bob optou por gaita e violão, letras ensangüentadas, algumas, cheias de meio-sorrisos borrados.
Tudo o que lhes entrego não se encontra nas circunferências, conferências, alarmadas espadas, escudos de saga, dos defensores da técnica e boa união de sabedoria à arte, é apenas. Sugiro que olhem aos olhos de graus e óculos, e vejam o que vêem.
“How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?”
Para mim, nesse macio passar de mão sobre o pêlo de gato arredio, mil faces numa lâmina transcendente, áspera, polida, parra, Bob Dylan, o gênero do homem inventado permite um leão de chifre, a chamuscar pela boca qual um dragão de cômodo.
Mito, fantasia, imagem, tudo que a mente de alcançar não toca, mas sente o tambor interno arredar espaço para índios mortos, antepassados gurus, carneiros, cangurus, harpejo, horda, fauna e flora. No fim das contas um sátiro grego, metade homem meio bode, a assoviar melodias para a multidão ensandecida que ao cantar, se alivia.
Raphael Vidigal
7 Comentários
E ele diz: “Como é a sensação de ser tamanha aberração?” e você diz: “Impossivel” enquanto ele te passa um osso.
LINDO Vidi!!!
Adoreii!!!!!
“letras ensangüentadas, algumas, cheias de meio-sorrisos borrados”
perfeitoo!! =)
Agradeço as palavras de carinho de todos que aqui passaram. Voltem sempre! Abraços
O PH “regassa” neste Esquina Musical!
Obrigado, Iaiá! Bjos
Amooooooooooooooooooooooooo…