5 marchinhas compostas por mulheres

“Ó Abre alas/ Que eu quero passar
Eu sou da Lira/ Não posso negar
Rosa de Ouro/ É quem vai ganhar” Chiquinha Gonzaga

As compositoras, cantoras e instrumentistas têm mostrado a cara e mudado o panorama do Carnaval na cidade de Belo Horizonte, cujo aumento da visibilidade para canções compostas por mulheres é latente. Um exemplo prático é a presença de 15 autoras inscritas no Concurso de Marchinhas Mestre Jonas 2018. Apesar do recorde, o número ainda é inferior em relação ao de homens.

Mas é uma mulher a autora da primeira música carnavalesca de sucesso da nossa história: Chiquinha Gonzaga. Composta em 1899, a marcha-rancho “Ó Abre Alas” estourou no Carnaval de 1901 e é definida pelo Dicionário Cravo Albin da Música Brasileira como “pioneirismo da produção carnavalesca, antecipando-se em 20 anos à fixação do gênero”. A publicação ainda afirma que a música seguiu como a preferida dos foliões por nove anos seguidos, até as festividades de 1910.

“Beijo Mesmo”
(Aline Calixto e Juliano Butz)

Beijo, beijo, beijo/ Eu beijo mesmo/ Beijo mesmo/ Quem eu quiser (Bis)
Beijo quem me der na telha/ Seja homem ou mulher/ E se difícil for de identificar
Eu beijo mesmo/ Basta apenas eu gostar/ Beijo, beijo, beijo/ Eu beijo mesmo
Beijo mesmo/ Quem eu quiser (Bis)/ Só não pode beijar à força/ Assediar quem não quer te amar
Pra ser astral, tem que ser consensual/ Beijar na boca e curtir o carnaval

“Trombeta”
(Rita Guerra e Regina Paletta)

Eu, mocinha de 60, adoro chá/ De limão, camomila e chá de menta
Mas peguei a folha errada no quintal/ Nunca bebi nada igual
Por favor, não experimenta/ Comecei a ver cometa/ Segui sua cauda estrelada
Fui cantando pela rua/ Abracei e beijei muito/ Se mais fiz não estou lembrada

Êta, Êta, Êta/ Toca trombone, toca trombeta/ Já cheguei na Praça Sete
Subi naquele obelisco/ Vi o mundo como um cisco/ Tô me achando a Ivete! (Bis)

“Adeus de Carnaval”
(Inês Aroeira Braga)

Eu não posso mais entrar cantando/ Nos salões, a brincar/ Eu não posso mais jogar confetes
Que reluzem, ao luar/ Meu amor que eu tanto quis partiu/ Foi embora, fez-me tanto mal
Pois deixou-me numa noite linda/ Linda noite de Carnaval/ Por isso hoje já não tenho encantos
Pra rimar um canto que faça sonhar/ Mas deixo nesse meu amor a linda lua
Deixo o meu bloco na rua, pra poder me consolar

As estrelas no céu longínquo/ Perderam o brilho, o luar chorou/ A serpentina triste e sozinha
Abandonada, no chão ficou/ Eu vi ao longe passar um rancho/ Seu canto leve marcou o final
Do amor que se foi na noite/ Noite linda de Carnaval

“O Baile do Cidadão de Bem”
(Jhê Delacroix e Helbeth Trotta)

“Essa Marchinha vai pra todo cidadão que defende
com unhas e dentes o estado democrático de direita”

Veja só quem vem/ É o cidadão de bem, é o cidadão de bem!/ Contra a corrupção/ Taça de champanhe na manifestação
Eu só ocupo duas vagas no supermercado/ Porque meu carro é top e muito bem tratado
Meu malvado favorito só voa de jatinho/ Eu tenho fé em deus ele não vai cair sozinho

Veja só quem vem/ É o cidadão de bem, é o cidadão de bem!/ Contra a corrupção/ Taça de champanhe na manifestação
A Sehrazade me conta toda noite/ Lugar de vagabundo e transviado é no açoite/ Bandido bom é bandido morto
Porém sou humanista, não sou a favor do aborto/ Veja só quem vem/ É o cidadão de bem, é o cidadão de bem!
Contra a corrupção/ Taça de champanhe na manifestação

Eu repudio veementemente as provas cabais/ Vou bloquear quem me ofende nas redes sociais
No movimento boca livre da varanda “gourmet”/ Eu vou bater minha panela “le creuset”
Veja só quem vem/ É o cidadão de bem, é o cidadão de bem!
Contra a corrupção/ Taça de champanhe na manifestação

Salve! O cidadão de bem (Amém!)/ Nessa privada o público é de ninguém
Nessa privada o público é de ninguém/ Nessa privada o público é de ninguém!

“Marchinho”
(Brisa Marques)

Se você acha um absurdo/ Uma mulher tocando surdo
Se prepare que a mulher mineira/ Vai ocupar a bateria inteira
Discurso pró-cultura/ Só na preliminar/ Segura que tá dura
Hoje eu vou te pegar/ Não vai, não vai, não vai
Nem venha que não tem/ Sua pinta de papai/ Só serve pra fazer neném

Sem ‘boa noite, Cinderela’/ sem piadinha de machão
Meu corpo na passarela/ Não é o seu corrimão
Desfez o Facebook/ Tentou mudar o look
É um personal cook/ Se bobear até formou na PUC
Não vai, não vai, não vai/ Nem venha que não tem
Sua pinta de papai/ Só serve pra fazer neném

Raphael Vidigal

Fotos: Léo Fontes/Jornal O Tempo. Nas imagens: Aline Calixto, Irene Bertachini, Jhê Delacroix, Brisa Marques, Deh Mussulini e sua filha, Lira.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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