10 pérolas da música popular brasileira

“Pintar um quadro é tão difícil quanto encontrar um diamante, seja grande ou pequeno. Todavia, enquanto todos reconhecem o valor de um luís de ouro ou de uma pérola pura, aqueles que amam os quadros e acreditam neles são, infelizmente, também raros. Mas existem.” Van Gogh

No ar desde o início do ano, o site Discografia Brasileira (discografiabrasileira.com.br) é uma contribuição única e fundamental do Instituto Moreira Salles para a memória da música e da cultura brasileira. Selecionamos algumas das principais raridades da plataforma.

Araci Côrtes foi a primeira cantora a gravar “Linda Flor”, em 1928, música de Henrique Vogeler e Luiz Peixoto que faria muito sucesso com Dalva de Oliveira. Um segundo registro da canção, feito por Araci em 1953, está disponível no site, assim como outros 73 fonogramas da artista. A maior curiosidade é a presença de “Denguinho”, uma das únicas composições de Araci, ao lado de César Cruz.

O sucesso espetacular da irmã acabou encobrindo o talento de Aurora Miranda. Claro que ser irmã de Carmen também abria portas para a cantora, que era seis anos mais nova. No site, é possível encontrar 171 fonogramas de Aurora. O mais antigo é “Cai, Cai, Balão”, de Assis Valente, gravado em dueto com Francisco Alves em 1933. “Cidade Maravilhosa”, de André Filho, aparece em três versões.

Em 2019, o centenário de nascimento do cantor Blecaute foi comemorado de forma tímida, quase indiferente. Mas o cantor foi um dos principais intérpretes de marchinha da música brasileira, como comprovam os 129 fonogramas disponíveis no site, que englobam 54 composições autorais. Entre as mais conhecidas estão “Maria Candelária”, “General da Banda” e a autoral “Natal das Crianças”.

Atuando no programa “A Praça da Alegria”, o músico Chocolate ficou mais conhecido como comediante. Apesar disso, ele criou canções que fizeram muito sucesso, como “Canção de Amor”, parceria com Elano de Paula lançada por Elizeth Cardoso, e “Vida de Bailarina”, feita com Américo Seixas para Angela Maria e regravada por Elis Regina. Há 13 fonogramas cantados por ele no site.

Nos teatros de revista que estrelava, Dercy Gonçalves imitava Araci Côrtes, Carmen Miranda, Vicente Celestino e Orlando Silva, além de também dar voz a músicas de Noel Rosa, Luiz Peixoto e Custódio Mesquita. Em 1957, na chanchada “Absolutamente Certo”, ela cantou uma versão pra lá de escrachada do sucesso “Jura”, de Sinhô, com direito a vários gritos. O fonograma está disponível no site.

Elvira Pagã foi uma figura polêmica da música brasileira. Na década de 50, ela promoveu o nudismo no Brasil, posando sem roupa em diversas ocasiões. Atriz, vedete, cantora e compositora, começou a carreira ao lado da irmã e foi homenageada em música por Rita Lee. No site, há 23 fonogramas de Elvira, com 14 composições. O primeiro sucesso, “Arrastando o Pé”, de 1944, também está lá.

Reconhecida como a primeira naturista do Brasil, a dançarina Luz del Fuego nasceu em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, assim como Roberto Carlos. Famosa por se apresentar nua com uma cobra, ela foi brutalmente assassinada por pescadores em 1967, aos 50 anos. Uma gravação rara de Luz para “A Los Toros”, marchinha de Nélson Teixeira e Alencar Terra, está no site.

Baterista, pintor, cantor, compositor e comediante, o carioca Monsueto foi um verdadeiro artista multimídia bem antes de o termo existir. São dele os sons indecifráveis ao final de “A Tonga da Mironga do Kabuletê”, de Toquinho e Vinicius de Moraes. Monsueto também é autor das célebres “Me Deixa em Paz” e “Mora na Filosofia”. No site, há 15 fonogramas em que ele canta e 68 composições.

A promissora carreira do cantor Vassourinha foi interrompida de forma precoce quando ele morreu em 1942, com apenas 19 anos, vítima de uma osteomielite. Com 12 anos, o cantor paulista já havia estreado no rádio. As únicas 12 gravações realizadas por Vassourinha estão no site, como “Seu Libório” e “Emília”, consideradas por Zuza Homem de Mello e Jairo Severiano como exemplares.

Nascido em Bom Despacho, no interior de Minas, o cavaquinista Waldir Silva chegou a ensaiar uma carreira no Rio, onde conheceu e se tornou parceiro de Zé Ramalho, mas optou por se fixar em Belo Horizonte. O choro “Telegrama Musical”, feito em código morse, chamou a atenção de Juscelino Kubitscheck e o levou a ter músicas em novelas. Além dele, há oito fonogramas de Waldir no site.

Raphael Vidigal

Fotos: Instituto Moreira Salles/Divulgação.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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