50 anos da enigmática morte de Jimi Hendrix: suicídio, acidente ou assassinato?

*por Raquel Gontijo (jornalista)

“Se morro sobrevive-me com tanta força pura
que despertes a fúria do pálido e do frio,
de Sul a Sul levanta teus olhos indeléveis,
de sol a sol que soe tua boca de guitarra” Pablo Neruda

Considerado o maior guitarrista da história e um dos músicos mais influentes de todos os tempos, Jimi Hendrix consolidou sua fama em poucos anos de carreira. Seu estilo original e autêntico, que misturava rock, blues e psicodelia, levou grandes nomes da música à sua plateia e a um reconhecimento em todo o mundo.

Apesar da genialidade, Jimi Hendrix não conseguiu aproveitar a fama por muito tempo. Foram apenas três anos desde o lançamento do seu primeiro álbum, “Are You Experienced” (1967), até seu falecimento, em 1970, com apenas 27 anos.

Hoje, 50 após sua morte, uma pergunta ainda não foi respondida: qual o motivo da morte de Jimi Hendrix, uma overdose acidental, suicídio ou assassinato?

SUCESSO EFÊMERO
Jimi Hendrix nasceu em Seattle (EUA) no ano de 1942. Sua infância e adolescência foram marcadas por diversos conflitos familiares. Já adulto, Hendrix alistou-se para o exército americano, como voluntário para a guerra do Vietnã, mas nunca participou de nenhuma operação. Sua dispensa do exército serviu então de desculpa para se dedicar à música.

Hendrix tinha talento nato para tocar guitarra. Ao longo de sua carreira, sempre se dedicou e foi aprimorando técnicas, efeitos em amplificadores, pedaleiras e guitarras para conseguir fazer seu som autêntico. Canhoto, Hendrix criou habilidade para tocar guitarra até com os dentes.

Inicialmente tocou em bandas de apoio de cantores de soul e blues, até que, em 1966, Hendrix foi descoberto por Chas Chandler, baixista do grupo de rock britânico The Animals. Chandler levou Hendrix para a Inglaterra, conseguiu um contrato de agenciamento e produção e formou a banda The Jimi Hendrix Experience.

Em 1967, Jimi foi convidado para tocar no Monterey Pop Festival, um grande evento de música na Califórnia. Dois anos após, ele foi a principal atração do histórico Festival de Woodstock. O talento e autenticidade do guitarrista levou à sua plateia grandes nomes do rock, entre eles Eric Clapton, Jeff Beck, membros dos Beatles e The Who e o cantor do Queen, Freddie Mercury.

A DÚVIDA DA MORTE
No dia 18 de setembro de 1970, Jimi Hendrix foi encontrado desacordado em um hotel em Londres, no quarto de Monika Dannemann, uma pintora alemã que ele namorava. De acordo com Monika, na noite anterior, ela e o músico haviam passado parte da noite em uma festa onde, segundo ela, o guitarrista ingeriu anfetamina. Após a festa, o casal seguiu junto para o Hotel Samarkand.

A autópsia concluiu que Jimi Hendrix morreu nas primeiras horas daquele dia, asfixiado em seu próprio vômito, causado por uma overdose de nove comprimidos de soníferos e uma grande quantidade de vinho. Monika alegou em seu depoimento original que o remédio era dela, mas que Jimi teria tomado sem o conhecimento da mesma.

Há dúvidas sobre a negligência de Monika em prestar socorro imediato ao guitarrista. Alguns depoimentos dizem que Jimi foi socorrido no quarto, mas chegou sem vida ao hospital. Os médicos socorristas, no entanto, afirmaram que o cantor foi encontrado já sem vida no quarto de hotel.

Segundo amigos próximos de Jimi Hendrix, uma outra hipótese foi considerada: o cantor teria cometido suicídio e deixado um poema como carta de despedida. Há ainda uma outra versão, contada por James Wright, ex-técnico da equipe de Hendrix. Segundo Wright, o empresário de Jimi, Mike Jeffrey, confessou que contratou um grupo que teria invadido o quarto de hotel e forçado Jimi Hendrix a tomar vinho e soníferos.

Wright afirma que Jeffrey confessou tudo em 1971, um ano após a morte do guitarrista. O empresário, que tinha uma apólice de seguro no nome de Jimi Hendrix no valor de US$ 2 milhões, morreu em 1973 em um acidente de avião.

Um dos médicos que atendeu Jimi na noite de sua morte disse que é plausível que o guitarrista tenha sido assassinado, em razão da grande e atípica quantidade de vinho encontrada em seu organismo, cabelo e roupas.

O LEGADO
Apesar da morte prematura, os poucos anos foram tempo suficiente para Hendrix construir seu legado e deixar seu nome na história da música. Em 2009, o crítico da revista “Time”, Josh Tyrangiel, elaborou uma lista com “Os 10 maiores guitarristas de todos os tempos”, e o topo do ranking era liderado por Jimi Hendrix. O critico justificou a escolha do nome de Hendrix dizendo que “nunca ninguém combinou numa guitarra o blues, o rock e o psicodelismo com tanta facilidade e carisma como Hendrix”.

Em 2011, foi a vez da revista Rolling Stone classificá-lo como o melhor guitarrista em sua lista de “100 maiores guitarristas de todos os tempos”, desbancando grandes nomes como B.B. King, Keith Richards, Eric Clapton, Slash, Jimmy Page, Stevie Ray Vaughan, dentre outras lendas do rock mundial.

Em vida, Jimi gravou quatro álbuns com as bandas The Jimi Hendrix Experience e Band of Gypsys. Seu último disco (“Band os Gypsys”) foi considerado um dos melhores álbuns ao vivo de todos os tempos, alcançando o 5º lugar na Billboard 200.

Hendrix conquistou também diversos dos mais prestigiosos prêmios concedidos a artistas de rock durante sua vida, e continuou recebendo postumamente. Em 1992 entrou para o “Hall da Fama do Rock and Roll” americano; em 1994, foi-lhe dedicada uma estrela na “Calçada da Fama” de Hollywood; e em 2005, teve seu nome impresso no “Hall da Fama da Música”, no Reino Unido.

Além do talento nato, críticos de música afirmam que Jimi Hendrix tinha ótima técnica, dedicação, criatividade, originalidade, e que alcançou o patamar de gênio da guitarra com méritos. Por esses atributos, Jimi consolidou-se como o melhor guitarrista da história, e segue inspirando diversas gerações e aqueles que reconhecem o brilhantismo de seus trabalhos.

Fotos: Site Oficial/Divulgação.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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