80 anos de Sylvinha Telles: só começando…

*por Raphael Vidigal

“Domingo
Canto dos passarinhos
Doce que dá para pôr no café” Paulo Leminski

Sylvia Telles estava só começando a carreira quando, em 1955, cantou num Teatro, em Copacabana, o samba “Amendoim torradinho”, composição de Augusto Garcez e Ciro de Sousa de intrínseca sensualidade, depois reinventada por Ney Matogrosso. Nessa época ainda não chegava a ser Sylvinha, título que só apareceria em sua discografia em 1962, ainda assim sem o Y. Se mudou de nome muitas vezes na carreira, passando de Silvia a Silvinha e depois Sylvinha, a intérprete manteve ilesas duas características: a leveza e o refinamento. Claro que existem outras, mas cabe aqui eleger tais.

Se o tempo não foi muito generoso com a cantora, que faleceu em um acidente de carro aos 31 anos, quando se preparava para nova turnê aos Estados Unidos, onde enfileirou sucessos e colecionou aplausos interpretando canções de Dolores Duran, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Antônio Maria, Tito Madi, Luiz Bonfá, Ronaldo Bôscoli, Carlos Lyra, Roberto Menescal, os irmãos Paulo Sérgio e Marcos Vale, e tantos outros, Sylvinha deu a volta nele, para usar uma expressão bem batida, com aquele tamaninho e voz de bem-te-vi, estava à frente do tempo. Foi a síntese do vigor, do estilo, da modernidade da bossa.

Precursora do movimento, ainda não inteiramente cristalizado e conceituado, Sylvinha soa, ainda hoje, nova, moderna, original, cheia de frescor. Isso por que, àquela altura, a bossa nova estava só começando, e Sylvinha Telles também…

DISCOGRAFIA
1957 – Carícia
1958 – Silvia
1959 – Amor de gente moça
1960 – Amor em HI-FI
1961 – Sylvia Telles U.S.A.
1962 – Bossa nova mesmo (com Carlos Lyra, Laís, Lúcio Alves, Vinicius de Moraes e Conjunto Oscar Castro Neves)
1963 – Bossa, balanço, balada
1964 – The face I love
1964 – Bossa session (com Lúcio Alves e Roberto Menescal & Seu Conjunto)
1966 – The Music of Mr. Jobim by Sylvia Telles
1966 – Reencontro (com Edu Lobo, Tamba Trio e Quinteto Villa-Lobos)

*Sylvia Telles nasceu em 27 de agosto de 1935, na capital do Rio de Janeiro, e morreu em 17 de dezembro de 1966, em Maricá, interior do estado.

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17 Comentários

  • Sylvinha mereceria um box da Universal com toda a sua discografia Odeon / Philips / Elenco. Sonhar não custa nada.

    Resposta
  • Conheci o trabalho da Dama Da Bossa Nova Sylvia Telles há cerca de uns dois anos, e passei a admirar seu trabalho.
    Vendo alguns dos vídeos dela, tão contemporâneos p/ a época, não dá p/ dizer que são dos anos 60, de tão magníficos que são. Mesmo estando em preto e branco.
    Ah, inclusive a música “Samba De Uma Nota Só” c/ Rosinha De Valença, acho muito gracioso e espontâneo a maneira como a Sylvia Telles canta, como se estivesse interpretando.
    Obs.: Tento imitá-la na frente do espelho! ()
    Mas, estou extremamente há anos luz, longe de chegar aos pés dessa diva da Bossa Nova.
    Bom, quando ela faleceu em 12/1966, estava longe d”eu existir, pois o mundo começou p/ mim em 10/1976.
    Tenho 42 anos, mas digo que, há momentos em que faço parte da era errada!

    Resposta
  • SYLVINHA, PRA MIM, É A VERDADEIRA MUSA DA BOSSA NOVA. SEMPRE GOSTEI DEMAIS DELA.

    Resposta

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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