“Sonhar é acordar-se para dentro.” Mario Quintana
Federico Fellini deixava-se filmar dormindo nos sets de gravação. A indiscrição (permitida) das lentes revelava não apenas a sua propensão para o espetáculo como a defesa que ele fez durante toda a vida do sonho – em duplo sentido: tanto literal quanto metafórico. Antes de se tornar um diretor consagrado, o italiano começou a carreira como caricaturista e manteve um hábito até o final da vida: desenhar os próprios sonhos, que depois ganhavam opulência, cores e movimentos diante das câmeras.
Nascido há um século, Fellini é tema da exposição itinerante “Gênio Imortal”, que até março deve passar por Moscou, Berlim, Los Angeles, São Paulo, Toronto e Buenos Aires. A estreia acontece em Roma, onde está prevista uma série de concertos da Orquestra Sinfônica, com música de Nino Rota e as trilhas sonoras dos filmes do “maestro”, como o diretor era conhecido. Em Rimini, sua cidade natal, foi inaugurado o Museu Internacional Federico Fellini. Abaixo, selecionamos algumas das maiores obras-primas do cineasta que venceu o Oscar, o Leão de Ouro e a Palma de Ouro.
“A Estrada da Vida” (1954)
Casada com Fellini durante 50 anos, a atriz Giulietta Masina protagoniza esse drama como uma carismática palhacinha que enfrenta um relacionamento abusivo.
“Noites de Cabíria” (1957)
Giulietta Masina é novamente a protagonista da película, mas, desta vez, ela dá vida à prostituta Cabíria, uma mulher romântica e ingênua que sonha com o verdadeiro amor.
“A Doce Vida” (1960)
Com Marcello Mastroianni no papel do jornalista entediado com a frivolidade da elite, o filme consagrou a cena em que a atriz Anita Ekberg se banha na Fontana di Trevi.
“Oito e Meio” (1963)
Filme mais autobiográfico de Fellini e considerado por muitos a sua grande obra-prima, “Oito e Meio” usa a metalinguagem para misturar sonho e realidade em sua narrativa.
“Histórias Extraordinárias” (1968)
Baseado em contos de Edgar Allen Poe, o longa-metragem é dividido em três segmentos, dirigido por cineastas diferentes, no caso Fellini, Roger Vadim e Louis Malle.
“Satyricon” (1969)
Livre adaptação do livro homônimo escrito pelo autor Petrônio no século I, o filme investe em um tom lisérgico e psicodélico, com pitadas oníricas e surrealistas.
“Amarcord” (1973)
O título do filme é uma referência a uma expressão italiana que significa “eu me lembro”. A narrativa é baseada nas memórias de Fellini em Rimini, cidade onde nasceu e cresceu.
“Casanova de Fellini” (1976)
O famoso conquistador italiano, conhecido por sua libertinagem, aparece no filme de Fellini sob uma ótica andrógina, futurista e mais surreal do que nunca.
“Ensaio de Orquestra” (1979)
Acusado por seus críticos de escapista e alienado, Fellini traça um panorama dos papeis políticos desempenhados por patrões, sindicatos e pelo capital nesse filme épico.
“E La Nave Va” (1983)
Ambientado em um navio luxuoso, onde os amigos de uma falecida cantora de ópera se reúnem para o funeral dela, o filme se apresenta como um falso documentário.
Raphael Vidigal
Fotos: Reprodução.