10 artistas da música brasileira que decepcionaram o público

*por Raphael Vidigal

“de ilusão em ilusão/ até a desilusão
é um passo sem solução/ um abraço
um abismo/ um soluço/ adeus a tudo que é bom
quem parece são não é/ e os que não parecem são” Paulo Leminski

Na era da realidade virtual, qualquer deslize fica gravado na nuvem, e o público pode acessar essa memória para reavivar rancores com seus antigos ídolos. A rapper Karol Conká talvez seja o exemplo mais claro e recente dessa tumultuada relação. Ela entrou no Big Brother Brasil 21 como a mais conhecida da casa e uma das favoritas a abocanhar o prêmio de 1 milhão. Porém, o comportamento com os demais confinados provocou sua ruína. Karol protagonizou barracos com Lucas Penteado, Carla Diaz, Camilla de Lucas, Gilberto, Arcrebiano e Juliette. O resultado foi um recorde de rejeição em sua eliminação, que atingiu os 99% e superou a marca de Nego Di, com 98%. Como Karol, outros artistas da música brasileira decepcionaram o público. Relembramos alguns casos mais recentes.

Projota
Projota foi outro que entrou no caldeirão do BBB21. E logo o processo de fritura do rapper tomou as redes sociais. Visto como favorito no início do jogo, ele começou a perder apoio ao se associar a Karol Conká, Nego Di e Lumena na perseguição a Lucas Penteado. Além de imitar de forma debochada o participante, Projota afirmou que, caso Penteado fosse ao paredão, o Brasil iria “nos dar esse livramento”. Na atração, ele também demonstrou um comportamento mimado, ao reclamar constantemente da comida da chamada xepa. Com o andar da carruagem, o cantor caminha para se tornar o novo vilão.

Nego do Borel
Nego do Borel se envolveu em várias polêmicas ao longo da curta carreira. A primeira foi em 2014, quando foi acusado de plágio pela música “É Ele Mesmo”. No mesmo ano, teve um vídeo de sexo grupal vazado na internet pelo amigo MC Tikão. Em 2019, respondeu a um elogio da transexual Luísa Marilac com um comentário preconceituoso. O pior caso, no entanto, veio à tona em janeiro de 2021, quando a ex-namorada Duda Reis o acusou de estupro, violência doméstica e agressão. O caso foi parar na Justiça e a polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa do cantor, onde achou réplica de fuzil.

Elba Ramalho
O nome de Elba Ramalho já havia aparecido nas redes sociais de maneira negativa quando foi divulgada a notícia de uma festa de arromba na casa que ela possui em Trancoso, para mais de 700 convidados, em plena pandemia. A cantora se pronunciou dizendo que havia alugado a casa e iria tomar as providências necessárias. Em janeiro de 2021, durante uma live com um líder religioso, Elba foi a protagonista da pendenga, ao associar o comunismo à pandemia do novo coronavírus. “Nós somos o incômodo, o calo dos comunistas, mas vamos permanecer fiéis”, disparou. Posteriormente, Elba pediu desculpas.

Djonga
Admirado por suas músicas, mas, também, pela postura dentro e fora dos palcos, o rapper Djonga decepcionou muitos de seus seguidores quando foi filmado durante um show no Rio de Janeiro, em dezembro de 2020, em que uma enorme plateia o recebeu nos braços em plena pandemia do novo coronavírus. Como se não bastasse, Djonga pulou e entrou em contato direto com a multidão. O caso rendeu até uma ameaça de morte ao cantor, que registrou um boletim de ocorrência contra o agressor. Nas redes sociais, o rapper se dividiu entre justificar a própria atitude e assumir um mea-culpa diante da aglomeração vista.

Amado Batista
Cantor de sucessos românticos associado ao estilo denominado brega, o goiano Amado Batista também investiu em outra faceta. Porém, ao se tornar fazendeiro, o sucesso não foi o mesmo daquele visto nos palcos. O músico foi multado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) por diversas irregularidades em sua propriedade e acumulou uma dívida milionária. Para completar, foi condenado pela Justiça a pagar uma indenização de R$ 60 mil aos filhos de um funcionário que morreu enquanto trabalhava em sua fazenda, localizada em Cocalinho, no interior do Mato Grosso.

Fagner
Em 2016, ao se apresentar em um festival na cidade de Caeté, em Minas Gerais, Fagner protagonizou um episódio lamentável. Irritado com a produção local, pediu emprestado o violão do músico Carlos Walter, que, em seguida, atirou ao chão, reclamando da qualidade. O destempero do cearense é conhecido. Mas as polêmicas não param por aí. No campo político, ele se tornou próximo do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, condenado nos Estados Unidos e banido pela Fifa, e recebeu críticas do jornalista Juca Kfouri. No segundo turno das eleições presidenciais de 2018, declarou seu apoio ao candidato Jair Bolsonaro.

Ney Matogrosso
Conhecido pela postura libertária à frente do grupo Secos & Molhados e, depois, na carreira solo, sempre investindo em figurinos exuberantes que destacam a sua persona lânguida no palco, Ney Matogrosso manteve uma posição oposta na vida particular. Reservado, costuma emitir opiniões de tom mais conservador, como na entrevista à Folha de S. Paulo em 2017, em que disse não se considerar representante de uma minoria: “Nunca peguei essa bandeira, não me interessa. Me enquadrar como gay seria confortável para o sistema. Que gay o caralho! Eu sou um ser humano”. A fala incomodou o cantor Johnny Hooker, que o criticou.

Caetano Veloso
Em 2015, o músico inglês Roger Waters, líder do Pink Floyd, se uniu ao movimento BDS – que apoiava boicotes, desinvestimentos e sanções ao governo israelense comandado por Benjamin Netanyahu –, como forma de protestar contra a violência direcionada pelo regime ao povo palestino. Waters escreveu uma carta para Caetano Veloso e Gilberto Gil para tentar dissuadi-los a se apresentar em Tel Aviv. Desmond Tutu, um dos heróis na luta pelo fim do Apartheid na África do Sul, endossou o pedido. Mas nada disso dissuadiu os baianos. Caetano escreveu uma carta para Waters reafirmando que iria a Israel.

Tom Zé
Ao estrelar um comercial da Coca-Cola para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, o mundo caiu sobre a cabeça de Tom Zé. Rapidamente, diversos seguidores começaram a apontar incoerências entre a participação e as críticas feitas durante a carreira às multinacionais. Foi, mais uma vez, em forma de música, que Tom Zé se defendeu. O episódio rendeu o EP “Tribunal do Feicebuqui”, com participações de Emicida, Tatá Aeroplano, Trupe Chá de Boldo, O Terno e a Filarmônica de Pasárgada. Na faixa “Papa Perdoa Tom Zé”, parceira com Tim Bernardes, o músico aborda diretamente a celeuma, sem largar de lado a ironia.

Foto: Globo/Reprodução.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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