11 artistas consagrados que tiveram comportamentos condenáveis

“A lua não tem porta. É uma face em seu pleno direito,
Branca feito cartilagem, incrivelmente chata.
Draga o mar como depois de um crime sujo; está quieta
Com a boca aberta em completo desespero.” Sylvia Plath

As mãos estão cheias de sangue e, ao olhar-se no espelho, a imagem refletida é a de um homem em trajes femininos, com uma peruca castanha na cabeça e olhar assustado. Esta é uma cena de “O Inquilino” (1976), um dos filmes mais perturbadores de Roman Polanski, e ninguém poderá assegurar que ela aconteceu na vida real, embora a personagem principal também fosse interpretada pelo diretor. Fato é que, um ano depois, em março de 1977, Polanski seria preso na casa do ator Jack Nicholson, em Los Angeles, nos Estados Unidos, por abusar sexualmente de uma menor de idade, a jovem modelo Samantha Geimer, de 13 anos, após oferecer bebidas e drogas a ela.

Àquela altura, a biografia do cineasta já contava com tragédias pessoais das quais ele fora vítima, como a morte de sua mãe, judia e grávida, nos campos de concentração nazistas, e o assassinato de sua esposa Sharon Tate, de 26 anos, pela seita satânica de Charles Manson, com várias facadas na barriga, quando ela estava prestes a dar à luz seu primeiro filho. Desta vez, ele assumia o papel de carrasco, ao confessar o crime contra Samantha e escrever uma carta pedindo desculpas para ela e sua mãe. Polanski se entregou à polícia e passou 47 dias na cadeia. Solto com base em um exame psiquiátrico, foi informado por seus advogados de que seria preso novamente e resolveu partir para a Europa, tornando-se um foragido da Justiça norte-americana.

Cellini (1500-1571)
Autor de obras como “Leda e o Cisne”, o escultor italiano, nascido em Florença, matou o assassino de seu irmão em 1529. Na mesma época, foi responsabilizado pelo homicídio de um ourives. Acabou preso sob a acusação de trocar as gemas da tira papal. Ironicamente, o Papa Paulo III o livrara dos outros crimes.

Caravaggio (1571-1610)
Principal nome da técnica de pintura conhecida como “claro-escuro”, o artista italiano passou os quatro últimos anos de vida fugindo da Justiça. Ele foi condenado à prisão pelo assassinato do procurador e mercenário Ranuccio Tomassoni. A briga foi motivada por uma desavença entre eles após um jogo de azar.

Arthur Rimbaud (1854-1891)
O poeta francês é considerado o maior de todos os tempos por pares do porte de Vinicius de Moraes e Henry Miller. Com apenas 17 anos, ele produziu a sua obra-prima, “Uma Temporada no Inferno”, considerada pioneira do simbolismo. Aos 20 anos, ele abandona a escrita e viaja para a África, onde trafica armas.

Ezra Pound (1885-1972)
Expoente do modernismo na poesia norte-americana, Pound criou movimentos como o Imagismo e o Vorticismo. Em 1924, ele se muda para a Itália e passa a defender o fascismo, com pronunciamentos no rádio durante a Segunda Guerra Mundial. Preso em 1945, fica internado por 13 anos em um hospital psiquiátrico.

Jean Genet (1910-1986)
Ao longo da vida, o dramaturgo parisiense praticou diversos roubos, o que ficou evidente em seu livro de memórias intitulado “Diário de um Ladrão”. Filho de uma prostituta com pai desconhecido, Genet foi dono de uma trajetória errante que refletiu em sua escrita rebelde, inconformada e crua, como na peça “O Balcão”.

Klaus Kinski (1926-1991)
Protagonista de filmes como “Nosferatu” e “Aguirre: a Cólera dos Deuses”, o ator alemão admitiu em sua autobiografia que mantinha relações incestuosas com as próprias filhas. Pola denunciou que foi abusada por ele da infância à adolescência. A filha e também atriz Nastassja Kinski não compareceu ao velório do pai.

James Brown (1933-2006)
O “Pai da Soul Music” colecionou sucessos com a mesma frequência em que teve de enfrentar problemas na Justiça. Famoso por hits como “Sex Machine” e “I Feel Good”, reconhecido como virtuoso dançarino, o músico foi preso repetidas vezes por violência doméstica contra mulheres e pelo porte de arma e de drogas.

Lindomar Castilho (1940)
O cantor goiano era tido como o “Rei do Bolero”, graças a sucessos como “Você É Doida Demais”. Em 1979, ele se casou com Eliane de Grammont. Os ciúmes do marido levaram à separação. Em 1981, ele assassinou a ex-mulher com cinco tiros pelas costas e foi condenado a 12 anos de prisão. Em 1996, acabou solto.

Bernardo Bertolucci (1941-2018)
Em entrevista para a Cinemateca Francesa, em 2013, o diretor italiano conta que a atriz Maria Schneider não foi avisada sobre a cena do filme “O Último Tango em Paris”, em que o ator Marlon Brando pratica sexo anal com ela, se valendo de uma manteiga como lubrificante. Schneider nunca se recuperou do trauma.

Michael Jackson (1958-2009)
Durante a carreira, o astro pop conviveu com várias denúncias de abuso sexual contra crianças. A primeira aconteceu em 1993. Em 2002, surgiram novos casos, mas Michael acabou absolvido em 2005. Após a sua morte, o documentário “Deixando a Terra do Nunca”, de 2019, apresentou outras acusações de pedofilia.

Raphael Vidigal

Fotos: Roman Polanski e Sharon Tate em foto de David Bailey; e Ezra Pound em imagem de arquivo/divulgação, respectivamente.

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1 Comentário

  • Olá, segue algumas dicas. Genet era ladrão? Não me parece tão obscuro assim, uma enormidade de escritores da geração beat também o era, em especial o Jack Kerouack e Neal Cassady. Casos mais modernos podem lembrar a Inona Ryder e até o rabino Henry Sobel (estes alegam cleptomania). E para finalizar procure melhor sobre o MJ me parece que denúncias recentes do Anonymous (fonte questionável) dão conta de uma nova história. No mais bem massa, mas tem mais gente complicada na história, principalmente na idade média. Antigamente os poetas, escritores e dramaturgos eram bem malucos, têm casos absurdos.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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