Obra atemporal de Oscar Wilde põe em debate a busca da beleza
O Retrato de Dorian Gray, publicado em 1891, é o único romance da obra do escritor irlandês Oscar Wilde, que viveu de 1854 até 1900, e tornou-se um dos mais célebres de todos os tempos.Descrito como um “dos clássicos modernos da Literatura Ocidental”, foi classificado pela BBC como 118 na lista dos 200 romances mais populares.
A história, situada na Inglaterra aristocrática do século XIX, gira em torno de um jovem que apaixona-se por sua própria imagem ao vê-la pintada em um quadro, (reproduzindo em águas novas o mito de Narciso) e faz um pedido para que não envelheça jamais, pois com o tempo perderia a beleza estonteante de seus traços. O suspense sobre seu fim começa quando estranhamente o pedido é atendido.
No entanto, o ponto forte da obra não está no suspense sobre o fim do garoto Dorian Gray, e sim nos diálogos costurados por belas descrições de ambiente e das pessoas ao redor. Constantes citações a obras de outros artistas de todos os campos (música, artes plásticas, literatura, teatro, etc.) e devaneios estéticos e culturais são o mote principal desse delírio afrodisíaco do dândi rebelde Oscar Wilde.
O Retrato de Dorian Gray, além de sua óbvia crítica à vaidade soa como um mero pretexto para que o esnobe autor do livro possa agraciar seus leitores com suas sarcásticas e debochadas divagações acerca da moralidade de seu tempo (e porque não, de outros tantos tempos).
Os controversos e incoerentes pontos de vista dos personagens nada mais são do que o Retrato de Oscar Wilde, que concede a cada um deles, com toques claros de tintas fortes, um pouco de sua rica personalidade.Os aforismos do autor retratam com tal sutileza de humor e espirituosidade o ridículo moral que regia e ainda rege complexas e pomposas sociedades, que este livro acabou por condená-lo à prisão não por suas críticas ao casamento e aos lords ingleses, mas pelo conteúdo homoerótico.
Nas palavras de Jorge Luis Borges, Oscar Wilde foi um homem que dedicou-se a “causar assombro com gravatas e metáforas”, conhecendo de perto todos os lados da vida. Apóstolo da frivolidade e hedonista convicto fez do momento e da experimentação sua grande obsessão, e tais aspectos são na verdade os grandes protagonistas de seu romance visual.
Após um polêmico relacionamento com Lord Alfred Douglas, foi condenado a 2 anos de prisão por “cometer atos imorais com diversos rapazes”. Depois de conhecer o glamour e a fama, morreu 3 anos depois ser libertado, pobre e abandonado por familiares e amigos.
Ficou sua excepcional capacidade de descrever a realidade através das palavras. “Sussurros ardis”, diria Chico Buarque.
Personagens:
Dorian Gray: Típico jovem rico e aristocrata da Inglaterra do século XIX, que no decorrer da obra vai transfigurando seus conceitos morais por influência do pensamento de Lord Henry, que se torna seu melhor amigo e confidente. Detentor de beleza física singular encanta homens e mulheres por conta de seus dotes, inclusive a ele mesmo.
Lord Henry: Alter-ego de Oscar Wilde. Aristocrata debochado e culto, que acaba gerando situações embaraçosas por suas divagações sobre a vida, sendo taxado de perverso por quem o conhece. Admirador e defensor convicto da beleza como a razão da vida se encanta pela personalidade de Dorian Gray e faz dele seu pupilo.
Basil Hallward: É quem apresenta Dorian Gray a Lord Henry. Pintor que segue as convicções morais da época, é o responsável pelo Retrato de Dorian Gray, que acaba gerando no jovem a vontade de não envelhecer jamais. Nutre por Dorian uma platônica paixão homossexual e faz dele seu ideal de beleza.
Sibyl Vane: Jovem atriz de teatro que se apresenta em uma pequena e pobre casa da época. Torna-se o grande amor de Dorian Gray, até que ele descobre a verdade sobre esse sentimento.
Ver também: Wilde (1997)
Filme sobre a vida de Oscar Wilde, dirigido por Brian Gilbert. Com Stephen Fry, Jude Law e Vanessa Redgrave no elenco.
Raphael Vidigal
14 Comentários
Lindas palavras, Raphael. Seu texto é realmente muito gostoso de se ler, a gente se emociona… Lí o livro, ví o filme! É muito bom pra podermos pensar, analisar e repensar valores. É uma obra atemporal de fato. Parabéns! Beijos…
Raphael Vidigal!!! Bom ler essa crônica…!
Muito bom Raphael….. Seu site é mesmo muito bom!! Curtido!:0
Livro sensacional!
minha mãe é doida pra ler esse livro!
Agradeço as palavras, Rita Brayner! Muito obrigado! =D
Com certeza, é realmente muito bom Diana Vidigal e Pedro Ramos, sua mãe depois que ler vai até querer reler….hehehe =)
Muito obrigado pelas palavras, Fátima!!!!! =)
O livro é muito bom. Gostaria de assistir o filme, mas ainda não tive oportunidade. Espero que eu não me decepcione! Grande abraço Vidi.
Obrigado pela visita e comentários, Luísa! É um ótimo filme, vale a pena ver, tenho em DVD. Abraços!
excelente obra, ella fue un elemento importante para ser enamorado por alguien
Obrigado, Americo! Volte sempre ao site. Atualizações diárias!
Adoro Oscar Wilde .
Obra considerada obra- prima da literatura inglesa.
Agradeço, Tereza e Ana Lucia. Abraços