“talvez o que divide o mundo não seja a política, mas a cama” Quino
Dentre tantas coreografias grotescas porque uma, especialmente, sobressai-se sobre as outras? Não cabe discutir a letra, afinal quase ninguém entende o que quer dizer o alarido inusitado de PSY. Autor e propagador do hit “Gangnam Style” em escala mundial, o sul-coreano rendeu ao Youtube, até agora, a exata quantia de US$ 8 milhões em publicidade.
Para ficar de queixo caído, não é mesmo? O visual extravagante, o contraste dos óculos pretos com o terno simetricamente azul, e o descabido de uma alegria infundada daquelas podem explicar o sucesso? Talvez. Mas não é o suficiente. Afinal, personagens aparecidos do mais absurdo dos mundos, por incrível que pareça, o nosso, existem milhões.
Tentaremos abalizar a questão com argumentos, provindos de informações. Gangnam é o nome de famoso, e glamoroso, bairro de Seul, a capital coreana. Entre os gestos do astro pop, nota-se a imitação de caubóis, alçados à fama por meio da indústria cinematográfica de Hollywood, isto já há um bom tempo. Portanto, não saímos do lugar. Ou talvez já estejamos na saída sem notar.
É que existe um grau de irregularidade em cada ser humano. O qual se denota por seu caráter estritamente alucinado e incompreensível. São os sonhos, as fantasias. Quando muitos se unem em massa e decidem sonhar de olhos abertos, um sonho besta, abobalhado, bobo, como a mais banal, fútil, e irrevogável felicidade, PSY enche os cofres de dinheiro: próprios e do mercado.
Raphael Vidigal