“Nada somos. No entanto, há uma força que prende
o instante da minha alma aos instantes da terra,
como se os mundos dependessem desse encontro,
desses prelúdios sobressaltados.” Cecília Meireles
Na próxima sexta (7), os Tribalistas se apresentam em Belo Horizonte e apresentam ao público o repertório de seu novo álbum, lançado em 2017, além de sucessos do disco de 2002, como “Velha Infância”, “Passe em Casa” e “Já Sei Namorar”. Aproveitamos a oportunidade para relembrar trios famosos da música brasileira e mostrar que, antes de Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brown, a prática já era uma fórmula de sucesso em vários gêneros, do sertanejo ao rock rural, passando pelo baião, bossa nova, psicodelia, jovem guarda e samba.
Trio de Ouro (1937)
Herivelto Martins formava com Nilo Chagas a dupla Preto & Branco quando conheceu Dalva de Oliveira. Logo, ele não teve dúvidas em convidar a intérprete para se juntar a eles. Unido, o trio registrou sucessos imortalizados na canção popular, como “Ave Maria No Morro”, de 1942, e “Lá em Mangueira”, de 1943. Com o fim do casamento de Dalva e Herivelto, em 1950, a cantora deixou o grupo.
Trio Nordestino (1958)
O Trio Nordestino nasceu de um fim. Foi com a saída de Luiz Gonzaga que Coroné, Lindú e Cobrinha batizaram o conjunto com o qual rodavam os bretões do país a bordo de sanfona, zabumba e triângulo. Com várias formações ao longo dos anos, o grupo gravou mais de uma centena de músicas e quase 50 discos. Entre os maiores sucessos estão “Procurando Tu”, “Chilique”, “Sobradinho” e “Neném”.
Trio Esperança (1958)
O Trio Esperança era uma família, e isso não é força de expressão. Formado pelos irmãos Mário, Regina e Evinha, o trio ficou conhecido ao se apresentar em programas da Jovem Guarda. Dez anos depois, Evinha deixou o grupo e alcançou sucesso nacional quando venceu o 4º Festival Internacional da Canção, em 1968. O trio seguiu sua trilha até 1975, com a cantora Marisa substituindo a irmã Evinha.
Tamba Trio (1962)
Luiz Eça, Bebeto Castilho e Hélcio Milito compuseram a primeira formação do trio, que durou apenas dois anos. Em 1971, eles se reuniriam novamente. Além de gravar sete discos de carreira, eles também entraram em estúdio com Edu Lobo e Nara Leão, no álbum “5 na Bossa”, de 1965. Como se não bastasse, acompanharam Carlos Lyra, Sylvia Telles, João Bosco, Simone e Quarteto em Cy.
Os Mutantes (1966)
Com Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, o conjunto gravou cinco discos, e legou para a música brasileira clássicos como “Ando Meio Desligado”, “Top Top” e “Balada do Louco”. Para completar, também participaram do álbum “Tropicalia ou Panis et Circencis”, em 1968. Em 1967, ainda acompanharam Gilberto Gil durante a execução de “Domingo no Parque”, no 3º Festival de Música da Record.
Trio Mocotó (1968)
Ainda em atividade, o Trio Mocotó mantém em sua linha de frente os incorrigíveis Fritz Escovão, João Parahyba e Nereu Gargalo. Instrumentistas de primeira, eles se conheceram na Boate Jogral, no Rio, onde acabaram se tornando amigos e parceiros de Jorge Benjor. A famosa batida que Benjor popularizou, conhecida como samba-rock, teria sido criada nesses encontros com os músicos do grupo.
Trio Ternura (1968)
Foi nos programas da Jovem Guarda que Jussara, Jurema e Robson iniciaram a carreira musical. Mas foi acompanhando Tony Tornado na histórica apresentação do 5º Festival Internacional da Canção que o trio conheceu o seu esplendor, quando interpretaram “BR-3”, de Antonio Adolfo e Tibério Gaspar. Em 1971, outro momento fascinante, quando gravaram um disco dirigido pelo cantor Raul Seixas.
Sá, Rodrix e Guarabyra (1971)
Luiz Carlos Sá, Zé Rodrix e Guttemberg Guarabyra criaram um estilo único na música brasileira, conhecido como rock rural. Juntos, os músicos lançaram apenas quatro discos, sendo os dois primeiros na década de 1970, e os dois últimos nos anos 2000, quando se reuniram novamente. Dentre as músicas mais conhecidas desse primeiro momento destacam-se “Zepelim” e “Hoje Ainda É Dia de Rock”.
Trio Parada Dura (1973)
A música sertaneja também tem o seu representante na história dos trios. E é um trio de peso, por assim dizer. A primeira formação do conjunto teve Delmir, Delmon e Mangabinha que, juntos, gravaram três discos: “Vida de Minha Vida”, “Quero Falar Com Alguém” e “Repertório de Ouro”. Entre os maiores clássicos do grupo paulista, permanecem na memória dos fãs “Último Adeus” e “Andorinhas”.
Trinca de Ases (2017)
Os contemporâneos Gilberto Gil e Gal Costa resolveram se unir a Nando Reis para sair em turnê, no ano de 2017. O encontro recebeu o nome de Trinca de Ases. Cantando músicas emblemáticas da carreira dos três, e algumas inéditas, a trupe gravou um disco lançado nesse ano de 2018, em que comparecem “Esotérico”, “Baby” e “Dois Rios”. Por enquanto, não existe confirmação de uma nova reunião.
Raphael Vidigal
Fotos: Daniel Mattar/Divulgação; e Polydor/Divulgação, respectivamente.