“caixas vazias, flores secas dentro de um livro,
chamam em circunstâncias solitárias
e deve-se abrir, e ouvir o que não tem voz,
deve-se ver as coisas que não existem.” Pablo Neruda
A distância entre Alemanha e Brasil parece pequena para Elisa Freixo. Igualmente acontece o feito entre a música de concerto e a arquitetura histórica de cidades como Mariana, Ouro Preto e Tiradentes. “O repertório está ligado à história dos instrumentos, foi na segunda metade do século XVIII que os órgãos mineiros foram instalados”, afirma.
Organista consagrada e requisitada, a musicista apresenta neste final de semana e no próximo dia 7 de dezembro, nas cidades citadas, as músicas do novo disco, gravado no país da capital Berlim, convidada pela igreja Waltersdorf, onde ocorreu o registro. “Eles querem dar início a uma série chamada ‘Monographien’, com várias gravações feitas em órgãos históricos dessa região”, diz.
DESCONHECIMENTO
Muito bem recepcionada por público e crítica europeus, a entrevistada diz “não haver resistência” no país de origem, mas desconhecimento. “Apresentamos centenas de concertos ao ano e percebemos um apreço muito grande”, afirma ela que, além de órgão, toca cravo, fortepiano e coordena projetos na Sé de Mariana.
ERUDITA
O espaço ocupado pela música erudita no mundo hoje é, de acordo com a entrevistada, “muito importante”. O número de orquestras jovens, superando cem, seria “um milagre provocado pelas leis de incentivo à cultura”. Como resultado, Elisa enxerga um aumento da demanda, público e interesse que não se limita à música, mas avança até os instrumentos e sua manutenção.
Esta é uma atividade à qual a musicista vem se dedicando com empenho, sendo uma das mais famosas no ramo da restauração e preservação de órgãos em todo o Brasil. A importância da atividade aparece perene em seu mais recente trabalho, segundo ela dotado de “uma sonoridade calorosa, delicada, alegre e diversificada em razão da qualidade do órgão”.
REPERTÓRIO
Quem comparecer aos shows de Elisa Freixo, poderá conferir um alto número de peças conhecidas, compostas por autores de Portugal, Espanha, e outros da América Latina, a saber, Scarlatti, Soler e Seixas, “músicos de corte com grande produção musical dedicada a coros, orquestras e instrumentos de teclas”, considera.
Haverá também espaço para compositores pouco conhecidos e outros anônimos, onde aparecem as músicas da região de Chiquitos (atual Bolívia), e os nomes de Xavier Baptista e Antonio Mestres. “Em comum o fato de terem trabalhado muito bem a técnica dos teclados, além de serem obras comuns ao cravo, órgão, clavicórdio e fortepiano”, conclui.
Raphael Vidigal
Publicado no jornal “Hoje em Dia” em 01/12/2012.
3 Comentários
Sonoridade eh o hino do galo!!
sem sombra de duvida uma “agradabilíssima sonoridade do órgão” e muito boa a entrevista…..nota-se o maravilhoso trabalho feito pelo portal, leia-se Raphael Vidigal.
Olá Raphael, boa tarde!
Sou Juliana e estou buscando informações de onde consigo comprar esse ultimo cd lançado pela Elisa Freixo. Você pode me ajudar?
Desde já agradeço,
Aguardo retorno,
Atenciosamente,
Juliana Baino
31-84388764